Percebo o argumento, e os contornos de como decidir. Porém, tem de ser-se pragmático e realista. Além da consulta a todos - iguais perante a lei, iguais em direito de serem todos humanos -, tem de atender-se aos mais sábios, prudentes e conhecedores de cada assunto. Não pode decidir-se por mera votação sem esclarecimento e debate entre os entendidos. Sem isso, a ciência não progride, as sociedades regridem. Por exemplo, no dia 1 e 2 de Novembro de 1755, em vez da choradeira pela desgraça dos mortos de Lisboa, Pombal decretou: «Enterrem-se os mortos, cuide-se dos vivos!» Se não o fizesse, determinadamente pela força, os reaccionários eclesiásticos nunca dispensariam uma data de meses de lamúria.