O BCE está a imprimir 60 mil milhões todos os meses e ainda não destruiu nada, até ver...
Imprimir por si só não leva directamente a hiperinflação. Para haver inflação esse dinheiro tem que circular, comprar bens e provocar aumento de preços.
Depende não só do money supply mas também do money velocity.
A inflação como definida tecnicamente não aumenta quase nada. O mesmo se passou nos EUA com o QE.
A questão é que hoje vivemos mais numa chamada economia financeira do que numa economia real (produção de bens e serviços- onde é medida a tal inflação).
Mas na economia financeira aí tens inflação e deflação à bruta. Alias o QE tinha como objectivo claro o inflacionar forte do mercado de activos e não o mercado de bens e serviços.
Portanto imprimir dinheiro gera inflação e forte mas não aquela que conta para as estatísticas.
e os activos como o petróleo, o cobre e todas as matérias primas em geral?
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A explicação já aqui foi deixada. O mecanismo é o seguinte:
* Os vendedores dos activos que o banco central compra, substituem-nos.
* Substituem-nos primeiro por activos iguais (eventualmente com maturidades diferentes).
* Depois, por similares (obrigações corporate de elevada qualidade).
* Depois, por similares menos directos (obrigações corporate de menor qualidade).
* Depois, por activos com características "parecidas" (acções preferenciais, acções de elevada qualidade com dividendos, MLPs, etc).
* Depois, por activos com características cada vez menos similares (todo o tipo de acções, cada vez mais especulativas, ainda estão na estrutura de capital).
* E só muito raramente e em casos muito esporádicos, por activos completamente diferentes (commodities e afins, já não fazem parte da estrutura de capital de uma empresa ou Estado).
Isto depois varia muito de acordo com o tipo de vendedor original dos activos, claro. Mas um ponto em comum é que praticamente nada do fluxo vai parar em commodities. As commodities nem são sequer bem um activo, e ainda por cima têm características muito próprias (na medida em que a forma de nelas investir é via futuros que têm rollovers que muitas vezes implicam perdas contínuas, ou a necessidade de receber em bens físicos).
Ou seja, é previsível que as commodities quase não beneficiem. Ainda assim, as posições longas de investidores financeiros em pelo menos algumas delas até há meses atrás estavam nos maiores níveis de sempre (caso do petróleo).