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Autor Tópico: Stop Market Fees: Vamos acabar com esta assimetria e injustiça que prejudica tod  (Lida 7307 vezes)

Thorn Gilts

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http://www.associacaodeinvestidores.com/index.php/comunicados/comunicados-publicos/346-2016-01-07-09-25-45

Caro(a) Investidor(a),

As Bolsas cobram um custo pelas cotações em tempo real ("data feeds") aos investidores, quando esta informação, devido ao advento da tecnologia, é cada vez mais desactualizada quando chega ao investidor. Algumas instituições de "high frequency trading" realizam operações em apenas alguns milisegundos, pelo que muitas vezes o preço que chega ao investidor não é o mais verdadeiro.

Um mercado que se pretende eficiente e igual para todos não pode estar sujeito a assimetrias de informação, principalmente de preço, e as Bolsas devem actuar de forma imparcial. Todos precisamos de alterar esta situação imoral.

ATM - Associação de Investidores iniciou uma petição para acabar com a imoralidade da cobrança de comissões das Bolsas pela informação que devia ser pública e tendencialmente gratuita.

A negociação em bolsa vai tornar-se cada vez mais difícil por causa dos custos para obter cotações das empresas cotadas. Estes custos são cobrados aos intermediários financeiros em cascata e acabam por chegar inevitavelmente aos investidores.

A ATM defende veementemente  que as cotações das empresas cotadas devem ser consideradas um serviço público (constitucionalmente protegido) e não um produto que se tornou imoral. Ninguém paga para obter o preço de uma camisa para a poder comprar.

Por favor, assine a petição em www.stopmarketdatafees.com e vamos acabar com esta manifesta e ostensiva injustiça. Com 20 segundos do seu tempo assinar esta petiçção você pode ajudar a alterar esta situação imoral que a todos os investidores prejudica.

Se pretender ajudar um pouco mais por favor partilhe a petição nas suas redes sociais Facebook, Linkedin e Twitter.
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Mr. Medium Term Investor

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E isto quando não tens a própria reuters a vender informação (dados económicos por ex.) uns ms antes de ser comunicado para os investidores em geral.  :D

O conflito de interesses vai sempre existir. Não obstante, tens o meu apoio.

Em todo o caso, acho que estes tipo de custos vai ser cada vez mais espremido. O caso do Level2 (cofres) é um exemplo.
« Última modificação: 2016-01-07 10:09:47 por Mr. Medium Term Investor »

deMelo

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The Market is Rigged. Always.

Thorn Gilts

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O preço dos fees aumentou quase 200% nos últimos anos e o custo, esse, diminuiu
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Mystery

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"e o custo, esse, diminuiu"

explica
« Última modificação: 2016-01-07 20:55:19 por Kim Jong-Boom »
A fool with a tool is still a fool.

Thorn Gilts

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A tecnologia faz diminuir o custo para os exchange assim como às fusões que aconteceram.
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Thorn Gilts

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Se inicialmente se pensava que apenas os pequenos investidores seriam afetados negativamente por esta imposição injusta e economicamente irracional dos custos dos dados referidos, veja-se que até o próprio Banco de Portugal (BdP) se viu forçado a suspender a divulgação diária da taxa dos créditos habitação pela mesma razão.

A European Banking Federation, administradora das taxas Euribor e EONIA, deixou, desde 3 de Março de 2014, de dar o acesso livre às referidas taxas, passando a cobrar pelo acesso e divulgação das mesmas .

A relevância destas taxas é evidente para os detentores de contratos de crédito e novos contratantes.

Este novo ambiente representa várias e sérias ameaças em termos de competitividade dos intermediários financeiros e, pior, é suscetível de gerar assimetrias na informação de preços de mercado resultando em má formação dos mesmos e outras fricções prejudiciais ao funcionamento do mercado de capitais e à confiança juridico-economica dos seus participantes e utentes da informação.

Atualmente, os mercados são servidores localizados em “data centers”, o que permite a negociação de alta frequência (High Frequency Trading), que tem resultado em vários problemas e graves distorções do mercado (i.e. o flash crash de 6 de Maio de 2010 nos EUA ). Outro problema a registar são as conhecidas “dark pools”, que pela sua designação se entende logo o nível de opacidade desse tipo de negociação.

