A questão do corpo e da mente é verdadeiramente empolgante! Porque, de facto, a mente, por muito que dependa do corpo biológico para tudo quanto pensa e ideia, este lavrar do pensar sobreleva de todo o mundo físico que nos sustem, porque as ideias encadeiam-se entre si, fluem umas das outras, permitem-nos idear como o mundo plausivelmente é e ou como o ambicionaríamos que fosse, pelo menos nas relações interpessoais e políticas, de modo que o pensamento sobrevoa e almeja dominar o próprio mundo real! E a mente torna-se impossível de ser reduzida à mera mutação neuronal da nossa máquina vital. Filosoficamente, o tema é também apaixonante. Nuns ensaios em torno de um mestrado sobre a filosofia analítica (mestrado que frequentei mas não concluí, bem entendido!), cheguei a abordar tangencialmente a relação mente-corpo. Vê este 'bocadinho', já de uma fase conclusiva do ensaio, 'bocadinho' empregável em n raciocínios que se façam sobre o que seja existir e pensar. Vê
«Os limites do conhecimento e o devir insondável
Contra o realismo metafísico, que admite a existência de referentes reais das nossas teorias científicas, Putnam resguarda-se num realismo “interno”, que se opõe a quaisquer pretensões “externalistas” de um mundo real, não congeminado pelos esquemas conceptuais da ciência e da filosofia. Ora, sem negar que o mundo externo só nos é inteligível segundo a concepção que dele formamos, no estado de conhecimento, colectiva e civilizacionalmente, alcançado em cada época da história, o certo é que qualquer posição consequente de realismo tout court — que perfilhamos — radica necessariamente na afirmação de um mundo existente, compreendamo-lo ou não; uma natureza terrestre que nos contém, mas cujo sentido nada tem de antropomórfico; um universo que existe, quer nós, humanos, existamos ou não; uma história física que se desenrola perante observadores que não a determinam, e que pode, inclusivamente, cessar de ser compatível com quaisquer observadores possíveis, não cessando por isso de existir, em si e para si, sem constituir realidade para ninguém.»
E pensemos as matrix's que entendermos, cavernas de Platão que nos satisfaçam ou repudiemos, o enunciado acima da nossa condição antropológica e cognitiva impera e opera sempre como nossa condição identitária.