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Autor Tópico: Ultraliberalismo  (Lida 54649 vezes)

Automek

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #200 em: 2014-07-05 15:38:01 »
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Se eu fosse mesmo um neo-liberal.
Rui Ramos
4/7/2014, 7:10

Se o neo-liberalismo queria encerrar o Estado social, pôr o país a pão e água e impor a ditadura, então o ajustamento foi a frustação: manteve-nos na Europa e salvaguardou a estrutura do Estado social

Se eu fosse mesmo um “neo-liberal”, um daqueles sicários sem escrúpulos do “capitalismo selvagem”, como as esquerdas gostam de dizer, que queria eu? Segundo as esquerdas anti-capitalistas, a minha lista para o Pai Natal seria a seguinte: acabar com o Estado social, baixar os salários de toda a gente menos dos executivos ricos, e, já agora, instaurar uma ditadura. Vamos então admitir que, enquanto “neo-liberal” selvagem, eram esses os meus desejos. Acontece que, depois, as esquerdas acrescentam que eu também quero a troika, a austeridade, e a dívida. E é aqui que as esquerdas não fazem sentido.

Não, meus caros amigos anti-capitalistas, estão muito, mas mesmo muito enganados. Se eu fosse um neo-liberal desalmado, com os objectivos que a esquerda atribui a essa espécie biológica, eu não queria a troika, nem aceitaria a austeridade, nem estaria disposto a pagar a dívida. Muito pelo contrário. Se eu fosse mesmo, mas mesmo, um neo-liberal desses que vos assustam tanto, o que eu queria era a bancarrota, a saída do euro, a desvalorização e a inflação, que foi aquilo que a troika e a austeridade preveniram até agora.

E porquê? Porque a bancarrota, a saída do euro, a desvalorização e a inflação, seriam a via mais segura para liquidar o Estado social, comprimir definitivamente os salários e talvez mesmo experimentar, com o país fora da UE, algum velho autoritarismo. Se eu fosse um neo-liberal como a esquerda os pinta, eu não queria ver Passos Coelho no governo a prever a reposição dos salários do Estado, nem Paulo Macedo a viabilizar o SNS, ou Nuno Crato a tentar corrigir o ensino público. Não, o que eu queria era ver António Costa (ou Seguro), Catarina Martins e Jerónimo de Sousa muito juntinhos num governo “verdadeiramente de esquerda”, a renegar a dívida pública, a recusar o tratado orçamental europeu, a adoptar uma nova moeda, e a sair da UE. Num país sem os petróleos do socialismo venezuelano, era meio caminho andado para a declaração de irrelevância do Estado social e para uma economia de salários cubanos.

As esquerdas anti-capitalistas atribuem todos os males do país ao ajustamento. Até o facto de não renovarmos gerações, como se isso já não acontecesse desde 1981. É verdade: a austeridade restringiu subsídios e carregou impostos. Sim, perdemos poder de compra, mas menos do que no ajustamento de 1983-1985, e muito menos do que se já estivéssemos a ser pagos em moeda desvalorizada. Sim, há menos beneficiários do Rendimento Social de Inserção. Mas sem a austeridade, não teria havido ajuda externa e não haveria hoje RSI, ou melhor, talvez houvesse, mas com valores equivalentes a não haver.

Se o neo-liberalismo pretende, como a esquerda diz, encerrar o Estado social, pôr os trabalhadores a pão e água, e impor uma ditadura, então o ajustamento frustrou os neo-liberais: manteve-nos na Europa democrática, ressalvou a maior parte do nosso poder de compra (segundo o INE, os nossos rendimentos estão agora ao nível de 2007, o que, convenhamos, não era o de 1975), e salvaguardou a estrutura do Estado social, com os seus programas principais. Mais: reforçou, até, o peso fiscal do Estado, o que, segundo os manuais, não é exactamente liberal. O programa de ajustamento negociado com a troika poupou assim a sociedade portuguesa a uma transição brusca, como a que teria ocorrido se tivesse faltado financiamento externo à economia. No entanto, os altifalantes do anti-capitalismo nacional não gostam. Pelos vistos, não lhes importa a democracia, o Estado social, e o poder de compra. Querem ver que são eles os neo-liberais?
http://observador.pt/opiniao/se-eu-fosse-mesmo-um-neo-liberal/

vbm

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #201 em: 2014-07-05 17:03:35 »
Um baralhar de ideias desconexas e atrabiliárias

Incognitus

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #202 em: 2014-07-05 18:24:15 »
Nem por isso, foi tal e qual como descrito no artigo.

