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Autor Tópico: Incêndios  (Lida 58029 vezes)

Robusto

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Re: Incêndios
« Responder #520 em: 2018-01-29 19:32:58 »
É o velho problema da corrupção local. É um problema que está nos genes, é cultural.

Automek

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Re: Incêndios
« Responder #521 em: 2018-01-29 21:09:42 »
Este fim-de-semana aquando do congresso da associação nacional de freguesias, o presidente da república sugeriu dar-se mais poderes às autarquias acompanhados das devidas transferências financeiras. Isso a acontecer será uma tremenda maldade que se faz às populações do interior, colocá-las nas mãos de autarcas que na sua maioria não tem capacidade nem formação para gerir seja o que for, além de estarem rodeados por uma entourage de técnicos de qualidade duvidosa. Garanto-vos que um bom técnico não suporta a mediocridade de uma câmara do interior.

Sugiro que se dê uma vista de olhos pelas actas das reuniões de câmara e de alguns executivos de juntas de freguesia de autarquias do interior do país, muitas já publicam essa informação, e bem, nas suas páginas de internet. Se o presidente da república ler o que se por lá se discute e faz talvez mude de opinião, a bem dessas populações. Os autarcas e as autarquias fazem parte do problema, não têm massa crítica para sair dele, mesmo com despejos de dinheiro.

Antes de o estado central transferir competências, sejam elas quais forem, é necessário avaliar muito bem se a autarquia tem capacidade de receber essas competências, e depois de atribuídas será necessário um trabalho de fiscalização permanente.

Aqui há uns anos havia uma entidade chamada "Inspecção Geral das Autarquias Locais", que foi extinta por incomodar os presidentes de câmara. Hoje o presidente de câmara ou de junta faz o que bem entende, as oposições demitem-se das suas funções. Chega a haver reuniões de assembleias de freguesia em que só comparecem os membros do partido que elegeu o presidente. Como é isto possível? O presidente da assembleia não exige que estejam presentes todos os membros.

É a estas autarquias que se quer delegar mais poderes?

Já para não falar na hipótese de um presidente de câmara ou de junta embirrar com um munícipe ou um freguês. E estas situações não são assim tão raras, porque esta gente é de gancho. Atendem quem querem, respondem às solicitações que querem, amuam por tudo e por nada. Têm um comportamento primata.
Bom resumo. E como não são raras as vezes que têm maioria absoluta de vereadores, o escrutínio de um executivo camarário ainda é menor do que o um governo (desde logo pela exposição mediática muito menor, na melhor das hipóteses só do pasquim lá da terra, que até é capaz de precisar de alguma receita da câmara e, portanto, condicionado).

Smog

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Re: Incêndios
« Responder #522 em: 2018-01-29 21:35:06 »
Este fim-de-semana aquando do congresso da associação nacional de freguesias, o presidente da república sugeriu dar-se mais poderes às autarquias acompanhados das devidas transferências financeiras. Isso a acontecer será uma tremenda maldade que se faz às populações do interior, colocá-las nas mãos de autarcas que na sua maioria não tem capacidade nem formação para gerir seja o que for, além de estarem rodeados por uma entourage de técnicos de qualidade duvidosa. Garanto-vos que um bom técnico não suporta a mediocridade de uma câmara do interior.

Sugiro que se dê uma vista de olhos pelas actas das reuniões de câmara e de alguns executivos de juntas de freguesia de autarquias do interior do país, muitas já publicam essa informação, e bem, nas suas páginas de internet. Se o presidente da república ler o que se por lá se discute e faz talvez mude de opinião, a bem dessas populações. Os autarcas e as autarquias fazem parte do problema, não têm massa crítica para sair dele, mesmo com despejos de dinheiro.

Antes de o estado central transferir competências, sejam elas quais forem, é necessário avaliar muito bem se a autarquia tem capacidade de receber essas competências, e depois de atribuídas será necessário um trabalho de fiscalização permanente.

Aqui há uns anos havia uma entidade chamada "Inspecção Geral das Autarquias Locais", que foi extinta por incomodar os presidentes de câmara. Hoje o presidente de câmara ou de junta faz o que bem entende, as oposições demitem-se das suas funções. Chega a haver reuniões de assembleias de freguesia em que só comparecem os membros do partido que elegeu o presidente. Como é isto possível? O presidente da assembleia não exige que estejam presentes todos os membros.

É a estas autarquias que se quer delegar mais poderes?