Perante isto, emerge logo a pergunta de como ainda pode existir uma negociação com estas características e tão prejudicial para o mercado e consequentemente para a economia. É um facto que os reguladores, em todo o mundo, nomeadamente o regulador português, têm sido muito críticos relativamente às “dark pools” e “flash orders”, mas nada têm conseguido fazer face aos lobbies instalados. Isto porque a maioria dos detentores de capital são instituições interessadas na negociação – o que nos dá noção dos interesses em jogo.

« Última modificação: 2016-01-11 15:13:02 por Thorn Gilts »
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Thorn Gilts

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A maioria das assinaturas são fora de Portugal, realmente vivemos num pais pequeno de mais para se preocupar com estas coisas.
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Thorn Gilts

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Já esta a chamar atenção dos media em Nova York - vai sair nas noticias.

Bruxelas respondeu hoje.

Curiosamente são mais os estrangeiros a assinar e a comentar do que portugueses.
« Última modificação: 2016-01-12 15:00:29 por Thorn Gilts »
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josh

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Pessoalmente não tenho nenhum problema em pagar um data feed.

Eu quero receber dados fidedignos em tempo real, e o que pago, o que a exchange me cobra por esse serviço serve para pagar toda a estrutura necessária para a transmissão desses dados (e claro, para os prémios anuais do CEO mas isso é uma outra historia :-X)

O que eu não concordo é ter que pagar varias vezes pelo mesmo serviço, isso sim é errado, é roubo.
Tenho conta em 2 corretoras, cada uma delas cobra-me $16 mês pelo acesso aos dados da CME em tempo real.
Tenho também um data feed externo (IQFeed) que também me cobra os tais $16 mês para os dados da CME.
Ou seja, pago $48 mês para ter acesso aos mesmos dados. Ridiculo.

A CME já tem os meus dados de como pago $16 mês pelos seus serviços. Porque razão tenho que pagar mais $32?
Eles cobram por ligação e como eu tenho 3 ligações, pago por cada uma delas. Ridiculo.

A comparação da compra de uma camisa com a compra de uma acção/futuro é algo demagogica.
Não se pode comparar o investimento brutal que uma exchange necessita de fazer anualmente em termos tecnologicos para que consiga entregar ao cliente um produto livre de erros e uma loja que investe num simples inventario de camisas que se não as vender este ano, pode vende-las para o ano que vem ou em saldos.

É errado pensar que a tecnologia faz baixar os custos. Quer dizer, sim, pode baixar os custos a longo prazo mas no curto prazo o investimento é brutal.
Eu quero ter acesso à mais recente tecnologia, quero ter cotações em tempo real fidedignas, sem delay (apesar de que neste departamento estamos também sempre dependentes do nosso internet provider) e não tenho qualquer problema em pagar por isso. Agora, ter que pagar o mesmo serviço varias vezes, como já referi, isso sim está mal. Deveria ser aqui que esta petição deveria focar-se e não nesta ideia de serviço gratuito.

Mystery

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as bolsas facilmente conseguem demonstrar que hoje tem mais custos com market data do que tinham a 5 anos atras. o volume de mensagens e simplesmente brutal

e menos receitas em trading para compensar esses custos, dai as receitas em market data representarem uma percentagem maior das receitas totais

aqueles clusters azuis que estao no website custam muito dinheiro a manter... idem para os cabos de fibra optica...

estas coisas nao se resolvem com campanhas a bloco de esquerda, mas sim com solucoes alternativas. por exemplo, o bats chi x tem solucoes mais baratas para quem nao precisa de cotacoes de fecho


« Última modificação: 2016-01-13 02:20:16 por Kim Jong-Boom »
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as bolsas facilmente conseguem demonstrar que hoje tem mais custos com market data do que tinham a 5 anos atras. o volume de mensagens e simplesmente brutal

e menos receitas em trading para compensar esses custos, dai as receitas em market data representarem uma percentagem maior das receitas totais

aqueles clusters azuis que estao no website custam muito dinheiro a manter... idem para os cabos de fibra optica...

estas coisas nao se resolvem com campanhas a bloco de esquerda, mas sim com soluções alternativas. por exemplo, o bats chi x tem solucoes mais baratas para quem nao precisa de cotacoes de fecho

Esta mais que provado que os custos desceram mas os preços aumentar... A TIR dos exchanges relativamente a estes serviços aumentaram muito e encontram-se a níveis que no âmbito da aferição da falta de concorrência já se demonstrou ser exagerada e ser sinal de distorção propiciada pelos monopólios.
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Pessoalmente não tenho nenhum problema em pagar um data feed.

