Eu não preconizo um sistema que defenda uns sobre os outros, mas sim um que defenda uns de outros.
Mas não é isso que tens estado a defender. Repara que, quanto a ti, todos teríamos de contribuir para os tais artistas que tu aprecias. Ou seja, tu não me defendes de ti ;) que me queres obrigar a contribuir por achares que aqueles artistas têm direito a algo que outros portugueses não têm.
É por ver mais vulneráveis os de mente instruída e culta face ao pendor demagógico da classe popular, que defendo uma política social meritocrática.
Se queres uma meritocracia tens de deixar as pessoas premiarem esse mérito voluntariamente e não compulsivamente. Ou seja, as pessoas têm de fazer algo que os outros queiram comprar.
Obrigado, mek, por participares neste argumentado debate. Mas, não. Na verdade, o que tenho estado a defender é a
essência da ideia de democracia:
o respeito da opinião das minorias. O que, como é lógico, não significa dar-lhes razão, mas respeitá-los na sua vulnerável condição minoritária. E o meu ponto de partida é, de facto, a pressuposição de os homens cultos estarem vulgarmente nessa condição minoritária.
Também não é verdade que queira que todos contribuam para (o final de vida d')os “artistas” que eu aprecie. A minha posição é outra. Especifico-a:
i) o estado deveria assegurar que os cidadãos notabilizados na arte, na ciência, na política, nas armas, não sucumbam na indigência material, subsidiando-lhes no final dos seus dias;
ii) no caso de um cidadão aceder ao governo de um estado que não defenda a dignidade social dos seus cidadãos mais notáveis, a sua obrigação — na minha escala de valores — é insurgir-se contra tal injustiça, conseguir a sua remoção ou demitir-se;
iii) um não-governante terá a opinião que entender mas o meu aplauso vai para os valores que perfilho;
iv) conceder ou não uma reforma condigna, — e superior à de calceteiros ou electricistas —, depende, num país democrata, de lei aprovada em parlamento eleito democraticamente, i.e., por maioria, e não da vontade de um qualquer cidadão individual ou grupo específico minoritário.
Por consequência, ninguém precisa de «se defender de mim», embora, se eu fosse governante, tivesse mais probabilidade de ver instaurada uma meritocracia, e terminada a actual demeritocracia de banqueiros, bancários e ex-deputados reformados com pensões douradas.