Já para não falar na hipótese de um presidente de câmara ou de junta embirrar com um munícipe ou um freguês. E estas situações não são assim tão raras, porque esta gente é de gancho. Atendem quem querem, respondem às solicitações que querem, amuam por tudo e por nada. Têm um comportamento primata.
Bom resumo. E como não são raras as vezes que têm maioria absoluta de vereadores, o escrutínio de um executivo camarário ainda é menor do que o um governo (desde logo pela exposição mediática muito menor, na melhor das hipóteses só do pasquim lá da terra, que até é capaz de precisar de alguma receita da câmara e, portanto, condicionado).
transfiram esse discurso para a municipalização da Educação e Saúde. 8) >:(
wild and free

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Re: Incêndios
« Responder #523 em: 2018-01-30 09:41:22 »
Em termos de protecção civil é claro que estamos muito melhor com o serviço centralizado e os seus 114 mortos este ano.

A Inspecção Geral das Autarquias Locais passou a chamar-se Direcção Geral das Autarquias Locais, por isso não foi "extinta por incomodar os presidentes de câmara."

Em termos de municipalização da educação, o meu concelho está bem melhor que anteriormente. Com a qualidade da gestão centralista de Lisboa, as sanitas nem tampas tinham.

Claro com a excelente gestão centralista, os roubos ao SNS são inexistentes e temos uma saúde inigualável a nível nacional.

Em termos de contas públicas a gestão centralizadora é francamente melhor, ao representar a totalidade do défice público, enquanto que os miseráveis municípios têm apenas superavit.
 8)
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

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Re: Incêndios
« Responder #524 em: 2018-01-30 10:33:05 »
Em termos de protecção civil é claro que estamos muito melhor com o serviço centralizado e os seus 114 mortos este ano.
Esta parte tem muito que se lhe diga. Eu agora acho bizarro ver os municípios a gritarem contra a vontade do governo em cortar verbas, caso os municipios não limpem terrenos. O argumento dos municípios é fantástico: não se fez nada em 30 anos e agora o governo quer tudo feito de repente. Então não se fez nada em 30 anos, porquê ? Todos os terrenos eram de cadastro desconhecido ? Todos ? E, como eram desconhecidos, não se fazia nada ?
Todos sabemos porquê. Nenhum município queria andar a incomodar as pessoas, a passar coimas e a limpar terrenos, debitando depois o custo aos proprietários. Iria criar conflitos. Conflitos directos com eleitores. Nos municipios há um face a face. Eleitores - autarcas. Tudo o que for difícil ou custar votos é de evitar.

Nos municípios temos, em ponto pequeno, aquilo que temos ao nível do país.
Ora deixa cá ver quem são a maioria de eleitores.... são idosos ? Óptimo ! Toca de gastar dinheiro a levá-los à praia, nas excursões ou a organizar bailaricos. Falta dinheiro para o aquecimento na escola.... Epá, as crianças são poucas e os pais têm pouco peso como eleitores. Que se f*. A nível das autarquias amplia-se o pior que o país tem a nível nacional.

O estado, como um todo, simplesmente não funciona e não é por se meterem as coisas nas câmaras que vão passar a funcionar. Eu bem vejo nos três concelhos com que tenho contacto. Nem m* simples como passeios estragados, buracos na estrada ou contentores partidos conseguem tratar antes de meses depois da ocorrência reportada. Quanto mais coisas a sério.

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Re: Incêndios
« Responder #525 em: 2018-01-30 10:41:12 »
A nivel lucal o pais e uma venezuela nao tem e poder

se tivessem  eram como  pior lisboa  porque nao tem oposiçao que controle aquilo  nem jornais nem nada...
« Última modificação: 2018-01-30 10:50:22 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

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Re: Incêndios
« Responder #526 em: 2018-01-30 11:03:18 »
Em termos de protecção civil é claro que estamos muito melhor com o serviço centralizado e os seus 114 mortos este ano.
Esta parte tem muito que se lhe diga. Eu agora acho bizarro ver os municípios a gritarem contra a vontade do governo em cortar verbas, caso os municipios não limpem terrenos. O argumento dos municípios é fantástico: não se fez nada em 30 anos e agora o governo quer tudo feito de repente. Então não se fez nada em 30 anos, porquê ? Todos os terrenos eram de cadastro desconhecido ? Todos ? E, como eram desconhecidos, não se fazia nada ?
Todos sabemos porquê. Nenhum município queria andar a incomodar as pessoas, a passar coimas e a limpar terrenos, debitando depois o custo aos proprietários. Iria criar conflitos. Conflitos directos com eleitores. Nos municipios há um face a face. Eleitores - autarcas. Tudo o que for difícil ou custar votos é de evitar.

