http://economico.sapo.pt/noticias/nprint/212469Direitos TV do futebol português são os mais desiguais da Europa Diferença de nove vezes entre números para mais e menos bem pagos supera as 7,7 da Liga Espanhola. Renovação portista entre 2014 e 2018 valeu total de 82,8 milhões.
Dos cerca de 18 milhões de euros que o Porto recebe em direitos de transmissão televisiva - segundo as contas da época passada, enviadas à CMVM, foram quase 16 milhões, algo que tem a ver com acertos previstos no contrato - para os quase dois milhões que cabem a clubes como o Moreirense ou o Boavista há uma diferença de nove vezes em termos de valor. É esta discrepância que torna a Liga NOS a mais desigual da Europa. Isto tendo em conta que a realidade dos números em Espanha - a Liga mais desigual a seguir à portuguesa -, que está em vias de estabelecer a centralização dos direitos, corresponde a uma diferença de 7,7 vezes entre os clubes mais bem pagos (Real Madrid e Barcelona) e os últimos classificados.
Na Premier League, o rácio é de 1 para 1,5; no caso alemão chega a 2; em Itália, que negociou novos contratos até 2017 num valor global de 945 milhões anuais (572 da Sky e 373 milhões da Mediaset), na época passada o mais bem pago recebeu 5,25 vezes mais; os franceses estabeleceram contratos até 2020 por 726,5 milhões/ano e a relação é de 1 para 3,5.
A Liga e o possível modelo
Os clubes portugueses vão constituir, já em Março, um grupo de trabalho para discutir a centralização dos direitos, cuja entrada em vigor só poderá processar-se a partir de 2018, ano em que terminam os contratos actuais. A Comissão Executiva da Liga refere que, tratando-se de "uma questão estratégica", o modelo de centralização e respectivos critérios de repartição dos valores "estão em estudo na Comissão Permanente de Marketing e Comercial", visando uma solução mais justa "através do aumento das receitas televisivas" sem haver "período de transição previsto até 2018".
Os espanhóis pretendem negociar um modelo em que, do total próximo de 800 milhões, 10% ficariam para o escalão secundário. Os restantes 90%, de acordo com o diário "As", seriam distribuídos deste modo: 50% de maneira equitativa, 25% por desempenho desportivo e 25% em função da relevância social ou valor das receitas (neste último item nenhum clube teria direito a mais do que a quinta parte).
No modelo actual, Real e Barça recebem 7,7 vezes mais que os menos favorecidos. Javier Tebas, líder da Liga, pretende que a relação desça até 3,5 ou 4,5, ou seja, o último classificado não ficaria com menos de 40 milhões.
Foi esta ideia que, salvaguardadas as diferenças relativas a dimensão de mercado e critérios em equação, serviu de base para a proposta do anterior elenco directivo da Liga em Portugal: de um ‘bolo' geral de 140 milhões, 35% seriam distribuídos de forma igual, 25% resultariam da classificação na última época, 15% do total de títulos, 10% do número de participações, 10% das classificações relativas às cinco temporadas anteriores e 5% em função dos lugares obtidos desde o começo da Liga em 1934/35.