Eu quero receber dados fidedignos em tempo real, e o que pago, o que a exchange me cobra por esse serviço serve para pagar toda a estrutura necessária para a transmissão desses dados (e claro, para os prémios anuais do CEO mas isso é uma outra historia :-X)

O que eu não concordo é ter que pagar varias vezes pelo mesmo serviço, isso sim é errado, é roubo.
Tenho conta em 2 corretoras, cada uma delas cobra-me $16 mês pelo acesso aos dados da CME em tempo real.
Tenho também um data feed externo (IQFeed) que também me cobra os tais $16 mês para os dados da CME.
Ou seja, pago $48 mês para ter acesso aos mesmos dados. Ridiculo.

A CME já tem os meus dados de como pago $16 mês pelos seus serviços. Porque razão tenho que pagar mais $32?
Eles cobram por ligação e como eu tenho 3 ligações, pago por cada uma delas. Ridiculo.

A comparação da compra de uma camisa com a compra de uma acção/futuro é algo demagogica.
Não se pode comparar o investimento brutal que uma exchange necessita de fazer anualmente em termos tecnologicos para que consiga entregar ao cliente um produto livre de erros e uma loja que investe num simples inventario de camisas que se não as vender este ano, pode vende-las para o ano que vem ou em saldos.

É errado pensar que a tecnologia faz baixar os custos. Quer dizer, sim, pode baixar os custos a longo prazo mas no curto prazo o investimento é brutal.
Eu quero ter acesso à mais recente tecnologia, quero ter cotações em tempo real fidedignas, sem delay (apesar de que neste departamento estamos também sempre dependentes do nosso internet provider) e não tenho qualquer problema em pagar por isso. Agora, ter que pagar o mesmo serviço varias vezes, como já referi, isso sim está mal. Deveria ser aqui que esta petição deveria focar-se e não nesta ideia de serviço gratuito.

O exchange oferece um serviço de intermediação se assim quisermos dizer e é nesse serviço que tem estar incluindo todos os custos, tal como uma loja que vende camisas, o preço esta na camisa e não naquilo que vai cobrar ao cliente para lhe dizer o preço da camisa. Não há demagogia na comparação pois é indiferente os custos e a dimensão que cada um tem para o caso em apreço.
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Thorn Gilts

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Talvez isto ajude a perceber melhor, é uma parte de uma longa carta sobre o tema:

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Se inicialmente se pensava que apenas os pequenos investidores seriam afetados negativamente por esta imposição injusta e economicamente irracional dos custos dos dados referidos, veja-se que até o próprio Banco de Portugal (BdP) se viu forçado a suspender a divulgação diária da taxa dos créditos habitação pela mesma razão.

A European Banking Federation, administradora das taxas Euribor e EONIA, deixou, desde 3 de Março de 2014, de dar o acesso livre às referidas taxas, passando a cobrar pelo acesso e divulgação das mesmas .

A relevância destas taxas é evidente para os detentores de contratos de crédito e novos contratantes.

Este novo ambiente representa várias e sérias ameaças em termos de competitividade dos intermediários financeiros e, pior, é suscetível de gerar assimetrias na informação de preços de mercado resultando em má formação dos mesmos e outras fricções prejudiciais ao funcionamento do mercado de capitais e à confiança juridico-economica dos seus participantes e utentes da informação.

Podemos dividir este tema em 4 eixos, como se segue:

1-   Direitos de autor e proteção das bases de dados

Atente-se a este respeito à diretiva 96/9/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 de Março de 1996, relativa à proteção jurídica das bases de dados, em que, sumariamente, a diretiva protege juridicamente as “bases de dados, seja qual for a forma de que estas se revistam” (cfr. artigo 1.º). Sendo entendido com base de dados, para efeitos da referida diretiva, “uma coletânea de obras, dados ou outros elementos independentes, dispostos de modo sistemático ou metódico e suscetíveis de acesso individual por meios eletrónicos ou outros”.

Convém desde logo ressalvar, porque é isento de dúvida, que as bases de dados referidas (“feed” de preços) não resultam de nenhuma criação intelectual específica da autoria das bolsas de valores porque a sua seleção ou disposição não se reveste de originalidade, inventividade e caráter único.