Nos municípios temos, em ponto pequeno, aquilo que temos ao nível do país.
Ora deixa cá ver quem são a maioria de eleitores.... são idosos ? Óptimo ! Toca de gastar dinheiro a levá-los à praia, nas excursões ou a organizar bailaricos. Falta dinheiro para o aquecimento na escola.... Epá, as crianças são poucas e os pais têm pouco peso como eleitores. Que se f*. A nível das autarquias amplia-se o pior que o país tem a nível nacional.

O estado, como um todo, simplesmente não funciona e não é por se meterem as coisas nas câmaras que vão passar a funcionar. Eu bem vejo nos três concelhos com que tenho contacto. Nem m* simples como passeios estragados, buracos na estrada ou contentores partidos conseguem tratar antes de meses depois da ocorrência reportada. Quanto mais coisas a sério.
No final junto uma imagem com a situação cadastral dos municípios portugueses.

Eu vivo no 4.º maior concelho do país. Tem 10 sapadores florestais. Achas que 10 sapadores conseguem manter todo o concelho limpo? Acho que deves concordar que não se consegue fazer num ano... Não me parece tão descabido assim.

Sobre a situação do desconhecimento posso indicar dois exemplos, um dos quais já aqui referi. O primeiro tinha a ver com a tentativa de registar um prédio que se encontrava omisso. Para tentar resolver a situação até se foi ao cemitério para saber o nome do doador do terreno (e mesmo dessa forma não foi possível registar). Outra situação tem a ver com o agravamento do IMI para os prédios devolutos. Para os identificar é necessário que que um funcionário vá procurar manualmente nos registos antigos das finanças para tentar encontrar os proprietários. É um trabalho muito moroso e sem garantias de sucesso. Isto não tem qualquer influência política, mas sim dificuldades técnicas.

A falta de aquecimento nas escolas, das notícias que conheço, são das escolas secundárias, geridas pelo governo central.

Quanto menor o nível de governação, mais possibilidades existem de colocar as coisas a funcionar. Por exemplo, ao nível da informação das contas os municípios são muito mais transparentes que outros níveis de governo, em grande parte influenciados pela opinião pública e os rankings de transparência criados para o efeito.
« Última modificação: 2018-01-30 11:04:04 por Local »
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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Re: Incêndios
« Responder #527 em: 2018-01-30 11:11:03 »
eles nao  tem e poder para serem grandes

mesmo assim no pouco que tem ja tem a fama de demorar a tapar um buraco..tipo esperar pelas elecoes seguintes :D


isto  politicos fazerem uma moda dar poder mais lucal e porque estado fica gordo na mesma....
« Última modificação: 2018-01-30 11:21:01 por Reg »
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Re: Incêndios
« Responder #528 em: 2018-01-30 11:39:49 »
No final junto uma imagem com a situação cadastral dos municípios portugueses.

Eu vivo no 4.º maior concelho do país. Tem 10 sapadores florestais. Achas que 10 sapadores conseguem manter todo o concelho limpo? Acho que deves concordar que não se consegue fazer num ano... Não me parece tão descabido assim.

Sobre a situação do desconhecimento posso indicar dois exemplos, um dos quais já aqui referi. O primeiro tinha a ver com a tentativa de registar um prédio que se encontrava omisso. Para tentar resolver a situação até se foi ao cemitério para saber o nome do doador do terreno (e mesmo dessa forma não foi possível registar). Outra situação tem a ver com o agravamento do IMI para os prédios devolutos. Para os identificar é necessário que que um funcionário vá procurar manualmente nos registos antigos das finanças para tentar encontrar os proprietários. É um trabalho muito moroso e sem garantias de sucesso. Isto não tem qualquer influência política, mas sim dificuldades técnicas.
Eu nem estava a falar nos terrenos públicos. Estava a referir-me a terrenos privados que os proprietários não limpam.
Tem de ser os sapadores a fazer ? A câmaras não podiam contratar empresas para fazer a limpeza e debitar o custo ao proprietário ? Se isso for possível não vejo porque é que não se fez (no futuro falam em ajustamentos directos, se necessário, mas para o passado não sei)

Em relação aos cadastros, eu vejo a GNR a aplicar os editais nos terrenos e não a notificarem pessoa a pessoa. Não sei se é forma de ultrapassar o problema. De qualquer das formas custa-me a aceitar que não se faz a limpeza de um terreno privado porque depois não se consegue identificar o terreno para debitar o custo. Dá a impressão que o final (débito do custo) é que condiciona a actuação inicial (se se limpa ou não). então se houver um perigo iminente para terceiros as câmaras não têm mecanismos para fazer nada só porque não sabem a quem pertence ?

