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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3507651 vezes)

Zenith

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Re: Portugal falido
« Responder #3200 em: 2013-05-27 22:05:45 »
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Verdades incómodas

por JOÃO CÉSAR DAS NEVES

Existem algumas verdades sobre a crise que muitos tentam esconder. Elas perturbam o mito confortável de que as culpas pertencem a um grupo de malfeitores, quase todos políticos. O melhor é deixar as coisas como estão, pois assim todos podemos considerar-nos vítimas, sem arrependimento ou remorso. Recomenda-se então que não leia o resto deste texto, revelador de factos subversivos.
Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. Basta uma continha simples para perceber que a contribuição de uma pequena parcela do ordenado nunca permitiria vir a receber um montante quase igual a essa remuneração durante um período quase igual ao do desconto. Isto chama-se "crise da segurança social" e é tema de estudos e debates há décadas.
Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados. Desde 1974 que o nosso sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social.
Outro mito cómodo é o que diz que os direitos dos trabalhadores e o Estado social estão a ser desmantelados. De facto, os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores. Muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos. Além disso, a percentagem média de contratados a prazo é, desde 1983, quase 18%, ultimamente sempre acima dos 20%. Somando isto aos desempregados, inactivos, clandestinos, etc, vemos a larga privação dos supostos direitos. Os exageros das regulamentações neste campo são só benefícios que um grupo atribuiu a si mesmo. Como isso aumenta os custos do trabalho, prejudica fortemente o crescimento e o emprego, agravando as condições dos mais necessitados.
Quanto ao Estado social, ele teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento. Aproveitaram os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao rebentar a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram. Em todos os temas políticos, como no campo ambiental, esquecer a sustentabilidade é atentar contra aquilo mesmo que se diz defender.
Finalmente, no que toca à dívida, é importante considerar que a maior parte não é do Estado. As empresas estão descapitalizadas, as famílias endividadas, os bancos desequilibrados. Todos participámos da loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos. As maiores responsabilidades são dos dirigentes, mas o povo não foi só vítima inocente de uma festa de que gozou durante décadas.
A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura. Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável. Mas para isso Portugal não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações. Prudente é uma atitude serena e negociada, mostrando que es- tamos dispostos a assumir culpas e suportar sacrifícios, mas pedindo que se encontre um equilíbrio que, aliviando parte da carga, nos permita limpar o longo disparate e abrir um novo ciclo de progresso e prosperidade que beneficiará tanto credores como devedores.
Estas são algumas verdades do momento. Indiscutíveis, mas incómodas, que muitos preferem ignorar. Por isso foi avisado que não devia ler este texto.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3240900&seccao=Jo%E3o%20C%E9sar%20das%20Neves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=-1



Estive a fazer uma contas simples, considerando o valor de 34,75% sobre salario bruto de descontos para a segurança social.
Se fosse um sistema de capitalização pura e não houvesse despesas adcionais, e nas hipoteses seguintes
- salario sempre constante
- no periodo de reforma, pensionista recebe 60% do salario bruto (o que não deverá andar longe do salario liq que recebia)
então admitindo que os gestores conseguiam acompanhar a inflação, uma carreira contributiva de 40 anos dava para 23 anos de reforma, e se os gestores conseguisem 1% anuais acima da inflação daria para 30 anos.

Como a SS tem de pagar para doença e subsidios de desemprego se isso representar 50% das despesas, entao uma carreira de 40 anos só daria para 11 anos de reforma se gestores apenas conseguisem acompanhar a inflação e 13 anos se conseguissem bater a inflação em 1%.

Alguém sabe qual a % que serve para pagar as reformas?

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #3201 em: 2013-05-27 22:15:54 »
O valor é bastante superior a 50%, mas não tenho aqui o correcto.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Thunder