Ora, chegando aqui, podemos dizer que os dados sobre a oferta (ask), procura (bid) e preços formados (time & sales) pelos participantes do mercado devem ser considerados de domínio público e não, como acontece, propriedade das bolsas de valores e administradores de preços. Defendemos isso porque a oferta, procura e preços formados são feitos em nome dos participantes do mercado (público) e não das bolsas de valores ou administradores, por conseguinte podemos considerar que a base dados foi criada conjuntamente pelos vários participantes do mercado (aplicando-se o n.º 3 do Artigo 4.º da aludida diretiva).

Percebe-se então que o problema coloca-se, única e exclusivamente, ao nível do agrupamento de dados (a coletânea) de forma sistemática. Ou seja, a proteção referida protege a estrutura da base de dados, mas não os dados em si.

O preço efetuado em bolsa pode ser considerado como um produto de informação (offspring argument), criado, como já referido, pelos participantes no mercado e neste caso não protegido. Isto aconteceu com as empresas de telecomunicações em que os números de telefone foram considerados um offspring da sua atividade o que forçou a entrada de novos participantes e a baixa do preço.

No caso das bolsas a situação é mais grave porque preços e negociação formam-se de par em par e por tal não podem ser dissociados, o que origina mais uma razão para que a formação do preço seja do domínio público.

Assim, a propriedade dos dados de mercado, nessa ótica, e em particular o “feed” de preços do mercado, é matéria que atualmente deve ser discutida no âmbito da propriedade intelectual/direitos de autor, pois os referidos dados têm sido usados de forma abusiva e distorcida pelas bolsas de valores, mas, também e essencialmente, ao nível da concorrência.

2-   Concorrência

Atualmente, os mercados são servidores localizados em “data centers”, o que permite a negociação de alta frequência (High Frequency Trading), que tem resultado em vários problemas e graves distorções do mercado (i.e. o flash crash de 6 de Maio de 2010 nos EUA ). Outro problema a registar são as conhecidas “dark pools”, que pela sua designação se entende logo o nível de opacidade desse tipo de negociação.

Perante isto, emerge logo a pergunta de como ainda pode existir uma negociação com estas características e tão prejudicial para o mercado e consequentemente para a economia. É um facto que os reguladores, em todo o mundo, nomeadamente o regulador português, têm sido muito críticos relativamente às “dark pools” e “flash orders”, mas nada têm conseguido fazer face aos lobbies instalados. Isto porque a maioria dos detentores de capital são instituições interessadas na negociação – o que nos dá noção dos interesses em jogo.

É com estas entidades que as bolsas tradicionais têm que competir e é neste terreno que disputam a primazia. A dispersão de locais de negociação era um dos objetivos da Mifid de forma a promover a concorrência pelo “order flow”, tornando o mercado (e o preço de acesso ao mesmo) mais competitivo. Mas claramente não era intenção da Mifid originar situações distorcidas de concorrência como as que se verificam, resultando num abuso da situação de dependência das instituições mais pequenas.

A verdade, é que na discussão da Mifid existia a vontade de o preço das melhores intenções de venda e de compra, assim como os últimos preços realizados, fossem disponibilizados gratuitamente bem da transparência e simetria de informação do mercado. Vontade que, apesar de legítima e importante, não venceu.

Relativamente aos custos de produzir tal informação, vejamos:

Pode considerar-se que a agregação/grupagem das intenções de compra e venda e das ordens realizadas pelos participantes no mercado, apesar de não protegidas pelos direitos de autor (como já se viu não poder ser), mereçam proteção considerando, dentro do espirito da referido diretiva, “que o fabrico de uma base de dados exige o investimento de recursos humanos, técnicos e financeiros consideráveis, podendo-se copiar ou aceder a essas bases a um custo muito inferior ao de uma conceção autónoma de uma base de dados”.

Esse é ponto que nem está em discussão, porque o problema coloca-se ao nível da concorrência monopolista ou cartelizada, pelo menos face à inexistência de uma concorrência perfeita que permite distorções e o abuso da posição dominante que as bolsas detêm, na aceção do artigo 82.º CE (regulamentação sobre a concorrência).