O exemplo do aquecimento foi um exemplo. Pode ser isso ou outra coisa qualquer. O que interessa a um presidente da câmara é satisfazer os eleitores e marginalizar os que tiveram menos peso. Não é nada que os governos não façam mas é ampliado nos municípios.

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Re: Incêndios
« Responder #529 em: 2018-01-30 11:57:07 »
Dou-te então outro exemplo, relacionado com os incêndios.
Em 2003 houve um grande incêndio que passou pelo meu concelho. Dessa zona toda ardida, ouve uma que passou incólume, dado que o proprietário tinha feito a limpeza do seu terreno. Mas esse proprietário foi multado por não ter pedido permissão para limpar o terreno. E para que não existam dúvidas foi multado pela administração central.

Os ajustes directos penso que não poderão ser aplicados à limpeza das matas (mas também depende de cada município). Podem contratar empresas para fazer as limpezas dos terrenos, mas o custo iria disparar e a partir daí, depende da disponibilidade financeira de cada município.

A forma de notificar os proprietários não sei como se processa, mas no caso do IMI é imperioso a identificação matricial do prédio. Num caso de um imóvel que colocava em perigo outro adjacente, foi feita a notificação com a colocação do edital na porta, feita a obra pelo município e posteriormente foi cobrada ao proprietário.

Sobre esta afirmação:
Citar
O que interessa a um presidente da câmara é satisfazer os eleitores e marginalizar os que tiveram menos peso. Não é nada que os governos não façam mas é ampliado nos municípios.
Sinto exactamente o oposto. As populações que estão em Lisboa e Porto são, no meu entender, beneficiados pelo poder central. Só assim se explica que Lisboa continua a receber a maioria dos fundos comunitários (apesar de já não ter possibilidade teórica de as receber/receber menos). Outro caso recente tem a ver com o alojamento local, que só agora parece ser um problema porque está a sentir-se em Lisboa e Porto. O Algarve já vive com esta situação à muitas décadas e nunca foi sequer colocado como problema. Quanto mais perto das pessoas estiver o poder mais inclusivo é o mesmo.
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Re: Incêndios
« Responder #530 em: 2018-01-30 12:07:22 »
quem disse autarquias vao ser salvaçao do roubo da capital!

o mais certo e serem mais outras a roubar :-[
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Re: Incêndios
« Responder #531 em: 2018-01-30 12:12:43 »
Dou-te então outro exemplo, relacionado com os incêndios.
Em 2003 houve um grande incêndio que passou pelo meu concelho. Dessa zona toda ardida, ouve uma que passou incólume, dado que o proprietário tinha feito a limpeza do seu terreno. Mas esse proprietário foi multado por não ter pedido permissão para limpar o terreno. E para que não existam dúvidas foi multado pela administração central.
Mas isto não é exemplo para argumentar que a câmara funciona melhor, até porque o homem limpou os terrenos que é o que se pretende. A câmara não ia fazer nada.
É apenas uma bizarria da administração local, mas não a garantia de que a câmara é que funciona. Tanto mais que podemos ir por esse país fora e encontrar aberrações idênticas a nível local (ainda lá para cima meti aquela de amarante em que as pessoas, para denunciarem um terreno ao abandono, têm de pagar 10€ - aqui já é o poder local e não central).

Os ajustes directos penso que não poderão ser aplicados à limpeza das matas (mas também depende de cada município). Podem contratar empresas para fazer as limpezas dos terrenos, mas o custo iria disparar e a partir daí, depende da disponibilidade financeira de cada município.
Lá está. Agora a missão é dantesca porque, se calhar, pouco fizeram ao longo dos anos porque o dinheiro foi para as excursões dos velhinhos a Fátima e para os concertos da Ágata e do Emanuel que era o que dava votos.  :D

A forma de notificar os proprietários não sei como se processa, mas no caso do IMI é imperioso a identificação matricial do prédio. Num caso de um imóvel que colocava em perigo outro adjacente, foi feita a notificação com a colocação do edital na porta, feita a obra pelo município e posteriormente foi cobrada ao proprietário.
Ou seja, provavelmente é possível notificar um proprietário, via edital, para ele limpar e se não limpar limpa a camara e debita-lhe o custo. Sim, pode haver custos que levam tempo a ser ressarcidos, mas as câmaras provavelmente tinham forma de terem feito isto ao longo dos anos, sem ter de ser agora tudo de uma asssentada.


