A liberdade é incompatível com a igualdade. Se tens liberdade, terás desigualdade. Para te aproximares da igualdade terás que reduzir grandemente a liberdade. É como a mecânica quântica. Não poderás nunca saber com precisão a posição e a velocidade de uma partícula.
A liberdade é muito simples de defender. Todos podemos fazer o que quisermos, desde que não atentemos quanto à liberdade dos outros. É fácil defender os direitos negativos: direito a não ser morto, a não ser agredido, a não ser preso sem um julgamento justo, a não ser roubado.
A igualdade é algo utópico. Mas é óbvio que é adaptativo achar justo o que nos favorece, como tirar aos ricos (=aqueles que têm mais do que nós) para dar aos pobres. Contudo, se aquilo que os "ricos" têm é fruto de trabalho e ganho de forma honesta, não é justo que lhes seja tirado. Dizer que alguém que nasceu tem direito a que os outros trabalhem para si, é estranho. Os outros não foram responsáveis pelo seu nascimento e podem querer gastar o seu tempo e a sua energia noutras coisas.
Até o fascismo é mais fácil de defender do que a igualdade. No fascismo o que interessa é o grupo, o estado, a nação. Assim como num corpo, cada célula não interessa, o que interessa é o indivíduo. Para o fascismo, os direitos estão no estado, não no indivíduo.
E depois podes dizer: não existem direitos, a moral é relativa. Isto é simplesmente uma guerra de todos contra todos. Quem se preocupa com os outros é parvo. Numa população de "parvos", os burlões proliferam. Os retaliadores são importantes. Se tiveres alguns retaliadores (bastam uns 10 ou 20%), os burlões ficam pior pois os retaliadores são amigáveis para os "parvos" e lixados para os burlões. Existem modelos matemáticos muito interessantes sobre isto.