Curiosamente, o marco da união entre Escócia e Inglaterra foi pacífico: a união das coroas, de 1603, quando um beco dinástico sem saída levou o rei James VI da Escócia a se tornar, também, James I da Inglaterra. Os dois reinos mantiveram parlamentos, legislação e sistemas judiciários independentes.
James chegou ao trono com uma bagagem pesada. Era filho da rainha Mary, forçada a abdicar em favor dele com o pano de fundo do conflito entre protestantes e católicos. Mary entrou no imaginário popular como a “rainha decapitada”, uma beldade de longa cabeleira ruiva impiedosamente executada pela prima, Elizabeth I, convencida de que ela e o “partido dos católicos” conspiravam para derrubá-la.
Elizabeth nunca se casou nem teve filhos, o que ironicamente tornou James, o filho da mulher que ela havia mandado decapitar, o herdeiro dos dois tronos.
Alguns reis e uma revolução depois, em 1707, a união das coroas virou uma fusão política, com a Escócia absorvida no novo Reino da Grã-Bretanha, com a Inglaterra como potência dominante. Foi tão bem-sucedida que até hoje escoceses ilustres são confundidos com ingleses – para desespero dos locais.
A Inglaterra tem 56 milhões de habitantes e a Escócia, 5,5 milhões. O desequilíbrio é intrínseco