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Re: Portugal falido
« Responder #3202 em: 2013-05-27 22:17:38 »
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Verdades incómodas

por JOÃO CÉSAR DAS NEVES

Existem algumas verdades sobre a crise que muitos tentam esconder. Elas perturbam o mito confortável de que as culpas pertencem a um grupo de malfeitores, quase todos políticos. O melhor é deixar as coisas como estão, pois assim todos podemos considerar-nos vítimas, sem arrependimento ou remorso. Recomenda-se então que não leia o resto deste texto, revelador de factos subversivos.
Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. Basta uma continha simples para perceber que a contribuição de uma pequena parcela do ordenado nunca permitiria vir a receber um montante quase igual a essa remuneração durante um período quase igual ao do desconto. Isto chama-se "crise da segurança social" e é tema de estudos e debates há décadas.
Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados. Desde 1974 que o nosso sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social.
Outro mito cómodo é o que diz que os direitos dos trabalhadores e o Estado social estão a ser desmantelados. De facto, os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores. Muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos. Além disso, a percentagem média de contratados a prazo é, desde 1983, quase 18%, ultimamente sempre acima dos 20%. Somando isto aos desempregados, inactivos, clandestinos, etc, vemos a larga privação dos supostos direitos. Os exageros das regulamentações neste campo são só benefícios que um grupo atribuiu a si mesmo. Como isso aumenta os custos do trabalho, prejudica fortemente o crescimento e o emprego, agravando as condições dos mais necessitados.
Quanto ao Estado social, ele teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento. Aproveitaram os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao rebentar a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram. Em todos os temas políticos, como no campo ambiental, esquecer a sustentabilidade é atentar contra aquilo mesmo que se diz defender.
Finalmente, no que toca à dívida, é importante considerar que a maior parte não é do Estado. As empresas estão descapitalizadas, as famílias endividadas, os bancos desequilibrados. Todos participámos da loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos. As maiores responsabilidades são dos dirigentes, mas o povo não foi só vítima inocente de uma festa de que gozou durante décadas.
A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura. Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável. Mas para isso Portugal não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações. Prudente é uma atitude serena e negociada, mostrando que es- tamos dispostos a assumir culpas e suportar sacrifícios, mas pedindo que se encontre um equilíbrio que, aliviando parte da carga, nos permita limpar o longo disparate e abrir um novo ciclo de progresso e prosperidade que beneficiará tanto credores como devedores.
Estas são algumas verdades do momento. Indiscutíveis, mas incómodas, que muitos preferem ignorar. Por isso foi avisado que não devia ler este texto.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3240900&seccao=Jo%E3o%20C%E9sar%20das%20Neves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=-1



O homem está a levar porrada "de cima à baixo" na secção de comentários do DN.
Eu só consegui ler uns 10 à 15 posts, depois desliguei a ficha. Não é suportável ler tanta opinião sem o mínimo de fundamentação de base.
Como é que reformados à 100% do último salário (mais coisa menos coisa) podem dizer que são roubados!
Se calhar o ideal era recalcular o valor das suas reformas com os parâmetros "actuais".... se calhar alguns ficariam muito espantados com o valor final ....

Nullius in Verba
Divide et Impera
Não há almoços grátis
Facts do not cease to exist because they are ignored
Bulls make money, bears make money.... pigs get slaughtered

itg00022289

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Re: Portugal falido
« Responder #3203 em: 2013-05-27 22:44:34 »
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Existem algumas verdades sobre a crise que muitos tentam esconder. Elas perturbam o mito confortável de que as culpas pertencem a um grupo de malfeitores, quase todos políticos. O melhor é deixar as coisas como estão, pois assim todos podemos considerar-nos vítimas, sem arrependimento ou remorso. Recomenda-se então que não leia o resto deste texto, revelador de factos subversivos.
Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. Basta uma continha simples para perceber que a contribuição de uma pequena parcela do ordenado nunca permitiria vir a receber um montante quase igual a essa remuneração durante um período quase igual ao do desconto. Isto chama-se "crise da segurança social" e é tema de estudos e debates há décadas.
Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados. Desde 1974 que o nosso sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social.
Outro mito cómodo é o que diz que os direitos dos trabalhadores e o Estado social estão a ser desmantelados. De facto, os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores. Muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos. Além disso, a percentagem média de contratados a prazo é, desde 1983, quase 18%, ultimamente sempre acima dos 20%. Somando isto aos desempregados, inactivos, clandestinos, etc, vemos a larga privação dos supostos direitos. Os exageros das regulamentações neste campo são só benefícios que um grupo atribuiu a si mesmo. Como isso aumenta os custos do trabalho, prejudica fortemente o crescimento e o emprego, agravando as condições dos mais necessitados.
Quanto ao Estado social, ele teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento. Aproveitaram os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao rebentar a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram. Em todos os temas políticos, como no campo ambiental, esquecer a sustentabilidade é atentar contra aquilo mesmo que se diz defender.
Finalmente, no que toca à dívida, é importante considerar que a maior parte não é do Estado. As empresas estão descapitalizadas, as famílias endividadas, os bancos desequilibrados. Todos participámos da loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos. As maiores responsabilidades são dos dirigentes, mas o povo não foi só vítima inocente de uma festa de que gozou durante décadas.
A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura. Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável. Mas para isso Portugal não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações. Prudente é uma atitude serena e negociada, mostrando que es- tamos dispostos a assumir culpas e suportar sacrifícios, mas pedindo que se encontre um equilíbrio que, aliviando parte da carga, nos permita limpar o longo disparate e abrir um novo ciclo de progresso e prosperidade que beneficiará tanto credores como devedores.
Estas são algumas verdades do momento. Indiscutíveis, mas incómodas, que muitos preferem ignorar. Por isso foi avisado que não devia ler este texto.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3240900&seccao=Jo%E3o%20C%E9sar%20das%20Neves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=-1