Sobre esta afirmação:
Citar
O que interessa a um presidente da câmara é satisfazer os eleitores e marginalizar os que tiveram menos peso. Não é nada que os governos não façam mas é ampliado nos municípios.
Sinto exactamente o oposto. As populações que estão em Lisboa e Porto são, no meu entender, beneficiados pelo poder central. Só assim se explica que Lisboa continua a receber a maioria dos fundos comunitários (apesar de já não ter possibilidade teórica de as receber/receber menos). Outro caso recente tem a ver com o alojamento local, que só agora parece ser um problema porque está a sentir-se em Lisboa e Porto. O Algarve já vive com esta situação à muitas décadas e nunca foi sequer colocado como problema. Quanto mais perto das pessoas estiver o poder mais inclusivo é o mesmo.
Também é preciso ver que os números dos fundos estão bastante influenciados pelas sedes sociais das empresas que se candidatam aos mesmos.
Se a Delta se candidatar a fundos vai parecer que Campo Maior é um açambarcador no alentejo inteiro...

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Re: Incêndios
« Responder #532 em: 2018-01-30 12:14:23 »
Em Amarante, para denunciar na câmara que um terreno que precise de ser limpo, o denunciante tem de pagar 10€.
https://www.rtp.pt/noticias/pais/denunciar-falta-de-limpeza-de-terrenos-da-origem-a-taxa-de-10-euros_v1054864

Eu inicialmente pensei que era uma história mal contada mas é incrível que na reportagem da RTP, mesmo já com a televisão envolvida (o que geralmente costuma reverter procedimentos estúpidos), a vereadora tem a lata de confirmar isso mesmo e que, naquele caso, se a pessoa não pagasse os 10€ não haveria reclamação e a câmara não actuaria.
Por acaso iria haver fiscalização mas isso foi porque outro vizinho pagou os 10€. Vale a pena escutar porque é surreal. A pessoa faz o favor de efectuar o trabalho de fiscalização da câmara e ainda tem de pagar para isso.

quem diz estes gaijos sao capazes do que seja

nisto quem faz fiscalizalçao ainda tem pagar 10 euros  por cada terreno

un gajo no norte pais tem para ai  8 ou 10  terrenos pequenos colados casa...... aquilo e assim...minifundio do mais pequeno existe

por 100 euros  dava trator  desenrascar aquilo da limpeza

isto basicamente e camara nao quer meter nariz nisto e diz desenrascarem sozinhos


governo gordo diz camaras para se  desemrascarem as camaras dizem donos casas para se desemrascarem e simples

no final ainda tem pagar imi, irs ivas taxas e taxinhas sustentar um estado gordo

como da para ver uma venezuela
« Última modificação: 2018-01-30 12:52:22 por Reg »
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Re: Incêndios
« Responder #533 em: 2018-01-30 13:29:37 »
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Citação de: Local em Hoje às 11:57:07
Dou-te então outro exemplo, relacionado com os incêndios.
Em 2003 houve um grande incêndio que passou pelo meu concelho. Dessa zona toda ardida, ouve uma que passou incólume, dado que o proprietário tinha feito a limpeza do seu terreno. Mas esse proprietário foi multado por não ter pedido permissão para limpar o terreno. E para que não existam dúvidas foi multado pela administração central.
Auto:
Mas isto não é exemplo para argumentar que a câmara funciona melhor, até porque o homem limpou os terrenos que é o que se pretende. A câmara não ia fazer nada.
É apenas uma bizarria da administração local, mas não a garantia de que a câmara é que funciona. Tanto mais que podemos ir por esse país fora e encontrar aberrações idênticas a nível local (ainda lá para cima meti aquela de amarante em que as pessoas, para denunciarem um terreno ao abandono, têm de pagar 10€ - aqui já é o poder local e não central).
Neste momento para se limpar o terreno tens que pedir a inúmeros institutos centrais. Neste caso caso é o ICNF mas penso que há casos que é o Ministério da Agricultura o responsável pelas coimas. A câmara não ía fazer nada porque não tem atribuições nessa matéria. O que se quer agora é que sejam as câmaras a ter essas atribuições.

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Citação de: Local em Hoje às 11:57:07
Os ajustes directos penso que não poderão ser aplicados à limpeza das matas (mas também depende de cada município). Podem contratar empresas para fazer as limpezas dos terrenos, mas o custo iria disparar e a partir daí, depende da disponibilidade financeira de cada município.
Auto:
Lá está. Agora a missão é dantesca porque, se calhar, pouco fizeram ao longo dos anos porque o dinheiro foi para as excursões dos velhinhos a Fátima e para os concertos da Ágata e do Emanuel que era o que dava votos.  :D
Não tenho dúvidas que Lisboa ou Porto não terá qualquer problema em proceder à limpeza dos terrenos. ;D Nesses casos são as próprias pessoas que pagam esses desvaneios. por exemplo, Portimão tem a taxa máxima de IMI e mesmo assim não aprendem. E, mais uma vez, a limpeza dos terrenos é, neste momento, atribuição da administração central.

