Agora , acho muita graça essa do tornar quem produz "escravo" dos que não produzem.
"A" ganha 1000 com o fruto do seu trabalho, "B" ganha 100, "C" não ganha nada porque não consegue encontrar trabalho.
"A" entrega por efeito de impostos 400 do seu rendimento ao estado. "B" entrega 10. "C" recebe não entrega nada e recebe 20. "A", "B" e "C" beneficiam de uma estrutura social de apoio que lhes disponibilisa educação, cuidados médicos e uma base para a reforma, caso pretendam optar pela sua utilização.
Onde está a escravatura?
A escravatura está em ser-se obrigado a trabalhar para o bem de outros (e não para o bem próprio ou da sociedade).
Vai aqui uma qualquer confusão (deliberada) sobre o significado do termo escravatura e sobre o exemplo prático que produzi.
Em primeiro lugar, "A" não é obrigado a trabalhar, trabalha de livre vontade (um argumento contra a forma como utilizas termo escravatura) e pode procurar outro trabalho, ou nenhum, se se sentir insatisfeito ou desmotivado. Recebe uma remunerção (dois argumentos contra) que corresponderá, em termos líquidos, àquilo que produziu (três argumentos contra). Trabalha acima de tudo para garantir o seu bem (quatro argumentos contra), embora
contribua também para o bem de outros. Ninguém o ameaça com quaquer castigo ou punição se não trabalhar (cinco argumentos contra). Não, por fim, há qualquer direito de propriedade, forçado ou de outro modo, sobre a sua pessoa (seis argumentos contra)
O que "A" está obrigado a fazer é a dispensar uma parte daquilo que
ganhou, através do trabalho que produziu, para melhorar as condições de vida dos mais desfavorecidos.
É uma ideia preversa considerar que aqueles que têm mais rendimentos, e que acumulam mais riqueza, são
escravos dos que têm menos, por efeitos da redistribuição social de rendimento.
Eu aceito impostos decididos democraticamente, se esses impostos forem justificados como destinados a melhorar a sociedade. Por exemplo, aceito pagar para construir um novo aeroporto. Posso discutir se é ou não necessário, mas, não havendo consenso, é uma decisão democrática.
Aceito tb gastos com educação, facilmente justificados como úteis para a sociedade. Mas existem gastos em que a única justificação é o bem de quem os recebe e não da sociedade (penso que consegues pensar em vários). Nesse caso, a contribuição deve ser voluntária.
Considero também que, tal como numa família em que quem ganha é que decide os gastos, numa sociedade quem paga impostos é que deve decidir como os gastar. Repara que nem todos as decisões seriam decididas por quem contribui. Todos poderiam decidir se o aborto é legal ou não. Mas quem paga decidiria quanto se gastaria em estradas, por exemplo.
Eu respeito este ponto de vista. Não concordo, mas respeito. Agora, essa da escravatura... é mesmo ridícula.