A realidade é que as bolsas de valores e administradores de preços dos mercados financeiros e de capitais são verdadeiros monopólios e parecem estar em conluio na não divulgação dos preços gratuitamente (como era o espirito inicial da Midif) e têm suportado todas as decisões de subir os custos para os que dependem dessa informação e não têm outras alternativas - abusando da posição de domínio. As taxas internas de rentabilidade das bolsas resultante da disponibilização desta informação, indicam claramente uma situação de mercado de concorrência imperfeita (ou monopólio).

Parece claro ser dos interesses presentes a manutenção de “castas” entre os investidores, segregando os investidores em classe de:

Primeira, para aqueles que pagando verdadeiras fortunas fazem acordos especiais que lhes permite aceder a informação privilegiada sobre os preços e com isso operar “flash orders” (que constitui um “front running” ao mercado – no nosso entender criminoso)

Segunda, os que pagam pela informação de preços em tempo real, mas que na realidade não são preços em tempo real, considerando que os investidores de “primeira” conhecem esse preço antes de todos.

Terceira, aqueles que pagam pela informação de preços com desfasamento (muitas vezes de 15 minutos).

O artigo 86.º do aludido CE pode levar a restrições no entendimento da propriedade intelectual nos casos, como o presente, de abuso de poder.

3-   Consumidor

Os participantes do mercado, nomeadamente os investidores, são também eles consumidores de serviços, algo que se dispensa dissertar por ser pacificamente aceite.

Enquanto consumidores é exigido proteção.

Mas como se pode exigir proteção a um investidor que pretende vender ou comprar valores mobiliários, quando do não é informado do seu preço (apesar de participar na formação do mesmo).

A indústria financeira é a atividade que mais legislação tem sobre a necessidade de transparência e curiosamente é a única que obriga um pagamento desajustado (visando obter elevados lucros) pelo direito à informação do preço necessário para se poder fazer um juízo sobre o custo de negociar.

Trata-se pois, antes de mais, a um direito à simetria de informação entre os participantes de mercado, portanto, uma questão de transparência e impedimento do uso de informação privilegiada; direito que ao não ser garantido cria um mercado de ilusão.

Onerar de forma inaceitável (e sem justificação) os investidores (agora consumidores) ao exigir vantagens exageradas e completamente desproporcionais em relação a essa descoberta de preço, é uma violação dos direitos destes.

4-   Proteção dos investidores

Associado à proteção dos investidores, está desde logo associado um interesse púbico na defesa da confiança do mercado, necessária a captação da poupança para a economia.

A dificuldade da descoberta de preço a negociar um ativo, cria imediatamente mispricing de mercado (assunto exaustivamente tratado na literatura existente), o que acontece se os custos de acesso a tal informação forem elevados.

O mispricing tem consequências devastadoras, desde logo para os emitentes dos valores mobiliários e, inclusivamente, para toda a economia como um todo, considerando os vários vasos comunicantes afetados por este mispricing.

Por outro lado e derivado do High Frequency Trading (incluindo flash orders – que pode ser classificado como o crime de front running), só possível porque existe assimetria na informação de preços, onde os supostos preços em tempo real, na verdade não o são, pois certos participantes, com grande poder de compra, conseguem comprar a mesma informação com milésimas de segundos de antecedência à sua disponibilização ao mercado que lhes dá uma vantagem e cria a distorção e assimetria de informação (podendo mesmo ser entendido como acesso e uso de informação privilegiada – o que a ser assim constitui crime, com o qual as bolsas de valores compactuam.

Ou seja, a aplicação de preços de acesso a informação de preços de mercado que, impostos por uma posição dominante, não são minimamente justos, poderá vir a resultar em grandes distorções no mercado a vários níveis, dentro dos eixos referidos.

Apenas para ilustrar uma das pontas deste “iceberg”, veja-se que o aumento de custos para o utente da informação (investidores) não é acompanhado de qualquer contrapartida. Isto é mais evidente quando está a subscrever um preço que julga ser em tempo real, quando na realidade não é. Por outro lado, o utente da informação (investidor) que não paga pela informação de preço em tempo real desconhece que os intermediários financeiros (i.e. corretoras) são forçadas pelas Bolsas a pagarem pela informação (feed) do preço com um desfasamento de 15 a 20 minutos face ao preço real. Como é evidente, estes custos imputados aos intermediários financeiros terão de, uma ou outra forma, serem transferidos para os clientes destes, aumentando assim os custos de negociação. Mais caricato é que esse custo de negociação (em excesso) deriva da disponibilização da informação (de preço) que já é do domínio público. É legítimo vender informação pública sem qualquer valor acrescentado?