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Citação de: Local em Hoje às 11:57:07
A forma de notificar os proprietários não sei como se processa, mas no caso do IMI é imperioso a identificação matricial do prédio. Num caso de um imóvel que colocava em perigo outro adjacente, foi feita a notificação com a colocação do edital na porta, feita a obra pelo município e posteriormente foi cobrada ao proprietário.
Auto:
Ou seja, provavelmente é possível notificar um proprietário, via edital, para ele limpar e se não limpar limpa a camara e debita-lhe o custo. Sim, pode haver custos que levam tempo a ser ressarcidos, mas as câmaras provavelmente tinham forma de terem feito isto ao longo dos anos, sem ter de ser agora tudo de uma asssentada.
Na notificação até posso aceitar, serem as câmaras a fazer já não, pelo que indiquei anteriormente.

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Citação de: Local em Hoje às 11:57:07
Sobre esta afirmação:
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O que interessa a um presidente da câmara é satisfazer os eleitores e marginalizar os que tiveram menos peso. Não é nada que os governos não façam mas é ampliado nos municípios.
Sinto exactamente o oposto. As populações que estão em Lisboa e Porto são, no meu entender, beneficiados pelo poder central. Só assim se explica que Lisboa continua a receber a maioria dos fundos comunitários (apesar de já não ter possibilidade teórica de as receber/receber menos). Outro caso recente tem a ver com o alojamento local, que só agora parece ser um problema porque está a sentir-se em Lisboa e Porto. O Algarve já vive com esta situação à muitas décadas e nunca foi sequer colocado como problema. Quanto mais perto das pessoas estiver o poder mais inclusivo é o mesmo.
Auto:
Também é preciso ver que os números dos fundos estão bastante influenciados pelas sedes sociais das empresas que se candidatam aos mesmos.
Se a Delta se candidatar a fundos vai parecer que Campo Maior é um açambarcador no alentejo inteiro...
referia-me a fundos públicos... Outro exemplo, aqui na minha cidade há uma muralha que ameaça ruir, a autarquia propôs-se a proceder à sua reparação, mas o ministério correspondente não o permite. Já tem uns anos em que a zona de perigo está apenas rodeada de baias.
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Re: Incêndios
« Responder #534 em: 2018-01-30 13:47:53 »
Nós podemos estar aqui com chery picking, contigo a pegar em casos em que a culpa é do estado central e eu a mostrar que as autarquias também têm muita ineficiência (ou pelo menos eu assim considero a quem oferece relógios de 800 euros:D

O que não faz sentido é dizer que agora não podem fazer as coisas porque há 30 anos que não se fez. A fiscalização dos terrenos particulares não era da responsabilidade do estado central, pois não ? Acho que não era um instituto qualquer que tinha de ir ver se o quintal do sr. Joaquim estava cheio de mato...

Quanto aos terrenos públicos, concordo que tem de haver tempo e dinheiro transferido para isso (mas assegurando que é gasto na limpeza e não em mais fogo de artifício no próximo fim de ano).

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Re: Incêndios
« Responder #535 em: 2018-01-30 14:34:02 »
A ineficiência de uma autarquia é inferior à da administração central, nem que seja pelo seu tamanho.

E tenho tentado (já reparei que mal) dizer que a responsabilidade de fiscalização é da administração central.
http://observador.pt/2017/06/28/camaras-com-competencias-para-defender-floresta-mas-quem-fiscaliza-a-limpeza-e-a-gnr/

Este regumento art.º 19 a 24.º refere as condições para a limpeza do terreno. Pode ser que seja igual a tantos outros. Lembro-me que, da última vez que fiz uma queimada, apenas necessitei de avisar os bombeiros.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Reg

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Re: Incêndios
« Responder #536 em: 2018-01-30 14:37:50 »
e o montepio tambem e da responsablidade  fiscalização do governo central

isso e mesmo dizer zero..

tambem nao era grande argumento a favor...
« Última modificação: 2018-01-30 14:42:13 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

Automek

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Re: Incêndios
« Responder #537 em: 2018-01-30 14:41:10 »
Isto é cómico... (tirado do artigo do Local).
É comissões, é planos, é articulação não-sei-do-quê, é apoio técnico,...
No final ninguém faz um car*, arde tudo e a missão é sacudir a culpa para o vizinho. Fdx
(Local, isto agora não é sobre o poder local ou central - é um desabafo do que é o país como um todo)

Citar
No âmbito da proteção florestal, em cada Câmara existe uma comissão municipal de defesa da floresta contra incêndios, que deve elaborar um plano para articular a atuação dos organismos com competências na defesa da floresta, no âmbito da área geográfica de cada município.

