Como também já disse, não sou em princípio contra a tua ideia de muitas destas coisas irem para sistemas de consignação. Isso merece debate.
Mas acho que há certas áreas que são essenciais e que, se ficassem dependentes da consignação, poderiam desaparecer de todo, pois ninguém pagaria. Exemplos são ciência, investigação tecnológica, arte, literatura, ciências sociais, humanidades. Estas coisas têm que existir e ser o melhor sucedidas possível em termos internacionais, sob pena de um país passar a ser um laughing stock ou chacota do mundo todo. De passar a ser considerado 3º mundo. Portugal já está na corda bamba nesse sentido.
O que farias com o sistema das bolsas de estudo para doutoramentos, mesmo em áreas científicas? Colocavas também à consignação? Com muito mais pessoas a doarem $$ para certas áreas do que para outras, ao sabor das modas mediáticas?
Estou ligado a comunidades científicas nas quais é normal um estudante receber uma bolsa do Estado - da FCT em Portugal. E o que é que o estudante produz? Ele é avaliado no seu doutoramento pelos papers e comunicações em conferência que publica. Esses papers contribuem muito para o prestígio do país. Bom, eu até prefiro exprimir doutra maneira: a existência desses papers contribui para que o prestígio do país seja algum em vez de uma desgraça, que era o que seria se não os nossos pesquisadores não publicassem papers.
Este benefício para o país é independente de o trabalho desenvolvido nesses papers vir ou não vir a ser útil para o desenvolvimento de alguma tecnologia ou patente. Isso será um beneficio adicional, mas só acontecerá com uma minoria deles. Para a maioria dos papers, o que eles fazem é contribuir para a formação da pessoa e para a imagem do país.
Nem quero acreditar no que sucederia a este sistema todo se passasse a depender de consignações voluntárias.