Fernandes Tomás é um modo de exemplificar;
só há pouco tempo soube que no fim da vida
passou fome e nunca recebeu um tostão
no exercício da acção política. Quando
eu andava no liceu, calcorreava
a rua com o seu nome, mas
só o sabia Liberal de 1820.
Faz sentido evitar a miséria
de uma pessoa qualquer,
— estendo à ética a geometria :) —,
sem que isso me iniba
de apreciar a desigualdade
social causada pelo mérito
ou demérito de cada
cidadão particular.
Eu já tinha notado o teu argumento
da partilha de valores pelo livre
associativismo. Não discordo, claro.
Mas observo duas ou três coisas.
Como cidadão, espero que o estado
defenda a minha liberdade de:
entrar, estar e sair de qualquer
associação.
Espero, também, que o estado
ilegalize associações que violem
a lei da sua constituição política,
a qual é o melhor instrumento
de defesa anti-maioritário.
Já enfatizei o valor
da igualdade perante a lei;
apenas considero, além disso,
que o governante sábio,
deve ter mais arte
do que a simples lei escrita.
Se impotente para obviar
tout court à miséria
de eméritos cidadãos
da ciência e da cultura,
deve
liderar um golpe de estado
ou demitir-se.