O homem está a levar porrada "de cima à baixo" na secção de comentários do DN.
Eu só consegui ler uns 10 à 15 posts, depois desliguei a ficha. Não é suportável ler tanta opinião sem o mínimo de fundamentação de base.
Como é que reformados à 100% do último salário (mais coisa menos coisa) podem dizer que são roubados!
Se calhar o ideal era recalcular o valor das suas reformas com os parâmetros "actuais".... se calhar alguns ficariam muito espantados com o valor final ....


É assustador a quantidade de pessoas que se liga a "estórias da carochinha" e que a única racionalização que fazem é "porque estava na lei".
Com tanta gente comunista/socialista num país o que é de espantar é o tempo que o país demorou a rebentar.

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #3204 em: 2013-05-27 22:52:00 »
Por "demeritocracia" penso que queres dizer "a meritocracia aferida pelos outros".

Sim, porque o que tu estás a defender é que aquilo a que dás valor seja favorecido sobre aquilo que os outros dão valor. Porque se estivesses a defender que todos tivessem igual importância a estabelecer aquilo a que dão valor, então não terias que ser a favor de criar uma excepção para favorecer aquilo que te interessa a ti.

E claro, se se defende um sistema que pode favorecer uns sobre outros, depois só com grande sorte é que esse sistema acaba a favorecer quem tu queres. E aí acabas a berrar na rua, junto com milhares de outras pessoas, contra a "corrupção". Que, com as tuas opções, na realidade defendes...

Aquilo a que dou valor, prefiro-o ao dos outros, salvo se mudar de preferência. Todos têm direito a opinar sobre as concepções de vida e de gosto próprias e alheias, e a optar pelas que elejam. Eu não preconizo um sistema que defenda uns sobre os outros, mas sim um que defenda uns de outros. É por ver mais vulneráveis os de mente instruída e culta face ao pendor demagógico da classe popular, que defendo uma política social meritocrática.
« Última modificação: 2013-05-27 22:55:30 por vbm »

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #3205 em: 2013-05-27 23:40:07 »
Eu não preconizo um sistema que defenda uns sobre os outros, mas sim um que defenda uns de outros.
Mas não é isso que tens estado a defender. Repara que, quanto a ti, todos teríamos de contribuir para os tais artistas que tu aprecias. Ou seja, tu não me defendes de ti  ;) que me queres obrigar a contribuir por achares que aqueles artistas têm direito a algo que outros portugueses não têm.

É por ver mais vulneráveis os de mente instruída e culta face ao pendor demagógico da classe popular, que defendo uma política social meritocrática.
Se queres uma meritocracia tens de deixar as pessoas premiarem esse mérito voluntariamente e não compulsivamente. Ou seja, as pessoas têm de fazer algo que os outros queiram comprar.

bezanas

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Re: Portugal falido
« Responder #3206 em: 2013-05-28 09:26:51 »
tadinho du Ruy  :'(

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #3207 em: 2013-05-28 13:55:07 »
Eu não preconizo um sistema que defenda uns sobre os outros, mas sim um que defenda uns de outros.
Mas não é isso que tens estado a defender. Repara que, quanto a ti, todos teríamos de contribuir para os tais artistas que tu aprecias. Ou seja, tu não me defendes de ti  ;) que me queres obrigar a contribuir por achares que aqueles artistas têm direito a algo que outros portugueses não têm.

