A Favor
* De forma genérica, ser mais fácil despedir baixa o risco de contratar. Sendo menos arriscado contratar para um mesmo retorno potencial, é de esperar maior contratação. Logo, sendo mais fácil despedir é de esperar a longo prazo um nível de emprego mais elevado.
* Ser mais fácil despedir significa que o nível de risco do empreendedor é mais baixo (pois pode variar mais facilmente a capacidade de produção e custo do seu empreendimento). O retorno do empreendedor ao longo dos ciclos também deverá ser mais elevado pois a empresa consegue adaptar mais facilmente a sua estrutura à estrutura adequada para cada momento, conseguindo apanhar melhor os ciclos elevados e evitar melhor os ciclos mais baixos. E o nível de risco do trabalhador é mais elevado (pois pode ser despedido mais facilmente, tanto devido a variações da procura como a outros factores). Ao aproximar o nível de risco do empreendedor e trabalhador, esta opção aumenta a atractividade de se ser empreendedor em vez de trabalhador. Uma maior tentativa de trabalhadores serem empreendedores leva a maior competitividade da economia, maior nível de emprego, mas curiosamente e potencialmente a menor retorno para os empreendedores (devido à maior concorrência). Em geral, deverá levar a maior emprego.
* Adicionalmente, sendo mais fácil despedir torna-se mais fácil ter trabalhadores mais eficientes e baratos na força de trabalho (simplesmente porque se pode despedir os menos eficientes ou menos baratos para um mesmo nível de eficiência). Isto resulta numa força de trabalho mais eficiente e mais barata. O que leva a empresas mais competitivas e lucrativas, logo mais capazes de expandir, e portanto, de contratar mais empregados. Também isto levará, a longo prazo, a um nível de emprego mais elevado.
* Por fim, empresas mais competitivas e lucrativas e níveis de emprego mais elevados, levam a longo prazo a níveis salariais mais elevados.
Contra
* Ser mais fácil despedir torna maior o risco para o trabalhador. A maior risco estarão associados maiores níveis de stress pois existe menor certeza sobre a fonte de rendimentos para o futuro. Isto é particularmente sentido na transição de uma sociedade onde existe um grande nível de segurança no emprego, para uma onde este não exista ou seja menor.
* Maior variabilidade do emprego, com um insight particularmente interessante no que toca ao investimento externo. A maior variabilidade do emprego resulta de que em ciclos maus e sendo despedir mais fácil, as empresas tenderão a despedir mais do que o fariam num ambiente onde despedir fosse mais difícil e caro. Isto é compensado por dois factores: passa-se mais tempo em ciclos bons do que maus, e na fase de contratar a contratação também é mais rápida.
* O insight quanto ao investimento externo. No momento de investir a facilidade em despedir será um factor positivo. No momento de despedir, porém, pode ser um factor negativo mesmo que existam outras vantagens competitivas. Porquê? Porque uma multinacional que esteja exposta à necessidade de despedir irá pesar não só a produtividade e custo das diversas alternativas, mas também o custo e facilidade de despedir! Daí resulta que um país onde seja particularmente fácil despedir pode ser escolhido para reduções mesmo que até tenha vantagens em todos os outros capítulos (selecção adversa)! Uma forma potencial de mitigar isto, seria ter regras de facilidade de despedimento diferentes consoante a dimensão das empresas envolvidas. Ou seja, maiores empresas teriam regras mais apertadas. Ter-se-iam as vantagens da facilidade em despedir em PME's até uma boa dimensão, mas estas facilidades seriam muito menores em grandes empresas. O investimento externo tende sempre a gerar grandes empresas, pelo que a sua selecção adversa neste tema ficaria mitigada.