Isso parte da percepção que se os ricos tiverem menos os outros terão mais. Essa percepção é errada. Se todos FIZEREM mais coisas para os outros é que todos terão mais. Se os ricos empobrecerem (por via de lhes tornar as actividades comerciais menos atraentes) o mais provável é que todos fiquem com menos.
Não é bem esse o algoritmo,
não é esse o fio de Ariadne.
A percepção de partida
é a de os ricos nada fazerem
para a propriedade que têm
apenas a protegem para
que todos lhes paguem
as respectivas rendas
monopolistas que a
propriedade lhes
garante, pelo direito.
Não que discorde da propriedade;
mas discordo do monopólio,
que não passa de extorsão
sem contrapartida de valor.
Explico: se pagas a luz a 20x
o seu custo marginal; a gasolina,
a 15x o seu custo de refinação;
a comida a 5x a receita do lavrador;
o vestuário a 1x o seu custo, mas
"obrigam-te" a mudar de 4 em 4 meses,
sob pena de seres parolo; se te oferecem
1 ipad por x, e 6 meses depois to vendem
por x/3: - tu estás a ser roubadíssimo
pelos distintos vígaro-capital-monopolistas.
Aceito que o progresso tecnológico
eleva a produtividade e licencia
trabalhadores e trabalho
rotinizável e programável.
Mas, isso é menos preocupante
do que o vulgo julga; assim se
fomentam novos postos de trabalho
nas indústrias e serviços dos próprios
meios de produção a montante,
desde que prossiga a instrução
pública (e privada) da população.
Agora, intolerável é a indignidade
do desemprego, da desocupação,
da inutilidade social de cada um
para os demais. Justamente,
como tu próprio dizes, se não
pode a população empregar-se
a produzir coisas que sejam
úteis e de interesse para os demais.
Ora, é o que os monopolistas não permitem;
fixam a quantidade do que produzem de molde
a que o preço exceda em muito o custo do que produzem.
Assim se força a inactividade dos recursos quer humanos
quer dos meios e da capacidade produtiva.
E não me venham com contra-argumentos de que,
breve, entraríamos na sobreprodução e na abundância
não de bens livres, mas de bens e bugigangas inúteis
e sem interesse nenhum. Porque tudo é uma questão
de cultura, por um lado, e de inteligência e contenção
demográfica, por outro.
E ao contrário da falsa propaganda de se os ricos
empobrecerem todos ficamos a perder, é bem de ver
que a verdade está em que a riqueza de todos pode
ser muito maior se os ricos deixarem de receber
valor sem qualquer contrapartida, como fazem
em todas as transacções com lucros supra-normais,
sem que isso os induza a quaisquer contrapartidas,
antes, ao contrário, delapidando recursos
e poluindo sem regeneração a natureza.
Mas tudo isto pode mostrar-se e demonstrar-se
pari passu, na aritmética dos negócios
tal como eles são.
(
E quando falo de ricos, não falo de produtores,
nem de inventores e inovadores; falo sim
de monopolistas mesmo, que arrecadam
sem nada produzirem.)