O problema é que os anti-capitalistas o que querem mesmo é que sejamos todos ricos e de boa saúde. O que de resto também é o que quaisquer outros querem, mas sendo que os outros compreendem que não basta desejá-lo.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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vbm

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #203 em: 2014-07-05 18:38:04 »
Importa pouco o que uns querem ou deixam de querer.

A rede relacional da cooperação e concorrência
na exploração dos recursos tem uma lógica
que a sustenta e reproduz.

O resto é fantasia labial.

Embora, o devir histórico,
social e planetário,
sempre possa
inserir inesperadas novidades
a que as sociedades responderão
ou não adequadamente.

Luisa Fernandes

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #204 em: 2014-09-30 17:47:50 »
Neoliberalism has brought out the worst in us

An economic system that rewards psychopathic personality traits has changed our ethics and our personalities.
Quem não Offshora não mama...

Zel

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #205 em: 2014-09-30 18:04:43 »
por oposicao a personalidade da luisa, so pode

Incognitus

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #206 em: 2014-09-30 18:05:40 »
Neoliberalism has brought out the worst in us

An economic system that rewards psychopathic personality traits has changed our ethics and our personalities.


Nada do que está nesse artigo desaparece numa sociedade colectivista. Pelo contrário, numa tal sociedade encontra novas formas e ferramentas para se expressar.

Por exemplo, na China de Mao morreram pessoas aos milhões e até comeram crianças, porque as pessoas no poder local passaram estimativas de produção erradas para os seus superiores. Depois, perante a inexistênca de comida de acordo com essas estimativas, tinham duas hipóteses: reconhecer o seu próprio erro ou acusar os produtores de estarem a esconder comida. O resultado foi óbvio - acusaram os produtores e levaram-lhes toda a comida não deixando sequer suficiente para os próprios (pois supostamente, estes tinham mais e estavam a esconder). Isso fez com que as mortes por fome se dessem esmagadoramente nas zonas rurais, enquanto nas cidades - que não produziam - ainda existia comida.

A reacção das pessoas ao actuarem de acordo com o interesse próprio é a mesma em qualquer sistema. Apenas num sistema colectivista as pessoas podem actuar dessa forma e forçar os outros, ao passo que num liberal as pessoas necessitam da vontade voluntária dos outros.

E sim, a Luísa é exemplo - ela quer manter os seus benefícios mesmo que não correspondam a um resultado de um mercado livre, e facilmente advogaria impostos superiores sobre todos - mais ricos e mais pobres que ela - para ser esse o resultado. De resto, exactamente como o TC recomendou.
« Última modificação: 2014-09-30 18:06:52 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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purehawk

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #207 em: 2014-10-01 02:07:39 »
Neoliberalism has brought out the worst in us

An economic system that rewards psychopathic personality traits has changed our ethics and our personalities.



Ainda não li o artigo...

Mas concordando que o "Neo-Liberalismo", "Ultra-Liberalismo" ou seja qual for o prefixo antes do "Liberalismo",
são todos uma praga e devem ser irradicados como modelo económico e de sociedade,
e que não são merecedores de quaisquer esforços politicos de melhoria...



Proponho que se comece com o Sistema Financeiro Internacional "Neo-Ultra-Liberal" de endividamento dos Estados e dos privados,
que se tem revelado uma autêntica perversidade matemática!!


Quero com isto dizer:
TODOS os países vivem de acordo com a valor da riqueza que conseguem produzir por ano e nem mais um "cêntimo".

