A Apple vítima de uma estratégia de pato bravopor raposotavaresbolsaemercados Janeiro 3, 2019
A Apple, é apontada pelo Jornal de Negócios como uma vítima da guerra comercial sino-americana. O articulista aventa a hipótese de esta situação poder impulsionar um acordo entre os dois países dada a importância da empresa americana…
Discordo.
Negociei no mundo da construção civil o tempo suficiente para:
1.- Acabar a minha moradia comprando eu os materiais e acordando o preço da mão de obra com antecedência.
2.- Aprender o significado da expressão ‘atirar o boné’ ao chão.
3.- Conhecer o significado da máxima ‘se soubesse o que vai na cabeça dos outros estava rico’.
4.- (Decorrente do ponto anterior) Não deixar transparecer nunca aquilo que nos deixa satisfeitos numa negociação.
5.- Falar com voz grossa e manter com calma alguma familiaridade com comportamentos manhosos (machismo, homofobia, xenofobia e o racismo) sem mostrar ponta de irritação.
6.- (Decorrente dos pontos 3, 4, 5, 6) ‘Cara de poker’, sempre.
Dito isto, fica claro que é necessário conhecer o mundo da construção civil para reconhecer a forma de negociar do Trump, reconhecendo, en passage, que o Trump, mesmo não tendo nascido na região de Tomar, é, e há de ser sempre, um magnífico e bem boçal pato bravo. Um espécime magnífico dessa maravilhosa família zoológica que tão bem tem substituído o azul dos céus e o verde da vegetação natural, por radiantes dourados e vigorosos cinzentos.
Apliquemos o que aprendi neste deslumbrante meio ao conflito comercial entre os Estados Unidos, dirigidos pela característica mãozinha papuda do pato Trump e a China do senhor Xi. (O Cook aqui, é uma atordoada vítima dos efeitos secundários que este, como qualquer conflito, causa em terceiros mais ou menos precavidos).
1.- Acabar a minha moradia comprando eu os materiais e acordando o preço da mão de obra com antecedência.O objetivo aqui não é acabar uma moradia. O objetivo dos americanos será estabelecer uma relação comercial mais sadia com a China e que respeite as diretivas da OMC. Uma coisa difícil e que nunca foi bem dirimida. Pior: esta possibilidade tem sido sabotada pela própria China e pela ambição desmedida das multinacionais europeias e americanas. Estas, a troco da venda imediata dos seus produtos e da miragem de lucros anuais (e pontuais) recordes têm deixado descurar a protecção da propriedade intelectual incorporada nos produtos vendidos.
2.- Aprender o significado da expressão ‘atirar o boné’ ao chão.‘Atirar o boné ao chão’ não é o mesmo do que atirar a toalha ao chão. O pato bravo, quando atira o boné ao chão, está a mostrar a sua mais profunda irritação com uma situação que lhe desagrada. Como não é um desportista, este gesto pode ser traduzido, mais ou menos, por um ‘porra! ou é como digo, ou não é!’ Ou seja: ‘Governar-me-ei bem com outros trabalhadores, com outros fornecedores, com outros contabilistas, com outros advogados…’
O Trump, neste sentido, já disse que prefere não ter acordo nenhum, a ter um acordos para imbecis, como são aqueles que, na sua opinião, os ‘States’ têm com a maioria dos países seus aliados, por exemplo.
3.- Conhecer o significado da máxima ‘se soubesse o que vai na cabeça dos outros estava rico’.Os chineses já começaram a sentir este problema. Segundo alguns analistas, o desconhecimento claro de todos os objetivos dos americanos deixa-os inseguros e titubeantes. Defendem-se atrasando as negociações.
Pessoalmente, resolveria o problema trocando os negociadores chineses. Parece-me que 10 patos bravos chineses conseguiriam melhores resultados do que um punhado de funcionários engravatados do PCC…
4.- (Decorrente do ponto anterior) Não deixar transparecer nunca aquilo que nos deixa satisfeitos numa negociação.Que mais se pode dizer?… Recordemos que o Trump já disse que gosta muito de taxas…
5.- Falar com voz grossa e manter com calma alguma familiaridade com comportamentos manhosos (machismo, homofobia, xenofobia e o racismo) sem mostrar ponta de irritação. Sempre. Tanto atrás de uns arrotos e de umas Sagres frescas, na tasca ou na cervejaria, como atrás de um teclado, twittando sentado na sanita.
6.- (Decorrente dos pontos 3, 4, 5, 6) ‘Cara de poker’, sempre.Já vocês viram a cara do Trump? Pronto.
Perante isto o que pode o Cook fazer? Nada.
O Cook e os mercados que esperem.
in:
https://raposotavaresbolsaemercados.wordpress.com/2019/01/03/a-apple-vitima-de-uma-estrategia-de-pato-bravo/