É por ver mais vulneráveis os de mente instruída e culta face ao pendor demagógico da classe popular, que defendo uma política social meritocrática.
Se queres uma meritocracia tens de deixar as pessoas premiarem esse mérito voluntariamente e não compulsivamente. Ou seja, as pessoas têm de fazer algo que os outros queiram comprar.

Obrigado, mek, por participares neste argumentado debate. Mas, não. Na verdade, o que tenho estado a defender é a essência da ideia de democracia: o respeito da opinião das minorias. O que, como é lógico, não significa dar-lhes razão, mas respeitá-los na sua vulnerável condição minoritária. E o meu ponto de partida é, de facto, a pressuposição de os homens cultos estarem vulgarmente nessa condição minoritária.

Também não é verdade que queira que todos contribuam para (o final de vida d')os “artistas” que eu aprecie. A minha posição é outra. Especifico-a:

i)   o estado deveria assegurar que os cidadãos notabilizados na arte, na ciência, na política, nas armas, não sucumbam na indigência material, subsidiando-lhes no final dos seus dias;
ii)   no caso de um cidadão aceder ao governo de um estado que não defenda a dignidade social dos seus cidadãos mais notáveis, a sua obrigação — na minha escala de valores — é insurgir-se contra tal injustiça, conseguir a sua remoção ou demitir-se; 
iii)   um não-governante terá a opinião que entender mas o meu aplauso vai para os valores que perfilho;
iv)   conceder ou não uma reforma condigna, — e superior à de calceteiros ou electricistas —, depende, num país democrata, de lei aprovada em parlamento eleito democraticamente, i.e., por maioria, e não da vontade de um qualquer cidadão individual ou grupo específico minoritário.

Por consequência, ninguém precisa de «se defender de mim», embora, se eu fosse governante, tivesse mais probabilidade de ver instaurada uma meritocracia, e terminada a actual demeritocracia de banqueiros, bancários e ex-deputados reformados com pensões douradas.


Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #3208 em: 2013-05-28 14:26:15 »
vbm, tu não queres uma meritocracia. Tu queres que o que apoias seja apoiado com carácter de lei - mais especificamente, queres que quem NÃO apoia o que tu queres que seja apoiado, seja obrigado a fazê-lo involuntariamente.

Queres exactamente o contrário de uma meritocracia.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #3209 em: 2013-05-28 14:28:38 »
O que, como é lógico, não significa dar-lhes razão, mas respeitá-los na sua vulnerável condição minoritária.

Mas há tantas minorias vbm... Certamente que o tipo que faz trabalhos com folhas de arvores ou outro que desenha em grãos de arroz também tem legitimidade para pedir um tratamento especial. Abres a porta a uma quantidade enorme de tratamento privilegiado ou, então, à arbitrariedade.


Também não é verdade que queira que todos contribuam para (o final de vida d')os “artistas” que eu aprecie. A minha posição é outra. Especifico-a:

Se queres que o estado assegure o que defendes então, por muito que te custe admitir, estás realmente a defender que TODOS, contribuam. O estado não é algo abstracto. O estado financia-se com os nossos impostos. Só seria verdade se defendesses aquilo que o Inc já referiu ou seja, que quem queira se organize voluntariamente e preste essa tal ajuda que tu entendes ser justa.


i)   o estado deveria assegurar que os cidadãos notabilizados na arte, na ciência, na política, nas armas, não sucumbam na indigência material, subsidiando-lhes no final dos seus dias;

Nos dias de hoje a parte da arte será a mais polémica (as outras, melhor ou pior, terão algumas reformas embora possam ser baixas). Ora, isto do notabilizado é muito relativo. Os D'zrts tiveram notoriedade, por exemplo, tal como a Soraia Chaves. Idem, claro está, para o Ruy de Carvalho. Definir isso em lei é dificil e cais na arbitrariedade (vamos fazer uma linha telefónica 707 para definir quem deve ter direito a apoio ?  ;))

ii)   no caso de um cidadão aceder ao governo de um estado que não defenda a dignidade social dos seus cidadãos mais notáveis, a sua obrigação — na minha escala de valores — é insurgir-se contra tal injustiça, conseguir a sua remoção ou demitir-se; 
Bom, mas isso é um principio geral. Agora porquê os artistas e não o tipo que se dedicou toda a vida a desenhar em grãos de arroz e que chegou ao final sem uma reforma ?


