Está bem, a dificuldade está aí e é aliás inseparável do próprio capitalismo que emerge de outros modos de produção e de vida - agricultura, pastorícia, comunidades pesqueiras, artesanato, comunidades rurais, corporações de artes e ofícios, mosteiros, universidades, escribas e mestres de direito dos reis e seus oficiais de justiça, etc.,etc., - tudo diferente da dinâmica da poupança e do lucro, do aproveitamento económico do trabalho na produção mecânica, inteligente e científica de bens extraídos e transformados da natureza. O que imagino é que nunca vá ser possível deixar de viver em sistemas de economia dualista mais e menos capitalista, pré e pós-capitalista, porque o capitalismo fomenta e recria o ambiente em que prospera: o trabalho tem de render imenso para que a máquina se sustente de modo que cada um tem de viver com pouco e como a escravatura é proibida, o miserabilismo expande-se à lagardère dificultosamente distinto da condição de operário... e até os pequenos burgueses desatam a ter uma vida dura, pois já nem têm a família tradicional para lhes proporcionar conforto e comodidade gratuita de lar, antes tudo têm de pagar no comércio de mesa, cama, roupa lavada, gasolina, estacionamento, impostos é o menos, só veem o líquido, o imposto não lhes diz nada, greves de carris, comboio, metro, etc., etc. De modo que tudo se complica, mistura, e a economia paralela prosperará incontornável; o crime, também.