Por se relacionar com o tema de redistribuir rendimento, a seguir transcrevo o que a socióloga Raquel Varela defendeu num programa de televisão - na esteira do pensamento de Thomas Pickety, bem como o comentário que me apraz acrescentar - na esteira do pensamento de John Rawls:
«Qual foi a parte da frase «nunca houve tanto dinheiro» que não perceberam?. Há 2 mil bilionários, o dobro do que havia; se se mantiver o valor de transferências de salários para concentração de capitais em rendas, títulos, etc. dentro de 5 anos haverá...3 mil bilionários. Não sou eu que o digo, é o Credit Suisse. Estes, os bilionários, são os que realmente decidem os destinos da produção mundial - são uma pequena fatia de outra pequena fatia, os 1% que detêm hoje 51% da riqueza mundial. Para se estar dentro dos 1% basta ser proprietário de um imóvel sem dívidas no centro de uma cidade europeia, ou seja, ter um património não endividado de 800 mil euros. Vivemos na barbárie. O capitalismo pós 45 tinha oferecido uma equação - desenvolvimento mais criação de emprego = bem estar. Ruiu. Tudo o que Marx sustentou está aí: pauperização geral; desemprego em massa; salários abaixo da reprodução biológica, proletarização dos sectores médios. E, crises de regime (ausência de estabilidade governativa) e, por último, mas não em último, revoluções.» (Raquel Varela)
eu: - Contudo, <criação de emprego> não pode significar mera criação de subemprego («desemprego oculto»). Os bilionários só se justificam se a pauperização decrescer, a sociedade se desenvolver. Tal não sucedendo, provado fica ser nocivo favorecer o enriquecimento que não contribui para o desenvolvimento das pessoas em cada sociedade. De modo que, a política tem de gerir desenvolvimento, contenção demográfica e preservação climática do meio ambiente.