Cabe à Câmara executar este plano, que deve incluir o planeamento integrado das intervenções das diferentes entidades perante a ocorrência de incêndios, mas também projetos de investimento e medidas de prevenção e proteção da floresta contra incêndios.

Entre as atribuições municipais, a lei n.º 20/2009, de 12 de maio, estabelece a transferência para os municípios de competências no acompanhamento das políticas de fomento florestal e acompanhamento e prestação de informação no âmbito do apoio à floresta.

Os municípios devem também proceder ao registo cartográfico anual de todas as ações de gestão de combustíveis, atualizar a base de dados da Rede de Defesa da Floresta contra Incêndios, prestar apoio técnico na construção de caminhos rurais, elaborar as regras para licenciar queimadas e autorização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos.

Estas políticas de defesa da floresta têm de ser articuladas pelos municípios com outras estratégias nas áreas da proteção civil, educação e sensibilização da sociedade civil, sustentabilidade ambiental e fomento económico, realça a lei.
http://observador.pt/2017/06/28/camaras-com-competencias-para-defender-floresta-mas-quem-fiscaliza-a-limpeza-e-a-gnr/

Local

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Re: Incêndios
« Responder #538 em: 2018-01-30 14:43:14 »
Concordo contigo auto. A responsabilidade repartida leva à desresponsabilização.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

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Re: Incêndios
« Responder #539 em: 2018-01-30 20:47:05 »
Caro Local

A Inspecção Geral das Autarquias Locais (IGAL) foi extinta e a Direcção Geral das Autarquias Locais (DGAL) não a substitui. Aliás, a DGAL não responde directamente aos cidadadãos, é apenas um orgão consultivo do governo e dos autarcas. Com a extinção, a parte da fiscalização financeira das autarquias passou para a Inspecção Geral das Finanças, mas tudo o resto ficou sem fiscalização.

Deixo aqui a carta aberta de desabafo que o inspector da IGAL deixou aquando da extinção.

Citar
A EXTINÇÃO DA IGAL

Foi recentemente anunciada a extinção da IGAL.

Neste momento de crise, que para além de económica, ameaça ser também de valores sociais e até civilizacionais, todos os portugueses acharão bem que se extingam os outros sem se preocuparem com a racionalidade do acto em si (se o serviço público faz falta, se estava a trabalhar bem).

Apesar disso, porque não aceitamos derrotas de secretaria, não podemos deixar de apresentar, aqui, uma declaração pública final sobre o que, com o dinheiro de todos, fizemos na IGAL nos últimos anos.

A missão da IGAL consistia, essencialmente, em acautelar o cumprimento das leis por parte das autarquias locais.

Essa acção de fiscalização, incómoda para os fiscalizados, era feita através de inspecções de rotina às autarquias e através da análise de denúncias de cidadãos que sentiam os seus direitos atropelados pelas autarquias locais.

Com um campo tão vasto de acção, com tantos Concelhos e tantas Freguesias, com tantos atropelos à legalidade e com tão poucos inspectores, a IGAL não teve mãos a medir.

E amedrontou, até os poderosos!

De facto, pela calada, uma poderosa associação de autarcas, não encontrou outra solução, para perder o medo, que não fosse,

A Extinção da IGAL.

Em minha opinião, a IGAL vai fazer falta.

Ao longo dos últimos três anos, de forma abnegada, a IGAL procurou acautelar os direitos dos cidadãos em ordem a que, entre outros:

    Os caminhos não alargassem sobre os prédios dos "outros" e não encolhessem sob os prédios dos "amigos";
    Os "amigos" não construíssem um qualquer prédio e aos "outros" se "aplicasse a lei";
    As licenças públicas não tivessem que ser pagas, também, a privados;
    A que, nos ditos concurso de acesso a emprego nas autarquias locais, não ganhasse o "concorrente" que todos já conheciam;
    O dinheiro público não circulasse apenas dentro do mesmo círculo de interesses e entidades, num autêntico cerco ao dinheiro público, o que faz/ lembrar constantemente que: "Eles comem tudo e não deixam nada";
    Os jovens engenheiros, arquitectos, projectistas e outros profissionais tivessem livre acesso ao mercado da profissão e que este não fosse capturado por eleitos e outros profissionais das autarquias;
    As empresas pudessem concorrer em pé de igualdade sem se verem preteridas pelas empresas do "círculo de interesses", quando não dos próprios, das suas esposas e outros familiares e amigos.
    Os trabalhadores das autarquias exercessem as suas funções em consciência, sem servilismos e sem ilegalidades;
    O dinheiro público não fosse dispendido na aquisição de veículos de ostentação, em proveito próprio;
    As declarações de "caridadezinha" não proporcionassem a saída de dinheiros públicos para agremiações privadas, em proveito dos seus dirigentes;
    Os serviços públicos e privados, mas com dinheiro público, dedicados aos mais desprotegidos, entre eles os destinados aos nossos idosos (lares), não se destinassem apenas aos amigos do círcuio de interesses e aos cidadão dispostos a abdicar da sua cidadania.

Ao fazer isto, como compreenderão, a IGAL granjeou muitos "amigos".

Não nos vangloriamos de eficácia.

São públicos os atropelos de legalidade a que a IGAL não soube ou não pôde pôr cobro.

Atenta a escassez de recursos, foram muitas as vezes em que a IGAL teve de "esquecer" uma ilegalidade para acorrer a outra maior.

Aos muitos cidadãos a quem a IGAL não pôde assistir na defesa dos seus direitos não posso deixar de apresentar as minhas desculpas.

Tivesse eu outros meios que, em vez de desculpas, lhes exigiria reconhecimento!

A IGAL não trabalhou "contra" os eleitos locais nem contra os trabalhadores locais.

A IGAL trabalhou com uns e outros, com respeito, e por vezes, com admiração. Alguns fazem parte do nosso património público de boa consciência colectiva.

E muitos nomes me ocorrem.

Não os cito, mas guardo-os como conforto para as horas de ingratidão, como esta.

A esses, eleitos e funcionários, caberá agora assegurarem, sozinhos, o respeito pela cidadania que todos esperam das autarquias.

Afinal, são o poder mais perto de nós, cidadãos, e o poder é mau;

Quando mais perto de nós, pior!

Com o poder do "rei" podemos todos;

Está longe!

Por último, os funcionários da IGAL.

Aos funcionários da IGAL só exigi.

Estaria, agora, em condições de retribuir algo mas, a corrupção ganhou!

A todos, a minha profunda fé, em que: "quem faz bem não pode esperar mal".

Num serviço público não se deve esperar reconhecimento.

Mesmo que façamos para além do melhor, nas horas cruciais, só aparecerão os maldizentes.

Apesar disso, senhores funcionários da IGAL, os senhores só se poderão sentir bem.

Não lhes exigi para proveito pessoal, mas para o bem público.

E todos corresponderam, elevando para mais do dobro a "produtividade" da IGAL, reduzindo a despesa.

Estivéssemos nós num País de raiz empresarial anglo-saxónica e seriamos candidatos aos lugares cimeiros, como exemplo para os outros.

No nosso, por incómodos, fomos EXTINTOS!

Entre todos, não posso deixar de me dirigir aos inspectores da IGAL.

Os senhores ouviram de mim o que nunca tinham ouvido.

Foram sérios, honestos, humildes, abnegados, não cederam a promessas, peitas, pressões e outros expedientes.

Têm direito a serem respeitados, onde quer que estejam.

E sê-lo-ão!

Não quero terminar esta prestação final de contas, por parte da IGAL, sem dirigir uma palavra de apreço aos senhores jornalistas que prestam especial atenção à administração local.

Alguns dos senhores teriam lugar na IGAL, em qualquer orgão de polícia criminal, no Ministério Público e como juízes em qualquer Tribunal.

Ao longo de três anos li os vossos trabalhos.

Investigam, analisam, descrevem objectivamente,

PRESTAM SERVIÇO PÚBLICO.

Tal como a IGAL são, por vezes, incómodos, porque se aproximam da verdade.

Felizmente para todos nós não foram extintos.

Que não esmoreçam no vosso trabalho!

Termino com a esperança em que o espírito de serviço público da IGAL, que acompanhará cada um dos seus funcionários, para onde quer que vá, acabe po renascer, para bem de todos.

Aqui e agora nos despedimos.

A todos os cidadãos que ao longo destes três anos nos foram dispensando a sua atenção, lendo as matérias deste nosso sítio, apresento o meu

Bem Hajam!

Lisboa e IGAL, 20 de Setembro de 2011.

O Inspector-Geral

(Orlando dos Santos Nascimento)