Por consequência, ninguém precisa de «se defender de mim», embora, se eu fosse governante, tivesse mais probabilidade de ver instaurada uma meritocracia, e terminada a actual demeritocracia de banqueiros, bancários e ex-deputados reformados com pensões douradas.
Dois errados não fazem um certo  ;)

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #3210 em: 2013-05-28 16:32:58 »
Boas objecções, Mek.

Telegraficamente,

— O artista de papiro ou o do grão de arrôz não correspondem a uma notoriedade relevante no plano cívico da vida social. Remeto o cuidado pelos seus últimos dias às tais associações voluntárias a que o Inc. alude.

— Sim, proponho que os cidadãos notáveis, se outra não tiverem, beneficiem de uma reforma modesta, mas digna, paga pelos contribuintes, segundo lei aprovada.

— De facto, das notabilidades da ciência, política, armas e artes, os desta última serão os de reforma mais problemática. Mas eu preciso de ser interpretado habilmente no que defendo. Nem reconheço a Soraia Chaves se a vir, nem gosto do Ruy de Carvalho, nem conheço as sinfonias do Victorino d’Almeida, nem nunca li nenhum livro seu. No geral, concordo convosco: eles que se cuidem, na sua vida económica e das artes. No geral, presumo, eles podem beneficiar do esquema da segurança social, e porventura de outros corporativismos artísticos. Mas, um ministro de assuntos sociais deve zelar para que tal classe não fique menos protegida socialmente do que as de carreira profissional mais regular e rotineira.

— Eu não tenho é a competência suficiente de exprimir exactamente o que quero dizer; mas tento ainda: um governante sábio, por certo obedece à lei, mas mais do que ater-se a cumpri-la, intervém na realidade social criando mais justiça e bem-estar colectivo. Nessa missão, é intolerável que um cidadão ilustre acabe os seus dias em estado de necessidade material. Pelo que, ou se demite ou põe os contribuintes a pagar-lhe uma reforma digna.

— Embora dois erros não formem uma verdade, nada impede deles extrair logicamente uma verdade. Só da verdade, nenhum erro se extrai. :)

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #3211 em: 2013-05-28 16:44:25 »
vbm, tu não queres uma meritocracia. Tu queres que o que apoias seja apoiado com carácter de lei - mais especificamente, queres que quem NÃO apoia o que tu queres que seja apoiado, seja obrigado a fazê-lo involuntariamente.

Queres exactamente o contrário de uma meritocracia.

Incognitus,

Eu preciso de ser interpretado habilmente
para que o que tu observas se torne impertinente.

Ou como, uma vez, ouvi o João Salgueiro
a dizer do engº Henrique Neto, na sua presença:

— O engº Henrique Neto normalmente discorda de mim
porque não concorda com aquilo que eu não disse! :)

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #3212 em: 2013-05-28 16:59:00 »
— O artista de papiro ou o do grão de arrôz não correspondem a uma notoriedade relevante no plano cívico da vida social. Remeto o cuidado pelos seus últimos dias às tais associações voluntárias a que o Inc. alude.
Cá está a arbitrariedade que tens negado sistematicamente. O cidadão de primeira (artista de teatro) e o de segunda (artista do arroz). Para ti o artista de teatro tem mais valor do que o artista do arroz. É uma arbitrariedade tua.

— Sim, proponho que os cidadãos notáveis, se outra não tiverem, beneficiem de uma reforma modesta, mas digna, paga pelos contribuintes, segundo lei aprovada.
OK, então, se for um tratamento especial, e não as regras normais da SS, acaba por não ser voluntária. Há pessoas obrigadas a contribuir para isto, o que é algo que inicialmente negavas.

Mas, um ministro de assuntos sociais deve zelar para que tal classe não fique menos protegida socialmente do que as de carreira profissional mais regular e rotineira.
Há uma diferença entre ter as mesmas regras dos outros (ninguém colocou isso em causa) do que ter regras especiais, diferentes dos outros. As primeiras são inquestionáveis. As segundas são imorais.