Sublinhe-se que este é um negócio que representa receitas para as bolsas superiores a mil milhões de dólares (cfr. Informação da federação internacional das bolsas). É esta área de negócio que deu cobertura ao HFT e é esta área de negócio que está a afastar investidores do mercado.

O preço é o elemento base do negócio em bolsa e o preço deveria ser obrigatoriamente difundido sem custos, como forma de incentivar o aumento dos volumes em bolsa permitindo um acesso mais informado ao mercado.

Por fim, é nossa firme convicção e opinião que um mercado integrado e global em que não existam custos no acesso à informação da formação de preços é necessário para o correto funcionamento do mesmo na ótica dos seus utilizadores, especialmente dos pequenos investidores, mas também como condição necessária para o aumento da concorrência nos serviços de intermediação financeira, facilitando o acesso de novos operadores ao mercado, desenvolvimento de novos produtos e maior capacidade de inovação.

Recorta-se com elevada nitescência que a autorregulação das bolsas de valores falhou no contexto do fornecimento da informação de preços, colocando em causa os interesses dos consumidores (investidores), de outros utilizadores e do próprio mercado e a sua não sujeição a mecanismos de regulação e governação que tenham em conta de forma adequada e transparente todos os interesses explica a escalada abusiva e desproporcional dos preços cobrados pelas bolsas de valores pelo acesso a tal informação.

O acesso a informação sobre os preços sem custos é de uma enorme importância económica e política, assente no princípio de que uma economia sem assimetrias de informação, mais inteligente e concorrencial permite uma utilização mais eficiente e inovadora dos recursos disponíveis. Tal objetivo só consegue ser atingido com a eliminação dos custos (resultado dos preços abusivos praticados pelas bolsas de valores) associados à informação de preços, o que este demonstrado ser apenas possível com o estabelecimento de regras nesse sentido.

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josh

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Eu tenho uma enorme dificuldade em aceitar que um serviço seja gratuito, seja ele qual for, publico ou privado.
Se fazemos uso desse serviço, deveremos ajudar a suportar os seus custos, seja o que for, saude, educação, estradas, corretoras, exchanges...

Obviamente que ha claros abusos, os HFT's e como eles fazem uso da velocidade, fazendo com que as suas ordens passem à frente de outras ordens com o apoio das exchanges... mas ha que realçar que esta situação é muito especifica ao mercado americano. Se não estou em erro há 12 ECN's nos EUA e a competição é enorme. Podemos comprar MSFT 1 centimo mais barato na BATS do que na ARCA. Esta diferença de spread é aproveitada ao máximo pelos HFT's.

Esta é uma das razões de eu apenas negociar futuros. Uma só exchange, todos os preços são centralizados ali e todos estão no mesmo barco, todos compram e vendem ao mesmo preço.

Mas vamos ser francos, o investidor standard pouco ou nada se interessa por isto.
Se eu quiser comprar acções para levar comigo durante 2 ou 3 semanas pouco me importa se pago 1 ou 2 centimos acima do mercado porque algum HFT passou à minha frente.
Por outro lado, se eu fizer scalping, ai sim as coisas mudam de figura pois 1 tick faz diferença pois nesse tick apenas tens a comissão de negociação paga e se o mercado não for além desse tick, ficas no limbo, ficas entre um trade positivo ou negativo.

Os HFT's podem ter criado alguns desiquilibrios mas eles não fazem nada que não seja feito à dezenas de anos, desde 1900's.
Os desiquilibrios foram gerados pela velocidade a que são feitas. Os desiquilibrios são gerados pois o mercado não se conseguiu adaptar a essa velocidade. Fala-se muito do spoofing mas isso sempre existiu, aliás o spoofing é uma das regras de ouro de um leilão ( sem spoofing não há leilão, não ha descoberta de preço) por isso é algo idiota estar a falar mal do spoofing. O problema, como já referido, é a velocidade a que ele é feito. Solução? O mercado tem que se adaptar.
Front running, sim, isso sim é crime, foi banido dos mercados, e habilmente os HFT's descobriram uma maneira muito subtil para o fazerem sem dar nas vistas. Agora que já foi descoberto, há que o limitar e mesmo proibir.

