Peço desculpa, Jsebastião.
Trata-se de uma leitura mais prática e didáctica d'"O Capital",
que imaginei em colaboração ou prefaciada pelo Louçã, mas não!
Folheei-a e li-a, parcialmente, há uns sete anos.
Fiquei preocupado com o que disse.
Tentei encontrar o livro.
Tive dificuldade.
Mas no fim, consegui.
É uma edição avante!, um manual escrito por um tal Jacques Gouverneur,
intitulado "Compreender a Economia" - Introdução à análise económica marxista do capitalismo contemporâneo.
Tem interesse. A análise não difere da que se aprende nas escolas capitalistas.
Apenas, salienta ou enfoca o sistema na base ricardiana do valor-trabalho.
Claro, há mais factores além do simples trabalho.
O que não é ignorado, nem por Marx.
A ciência, o conhecimento, a inteligência
diferenciam a produtividade do trabalho.
Tudo se polariza no factor técnico do capital
acumulado e aplicado na formação do valor.
O Livro III, - que não li ainda -:( -, ocupa-se
por certo da redistribuição capitalista do rendimento.
Depois de Smith, Malthus, Ricardo e Marx
terão emergido duas ou três estrelas:
Keynes, Schumpeter e (desastre) Friedman.
Keynes foi sabotado depois de Roosevelt
e Bretton Woods destituiu facetas nucleares
do projecto monetário de Keynes.
Schumpeter mostrou como parcial e localizadamente
haveria de combater-se o pessimismo rentista de David Ricardo.
A inovação científica e tecnológica aplicada na produção
é justamente premiada por sobrelucros de curto prazo,
que são o melhor incentivo à criatividade e
deslocam o espectro da estagnação capitalista.
Friedman com a sua liberdade monetária,
torna tudo num caos, mas há uma razão de fundo
na sua ideia: o dinheiro não pode ser um mero meio de troca
de bens; em si, o dinheiro tem de ser um bem ou ser considerado
como tal universalmente! Nada que Ricardo não defendesse, e justo,
incluía a movimentação do ouro reclamando no livre comércio internacional
a reversibilidade de saldos superavitários em deficitários e vice-versa.
Como isso foi mal regulado com o padrão-dólar,
Friedman teve razão ao propor uma forma de as fortunas
se subtraírem à manipulação arbitrária das moedas soberanas,
através da mobilidade de capitais, que é uma defesa à discricionariedade
dos que governam como soberanos.
Porém... tende a perder-se também a racionalidade económica
e a razoabilidade política; no fim, Malthus triunfará porque
num meio finito nenhum elemento pode crescer
in-finitamente, sem colapso do sistema,
e regrediremos ao perpétuo equilíbrio estático
dos Fisiocratas, que tudo fixam no recurso
limitado da Terra e sua fertilidade
recurso dos possidentes,
soberanos ou particulares...