Há um mal entendido aqui. Eu não disse que as IT + Internet + robots poderiam substituir todo o trabalho criativo humano. [ ]
Realmente, é factual: se um dispositivo cibernético procedimenta uma sequência de actuações até aí desempenhadas por um trabalhador humano, é claro que a produtividade desse antigo trabalho vivo aumenta enormemente, desde que esse mecanismo trabalhe sem interrupção de energia e posto que isento de erros.
No entanto, esse robot tem de ser construído, e desgastar-se-á com o uso. Tal custo tem de reintegrar-se, para lá da normal manutenção do robot e o custeio de um standard de vida normal para os que engenham o tipo de programas substitutos de trabalho humano de rotina (o qual era primordial e sociologicamente desempenhado pelas classes médias).
O que me parece de enfatizar, nesta tendência para a robotização crescente de todas as rotinas de trabalho vivo, é a nova servidão que tenderá a prevalecer na maneira dos homens raciocinarem, agirem e inteligirem a realidade objectiva em sociedade.
É que a robotização 'congela', 'solidifica' os a acção em procedimentos fixos, rígidos, não simplesmente 'habituais', como no caso do trabalho manual, mas na alta precisão exacta de uma geometria sem desvios.
Ora, precisamente é isso mesmo que se pretende com a programação dos procedimentos.
Mas esse resultado não irá estiolar a motivação para o aprofundamento de detalhes, o esmero no aperfeiçoamento até à obra prima, a facilitação da indiferença pelo que nunca foi inventado, nem imaginado, pelo desconhecido
tout court?