Bem, os problemas do artigo são profundos e óbvios.
Mas mais importante é compreender que estes dados são rotineiramente apresentados sem as correcções dos impostos e transferências. E que o mesmo se passa com a pobreza, com a agravante de se apoiar num conceito de pobreza relativa altamente discutível.
De notar por fim que um aumento de desigualdade é uma consequência previsível de uma sociedade altamente produtiva em que uma parte significativa da população não está na posição de ver a sua própria produtividade acompanhar esse aumento geral de produtividade. Não significa isso que essa fatia da população esteja necessariamente mais pobre, pode significar somente que está a ficar mais rica mais devagar que os restantes.
É provável que à medida que exista um maior aproveitamento dos sistemas sociais da Escandinávia, este fenómeno se espalhe até aí (é um debate que já está a existir, já vi um proponente desses mesmos sistemas a dizer isso - que os sistemas existiam no pressuposto de as pessoas capazes de trabalharem e produzirem, o fazerem, e que crescentemente esse não é o caso. É um processo lento devido à cultura, mas que está a acontecer, nomeadamente com imigrantes - cuja cultura não é necessariamente a que existia no local).