Nem mais um cêntimo entra nos cofres do Estado português vindo dos malditos "Mercados Neo-Ultra-Liberais".
Não há, portanto, "Dívida" e "Endividamento". Simplesmente desaparecem do dicionário...



Isto implica para Portugal (que é o que nos toca a nós, poís vivemos aqui... (somos patriotas) he he):

01)  O Estado recebe de impostos cerca de 65 mil milhões por ano (salvo erro).
02)  O Estado gasta de impostos cerca de 76 mil milhões por ano (salvo erro).
03)  O Estado anda a gastar 11 mil milhões a mais por ano e tem o 'perverso' hábito de ir lá fora busca-los aos ditos "Mercados Neo-Ultra-Liberais". Ora isso já NÃO pode ser.

04)  Agora o Estado SÓ pode gastar o que recebe de impostos: 65 mil milhões.

05)  Portanto: pede-se ao politicos que têm promovido o funcionamento do Estado Português numa lógica "Neo-Ultra-Liberal" (Governos do PS, do PSD e do CDS-PP) que TERMINEM com essa lógica de funcionamento.
06)  É simples, é pura matemática: o Estado agora SÓ tem 65 mil milhões para gastar em despesas na economia e no plano social.
07)  O Estado terá então de se ajustar (e cortar) para que a despesa do Estado seja SÓ de 65 mil milhões (receita total dos impostos).

08)  Assim viverão felizes os trabalhadores do Estado (funcionários públicos e pensionistas) porque sentir-se-ão realizados por terem um Estado que não funciona numa lógica "Neo-Ultra-Liberal" de rapina que promove o seu mal-estar.
09)  Quanto ao sector privado, é lhe indiferente que o Estado funcione numa lógica ou não de "Neo-Ultra-Liberalismo" no que toca ao endividamento. Estes quando têm de falir, simplesmente faliram.

10)  Portanto, agora só falta (para enriquecer o Fórum) sugerirem "Onde e Quanto" ajustar (ou cortar) na despesa do Estado para que não ultrapasse os 65 mil milhões por ano de modo a não promover a lógica de rapina dos "Mercados" do perverso "Neo-Ultra-Liberalismo". Imaginem por exemplo que o "Mercados" não aceitam o aumento do ordenado minimo nacional (porque são maldosos) e por isso o "Neo-Ultra-Liberalismo" perverso decide fechar a torneira mais cedo e o Estado não conseguindo ir buscar dinheiro (fazer dívida) terá que se desenrascar só com os impostos que recebe (65 mil milhões/ano)...



Estou atento a sugestões vindo de quem sabe da matéria...


     8)

Thunder

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #208 em: 2014-10-01 14:29:09 »
Países Nórdicos, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Bélgica, Suíça, Áustria, UK, Austrália, Japão, Brasil, Canadá, China.
Somando todos esses países nos tais 30 anos que ele refere, que percentagem corresponde a governos liberais?
Se calhar o mais liberal será o USA mas será mesmo liberal?

Esta parte é dum facciosismo enorme:

"It’s important to be able to talk up your own capacities as much as you can – you know a lot of people, you’ve got plenty of experience under your belt and you recently completed a major project. Later, people will find out that this was mostly hot air, but the fact that they were initially fooled is down to another personality trait: you can lie convincingly and feel little guilt. That’s why you never take responsibility for your own behaviour."

Isto aplica-se na perfeição aos políticos. Sejam eles liberais, socialistas ou ditadores. Não é exclusivo de liberais.
Quando um artigo começa assim, para mim é uma grande "red flag".

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Re:Ultraliberalismo
« Responder #209 em: 2014-10-01 15:00:57 »
Há uma percepção que parece-me estar a ficar generalizada de que esta crise deve-se, somente  à falta de regulamentação.

Se aceitarmos a narrativa da falta de regulamentação, parece claro que políticas liberais (ou ultraliberais como diz o título do tópico) é que originaram a crise.
Mas e se a "explicação" for outra?

