Não discordo dessa tua análise sociológica de atribuição da tendência colectivista ao modo de produção agrário ou pré-agrário como lhe chamas. E considero ter sido um passo progressista o do direito napoleónico com a liberdade de comprar e vender patrimónios agrários, fabris ou comerciais; e nem discordo sequer das sociedades anónimas por acções, desde que sejam os accionistas os primeiros a tudo perderem quando as empresas abrem falências, logo seguidos dos credores e por aí fora até o risco mínimo ou nulo.
Como digo, podes ter razão no caso da Tap. De resto, várias outras e mais importantes companhias de aviação comercial faliram ou foram absorvidas por outras. Mas tudo isso não deixa de ser o padrão retrospectivo do negócio, não a visão possível da gestão futura. As companhias low-cost inovaram no modo de vender viagens e ganham dinheiro. O leasing de aeronaves pode porventura tornar-se mais económico, os sindicatos de trabalhadores podem tender a entrar mais na ordem e a concorrência entre pilotos melhorar a produtividade do capital; e não pressuponho de modo algum que os governos de Lisboa consigam resultados de gestão que nunca conseguiram ao longo destes anos todos, sejam ppd's ou ps's. Só de facto com uma perfeita e motivada parceria comercial-privada pode haver hipótese de explorar rentavelmente a quota de mercado que a Tap detém. Se tal não se conseguir, que se pare o sorvedouro de prejuízos históricos. Com muita pena, se façam as despedidas, outros que ganhem com isso, quem cá quiser vir a Portugal, que venha, quem não quiser que passe bem, não é morte de homem, nem morte de nação.
Mas que o Passos Coelho não percebe nada de nada, isso é uma premissa válida em qualquer raciocínio. Pelo, como nulidade que é, - e posto que decorrente do nada nadificante, tudo é dedutível, por compatível, - porquanto para tudo o que existe, o nada a nada obsta - é indiferente falar ou ouvir o que Passos Coelho e o ministro do comércio, o Pires de L., digam ou não digam, porque o importante é sopesar a potencialidade do negócio e ponderar o parceiro conveniente que almeje explorá-lo.