Nessa missão, é intolerável que um cidadão ilustre acabe os seus dias em estado de necessidade material. Pelo que, ou se demite ou põe os contribuintes a pagar-lhe uma reforma digna.
Bem, primeiro tínhamos de definir o que é alguém ilustre. O José Castelo Branco é ilustre ?  ;)
Depois, ao definir um tratamento especial de alguém abres a porta à total arbitrariedade. Deixar nas mãos dos governantes, como defendes, dá na política de subsídios arbitrária que se vê muito em Portugal

amsf

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Re: Portugal falido
« Responder #3213 em: 2013-05-28 18:17:08 »
Parece-me que o VBM já aprendeu umas coisinhas com este diálogo e simplesmente não o consegue reconhecer...perante si mesmo.

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #3214 em: 2013-05-28 22:25:13 »
Parece-me que o VBM já aprendeu umas coisinhas com este diálogo simplesmente não o consegue reconhecer...perante si mesmo.

Os meus "opositores" ainda não perceberam que a obrigação dos contribuintes pagarem a reforma de cidadãos ilustres caídos na indigência material decorrerá, eventual e simplesmente, da lei que o permita.

Portanto, não há aritrariedade nenhuma, mas simplesmente, cumprimento da lei. O governante justo zela por que a lei se cumpra, sem mesquinhez, e sem se enredar em pseudo indistinções entre artífices de tempos livres e notáveis cidadãos de um república.

Especificamente, se um governante tiver de renunciar a um tal alvo de sageza e justiça, deve, na minha escala de valores, demitir-se propalando porquê. Um não-governante, esse que pense o que entender, enleie-se obscuramente na indistinção entre amadores e criadores de beleza e ciência ou, como alguns de nós, prefira a cristalina distinção social do mérito sobre a rotina vulgar da existência.


Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #3215 em: 2013-05-28 22:37:41 »
Defender-se uma tal lei é defender-se a arbitrariedade, o favorecer uns espetando com o custo noutros, etc.

Enfim, é como é, Portugal é assim e a desgraça que vemos vem de esta forma de pensar estar completamente espalhada. É claro que ninguém pensa que por defender tirar-se a todos para dar aos artistas, está simultaneamente a validar tirar-se a todos para dar ao Dias Loureiro ou outro qualquer assim - não se dão conta de que advogam precisamente essa possibilidade, porque só concebem usar o Estado para tirar recursos aos outros e os canalizar para as SUAS opções ... não conseguem imaginar os outros a fazerem exactamente o mesmo.

É complexo.
« Última modificação: 2013-05-28 22:38:25 por Incognitus »
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Re: Portugal falido
« Responder #3216 em: 2013-05-28 22:55:39 »
Tu na prática defendes que a lei diga algo "um artista com um elevado grau de notoriedade deve receber uma reforma". E, depois, como está na lei é apenas a aplicação da lei e lavas daí as mãos.

O problema é que esse conceito de notoriedade (ou o que lhe queiras chamar) não é passível de ser definido sem arbitrariedade. Haverá sempre alguém a dizer que o Ruy de Carvalho merece mas a Soraia Chaves não merece, que o Nicolau Breyner merece mas que Joaquim Monchique não merece.

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Re: Portugal falido
« Responder #3217 em: 2013-05-28 23:04:30 »
Eu acho que os gajos com websites com mais de 2000 visitantes únicos por dia deviam receber 5000 euros por mês do povo. Com carácter de obrigatoriedade, porque as novas tecnologias são uma coisa importante e não as podemos descurar só porque o mercado mesquinho não se chega à frente. É importante.
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Re: Portugal falido
« Responder #3218 em: 2013-05-28 23:17:15 »
Isso não é nada comparado com os clubes de xadrez que tenham inscritos mais de 50 jovens. Tu já viste o desenvolvimento intelectual e o melhor aproveitamento escolar que daí vem ? No mínimo 100 euros por cabeça para despesas com professores, material diverso, aquisição de livros, etc.

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Re: Portugal falido
« Responder #3219 em: 2013-05-28 23:22:36 »
Também se justificava um apoio para quem leve o nome de Portugal lá fora, por exemplo, sei lá, escrevendo nos novos media. Sim, isto é importante, não se pode deixar que o mercado mesquinho se contenha onde é preciso claramente um incentivo mais.

Isso e umas bastonadas em quem se recusasse, por vezes há resistências inqualificáveis, as pessoas são muito egoístas.
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