Acho que existem realidades diferentes, uma área metropolitana de Lisboa, que está absorver uma enormidade de crédito para a construção e obras públicas, e o resto do país. Bem, talvez a região do Algarve e o Porto estejam igualmente com uma dinâmica positiva, mas essas regiões não conheço.
Os jovens querem comprar casa, os mais velhos querem mais retorno e investem no imobiliário, existe muita liquidez e muitas casas desocupadas da anterior crise. Os vistos gold e os reformados europeus têm posto, também, muito dinheiro a circular.
Nas obras públicas, o efeito tem se sentido mais ao nível das autárquicas. Passaram os últimos 5 anos a desalavancar e a tratar das finanças, o que a juntar à liquidez de crédito e ao fundos europeus, fica-se com muita margem de manobra para se fazer obra nova.
O problema é que tipo de obra nova é esta, e aí parece que não aprendemos nada. Em vez de estarmos a investir em manutenção das infraestruturas básicas, tornando-as mais eficientes e com menor consumo energético, estamos a fazer obras novas e principalmente em espaço público, o que até é um bom investimento a nível do comércio/turismo/habitação, mas são espaços que requerem mais manutenção e gastos em espaço verdes. No futuro, se falhar o dinheiro teremos os antigos espaços públicos em péssimo estado e os recentes em mau estado. E continuaremos a precisar de manter a infraestrutura básica e essencial.
Diria que é mais do habitual. Provavelmente não será o actual mandato do governo a por o país de rastos outra vez, mas julgo que se não houver inversão de algumas políticas tal acabar por acontecer. Obviamente, que qualquer instabilidade internacional servirá de acelerante a outra crise profunda em Portugal.