A IEX está a tentar resolver a situação com aquela historia de um delay de 300 milisegundos nas ordens mas isto é das coisas mais ridiculas que eu já ouvi. Qualquer investidor quando dá uma ordem quer que esta seja executada de imediato, lá está, não quer ser ultrapassado por ninguem.
Porque razão alguém envia uma ordem de compra/venda via IEX sabendo de antemão que quando a ordem chegar aos servidores vai sofrer um delay de 300 milisegundos? A IEX quer com isto acabar com a vantagem dos HFT's pois todas as ordens sofrem este delay. Isto é ridiculo pois as outras 12 exchanges não têm este tipo de delay.
O que a IEX quer é alterar as regras do jogo e fazer com que este delay seja implementado a todas as exchanges. Isto é ridiculo. Eu não quero que as minhas ordens sofram nenhum delay, eu quero que as minhas ordens sejam executadas no milisegundo em que entram nos servidores.

Se for necessário, eu pago para que a minha ordem seja executada sem delay. Ultrapassa-me como existe pessoas que concordam com este tipo de delay, que apoie a IEX.
Pelo menos a IEX ainda não é uma exchange per se. Fez entrar o pedido para se tornar numa mas ainda não está autorizada.






purehawk

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(...)


Descolando do assunto deste tópico... significa então:

Se os clientes recebem um serviço imaginário, que não existe "de facto" na realidade,
(mas os clientes não sabem que não existe "de facto"... chiiuuu, não digam nada!),
esse serviço não deve ser gratuito mas sim pago como qualquer "serviço normal".

Eu chamaria a esse "serviço imaginário" extorsão...
Custa-me a acreditar que o BdP não saiba.
No BdP devem estar mais preocupados em picar o ponto e receberem a mensalidade...

Estamos a falar de um "serviço imaginário" que dura há mais de 20 anos...
(insere-se na categoria dos "seja ele qual for")


    ;)

Mystery

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Esta mais que provado que os custos desceram mas os preços aumentar... A TIR dos exchanges relativamente a estes serviços aumentaram muito e encontram-se a níveis que no âmbito da aferição da falta de concorrência já se demonstrou ser exagerada e ser sinal de distorção propiciada pelos monopólios.

é certo mas as bolsas conseguem justificar porque é que aumentaram os preços e vocês estão a misturar alhos com bugalhos ao contestar que diferentes meios de acesso devem custar o mesmo - há uma diferença abismal entre o que são custos de licenciamento e custos de transmissão; e diferentes meios de transmissão têm custos diferentes e muitas vezes nem sequer estão relacionados com high frequency, por exemplo fibra optica é muito mais cara que transmissão por satélite, mas ha muito que se deixou de usar esta ultima porque quando está mau tempo há sempre interrupções nas comunicações.
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josh

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Se fazemos uso desse serviço, deveremos ajudar a suportar os seus custos, seja o que for, saude, educação, estradas, corretoras, exchanges...

(...)


Descolando do assunto deste tópico... significa então:

Se os clientes recebem um serviço imaginário, que não existe "de facto" na realidade,
(mas os clientes não sabem que não existe "de facto"... chiiuuu, não digam nada!),
esse serviço não deve ser gratuito mas sim pago como qualquer "serviço normal".

Eu chamaria a esse "serviço imaginário" extorsão...
Custa-me a acreditar que o BdP não saiba.
No BdP devem estar mais preocupados em picar o ponto e receberem a mensalidade...

Estamos a falar de um "serviço imaginário" que dura há mais de 20 anos...
(insere-se na categoria dos "seja ele qual for")


    ;)

dude, please...

Thorn Gilts

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Aqui estamos sempre a falar de licenciamento. Outra coisa é a venda por exemplo de grupagem de dados históricos e afins que sim devem ser cobrados outra coisa é o preço de mercado para realizar a transacção essa informação deve ser gratuita sendo que tal informação deve ter o seu custo incluindo nas transações.

Seria o mesmo que eu ter de pagar ao continente a tinta e o papel para anunciar os preços da fruta.
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Mystery

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Já percebi. A bolsa dá cotações à borla e depois os investidores vão a correr negociar em plataformas alternativas. É isso?  :D

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