Mesmo assim, pela perspectiva da tradicional lei judaica (Halacha), um teste de DNA demonstrando um “DNA judaico típico” não é um cartão branco de entrada dentro da tribo. Afinal, se sua ascendência é europeia, há cerca de 90% de chance de algum percentual de DNA judeu aparecer lá. Isso se deve ao fato de muitos judeus ao longo dos tempos terem sido forçados a se converterem ou simplesmente deixaram o rebanho devido às dificuldades envolvidas.
Por outro lado, existem comunidades inteiras de judeus sem nenhum haplotipo típico judaico, como os Bene Israel na índia, que são considerados judeus segundo os padrões ortodoxos. Isso significa que eles não são descendentes de Abraão? Não necessariamente. Talvez eles estivessem isolados antes que estes marcadores genéticos aparecessem.
Isso significa que você precisará de evidências de que sua mãe é judia, não importa o quão kosher seja seu DNA.
A ancestralidade comum, portanto, não faz uma raça, nem a prova de que você compartilha lhe garante uma cidadania. Por outro lado, também não implica exclusividade.
O auto-conceito tradicional judaico é de que os judeus compreendem uma família mantida unicamente por uma aliança com D’us aceita no Monte Sinai. Qualquer pessoa nascida nessa família está lá para a vida toda — assim como você não pode se divorciar de seus pais, você não pode desfazer seu judaísmo. Um judeu que se chama por outro nome ainda é judeu.
Costumeiramente, um ou outro oportunista tenta desmembrar geneticamente o povo judeu. No entanto, à medida que a ciência melhora nesses assuntos, todas essas tentativas são apenas um tiro pela culatra. Em 2015, 30 pesquisadores de nove países reuniram seus dados para criar “o maior conjunto de dados disponível até o momento para avaliação das origens genéticas judaicas ashkenazi”. Eles concluíram sua análise com uma declaração:
Confirmamos a teoria de que os judeus asquenazes, norte-africanos e sefarditas compartilham entre si ancestralidade genética substancial e que a derivam de populações do Oriente Médio e da Europa, sem indicação de uma contribuição detectável dos khazares para suas origens genéticas.
Uma vez que os judeus se “casam entre si” há vários milhares de anos, sim, existem certas características que são distintamente comuns entre os judeus — c omo entre os inuítes, islandeses, amish, o povo basco e outros. Por outro lado, como há espaço para conversão, esses recursos não são onipresentes no grupo.
No período da Mishná, alguns dos maiores sábios e líderes foram convertidos — como Onkelos, Shemaya e Avtalyon — ou descendentes de convertidos, como o rabino Akiva e o rabino Meir. Conversões em massa podem muito bem ter ocorrido em Canaã, Iêmen e no Cáucaso. Hoje existem judeus africanos, japoneses e até judeus inuítes. Parece difícil chamar essa mistura de “raça”.
A família real está ligada ao rei Davi, um descendente de uma convertida chamado Rute, cuja história é contada em um livro da Bíblia hebraica em homenagem a ela. Outro livro, a Megilat Ester, diz que "muitas pessoas da terra" se tornando judias durante o exílio persa.