Para mim a explicação mais lógica para a crise têm origem nos "Too Big to Fail" (TBF) e na presença simultânea de Bancos Centrais com capacidade de intervenção quase ilimitadas. Tudo isto inserido num sistema de reserva fracionada completamente insano.
As instituições TBF operam completamente alheias as regras de mercado. Basicamente sabem que não irão falir e por isso exploraram a possibilidade de lucro que a reserva fracionada proporciona até ao tutano, pois sabem que no final o duo Banco Central/Estado impediria a sua falência.

Alguns economistas "ultraliberais" percebem portanto que os TBF operam completamente fora das regras do mercado e por isso alguns deles defendem a não existência de Banco Central em conjunto com a diminuição brutal dos rácios (ou até a inexistência de reserva fracionada) como forma de acabar com estes ciclos de bolha/crise.
Não é que alinhe com todas as ideias dos citados economistas, mas acho que neste aspecto há lógica no que defendem.
O problema maior seria a transição do modelo altamente alavancado em que estamos para um modelo muito menos alavancado que defendem.
« Última modificação: 2014-10-01 15:04:22 por Thunder »
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Re:Ultraliberalismo
« Responder #210 em: 2014-10-01 15:04:14 »
Os ratings também foram centrais à dinâmica - ora, a importância dos ratings foi em grande medida ditada pela sua inserção em regulamentação que vincula muitos investidores.

Portanto uma boa parte do que se passou foi resultado dessa regulamentação "cegar" os investidores em relação aos fundamentais da dívida que compravam, não obstante o rating elevado.
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Re:Ultraliberalismo
« Responder #211 em: 2014-10-01 15:22:36 »
Se houver regulação mas a mesma não for imposta, é a mesma coisa que não existir regulação (ou quase).
Se num estado a lei disser que é crime andar sem bilhete num comboio. Eu entro sem bilhete hoje, amanhã e depois. E nunca aparece ninguém a fiscalizar. Eu digo isto a amigos. E continua a não haver fiscalização. Quando tal é perfeitamente banal andar sem pagar. Basicamente é como se a lei não existisse.

E essa é uma temática repetida. Existem regras (na teoria) pois acalma a opinião pública e serve como disclaimer no caso de haver cag#da no futuro. Só que na realidade a regra é uma fantochada, porque não haverá forma de a fazer cumprir.
Daí a solução defendida por estes economistas. Como sabem que será quase impossível implementar medidas que controlem a ação destes TBF num quadro como o atual, retiram o argumento que serão instituições que geram caos no caso de falência (basicamente um argumento que é um chantagem). Assim sendo a instituição pode falir e opera segundo as reais regras de mercado.
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Re: Ultraliberalismo ????
« Responder #212 em: 2016-03-01 02:18:32 »
« Última modificação: 2016-03-01 02:18:58 por Batman »

Incognitus

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Re: Ultraliberalismo ????
« Responder #213 em: 2016-03-01 15:20:31 »
.....os "amigos" do P.P., na Suécia.......eh.eh..... >:(


http://zap.aeiou.pt/juventude-liberal-sueca-quer-legalizar-incesto-e-necrofilia-103226


Querer que algo seja legal não significa que se defenda o algo ou que se o pratique. O argumento usado para a necrofilia, por exemplo, é perfeitamente razoável ainda que pareça repugnante. O que é repugnante para uns pode não o ser para outros, e a legalidade não deve decidir sobre esse género de moralidade, e sim sobre o que provoca consequências nefastas para terceiros.

Os exemplos são extremos, obviamente. Provavelmente são-no de propósito -- apenas para fazer passar o conceito. Dito isto, o sexo entre pessoas próximas pode ter um argumento válido contra (a cossanguinidade e respectivas consequências). Mas aposto que os mesmos que são contra essa liberalização "teórica" seriam a favor de defender a prática legal espalhada entre muçulmanos para uma distância familiar apenas ligeiramente maior e que leva ás consequências nefastas da cossanguinidade na mesma (em grau muito superior ao normal, mas inferior ao que ocorreria entre irmãos).
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