O mercado é uma coisa simples. Pessoas a trocarem coisas, via compras e vendas. Uma opinião "contra o consumismo" é basicamente uma coisa estúpida, em termos económicos.
Mais, não existe tal coisa como uma "coisa inútil" economicamente. Se algo leva alguém a trocar voluntariamente algo, por mais inútil que possa parecer, ficam 2 ou mais pessoas satisfeitas e gerou-se actividade económica.
Muito pelo contrário, devido ao aumento constante da produtividade, vamos precisar de cada vez MAIS, não menos, "coisas inúteis" para suster a economia. Isto porque as mais óbvias, úteis e básicas são produzidas de forma cada vez mais eficiente, ocupando cada vez menos pessoas na sua produção. Tens que ter actividades novas, diferentes, a ocupar as pessoas que vão sendo libertadas.
Incognitus, não concordo mesmo nada com isso. Porque é que o aumento da produtividade leva a precisarmos cada vez mais de coisas inúteis? Porque é que o aumento de produtividade há-de levar a eu comprar mais t-shirts que antes? Porque é que há-de levar a eu mudar de telemóvel mais frequentemente, ou de televisão mais frequentemente, se teoricamente os produtos têm mais valor, e com isso, mais durabilidade? (Ambos sabemos que isto não é a realidade - mais uma distorção do mercado para venderem mais, as coisas parece que são feitas para durarem cada vez menos, e custarem cada vez mais, um total contra-senso) Porque é que o aumento da produtividade não leva as pessoas a ter mais tempo livre para os seus hobbies, para dedicarem ao lazer, à cultura, à criatividade, à vida familiar? Porque é que o aumento de produtividade há-de levar a que trabalhemos mais tempo, para ter mais dinheiro, para comprar mais coisas inúteis e ter menos tempo para as aproveitar, tornando-as ainda mais inúteis, até que morremos com um cancro qualquer?
Eu não vivo na bolha da ideologia do mercado, e que o mercado é rei e lei de tudo o que existe. Acho que é uma parte importante do funcionamento em sociedade, mas há coisas em que não é ético, a meu ver, seguir cegamente as leis do mercado. É como dizer que tudo tem um preço. Isso não é verdade, pelo menos para mim.
A questão da sustentabilidade ambiental é um assunto sério, porque senão a economia até pode crescer muito mas depois não há planeta para desfrutar dessa economia toda. Isto para não pegar nos casos de pura ética, tipo o colapso da fábrica do Bangladesh onde marcas de roupa barata, via empresários testas-de-ferro locais, exploravam os locais com a ajuda da diferença de poderio económico e riqueza ao pagar salários altos localmente, mas em miseravelmente baixos no país de origem da marca e em condições de trabalho impraticáveis noutros sítios menos pobres, e das questões morais que isso envolve.
A mim ensinaram-me de novo a ter em mente os 3 R's, de reduzir, reutilizar e reciclar. Também vais dizer que isto é uma sigla anti-economia?