Esqueces-te é da quantidade de gente que o Manoel de Oliveira tinha consigo a trabalhar. O subsídio não era para ele meter no bolso, era para fazer cinema, e com isso dar trabalho a muita gente. Ao menos fazia coisas com o dinheiro, coisas que engrandeceram Portugal. Podes estar-te a cagar para o cinema, mas é uma arte, e nessa arte, o nome maior de Portugal é ele e com todo o mérito. Confundir isto com Fernandos Tordos... Enfim.
Eheheheh, que miopia essa de achar que o dinheiro vai para pessoas.
Esse dinheiro era dinheiro retirados a outras pessoas, que também o iam gastar em produtos que, por seu lado, também eram produzidos por pessoas com famílias.
A não ser que consigas provar que um cenógrafo do MO era mais importante do que um empregado de uma fábrica de sapatos, o teu raciocinio aquilo que diz é que, para ti, há pessoas e familias mais importantes que outras. Nomeadamente a família do maquilhador do MO é mais importante do que a família do homem que trabalha na fábrica de bicicletas, ao ponto de, por lei (via impostos), impedir que a pessoa gaste numa bicicleta, canalizando antes esse dinheiro para um filme do MO, de forma a que o maquilhador tenha dinheiro.
O "ser arte" e "engrandecer portugal" são apenas argumentos para disfarçar aquilo que é uma tremenda falta de ética, nomeadamente considerar que uma pessoa é mais pessoa que outra.
Esta discussão é eterna, e ainda por cima há muita coisa que eu critico no mundo da arte subsidio-dependente (como possivelmente já imaginaste, eu aqui sou visto como um gajo de extrema esquerda, mas no seio de grande parte dos meus amigos sou quase um neoliberal lol).
Eu presumo que sejas contra qualquer apoio à cultura, seja ela inovadora ou não. Que um gajo que faz cinema não sei quantos anos à frente do seu tempo seja tratado como uma fábrica de bicicletas que faz as mesmas bicicletas que 1000 fábricas fazem há não sei quantos anos.
Eu consigo defender um ministério da Cultura que suporte o que se faça de inovador em Portugal, e a questão é que isso muitas vezes parte de pessoas que não estão estabelecidas, são pessoas criativas que estão fora dos parâmetros dos nichos já estabelecidos no meio, já a fazer o que fazem em velocidade de cruzeiro, sem inovação nenhuma, porque vende, tipo Tordos. Estas pessoas, muitas vezes ganham apenas para viver de dia para dia, e acho que nestas alturas mereciam mais apoio, porque estão parados a 100% (sem culpa disso) e não têm como sobreviver, a partir do momento em que as suas parcas poupanças acabem.