Quando falamos de "pobreza" devemos levar em conta que geralmente a pobreza, nas estatísticas oficiais, mede-se de forma relativa - corresponde a um determinado limiar percentual da riqueza média produzida num território. Esta medida torna impossível de comparar territórios diferentes, e também torna a pobreza num alvo móvel.
Para se definir pobreza de uma forma razoável e lógica, esta deveria ser medida em função do acesso a um cabaz de produtos e serviços fixo.
Outra coisa, sempre que vemos alguém dado como "pobre", deveríamos perguntar-mo-nos: o que produz essa pessoa para terceiros? A pobreza é, como a riqueza, essencialmente função da diferença entre o produzido para terceiros e o consumido de terceiros, sendo que neste caso a pobreza resulta geralmente de uma incapacidade de produzir algo de valor para terceiros. Para se atacar a pobreza, resulta daí ser necessário entregar às pessoas a capacidade para produzir para terceiros. Só em casos extremos, em que a incapacidade de produzir não pode ser suprida (por fisicamente impossível), se deve entregar a alguém o produto do trabalho de terceiros sem obter nada em troca. Se assim não for, o resultado é um incentivo à pobreza, ou seja, coloca-se a pobreza como uma opção de vida viável.
Daqui resultam algumas consequências. O apoio à pobreza deveria ser, por exemplo, em géneros. Igualmente, o apoio à pobreza deveria exigir uma retribuição em tempo - isto garante que ninguém optará por "ser pobre" visto não existir qualquer tipo de retribuição - o tempo em si poderia ser aproveitado em actividades já produtivas, ou na preparação para estas (formação em algo produtivo), ou ambos (formação "on the job"). A excepção a uma retribuição deveria existir apenas para os casos de impossibilidade física.
Por outro lado, um apoio estruturado desta forma não necessita de tanto controlo - visto que existem desincentivos ao seu uso (na forma de uma retribuição em tempo, da remuneração em géneros), pode partir-se do princípio que quem recorre ao apoio necessita verdadeiramente dele. Ao eliminar controlos, libertam-se recursos de uma actividade não produtiva (o controlo), para algo produtivo (como acompanhar os beneficiários nas actividades de produção e formação).