Capitalismo autoritário, em 1989? Demasiado cedo. Nessa altura, capitalismo só em zonas especiais, e muito incipiente.
O que o artigo da project syndicate refere é que o pós-Tianamen inaugurou a época do capitalismo autoritário que se revelou um sucesso e a ser copiado em outros pontos do mundo, nomeadamente no leste europeu. O Trump também deve ter sonhos humidos com uns EUA de partido único (liderado por ele). Afinal, o que a maioria dos cidadãos em todo o mundo pretendem é ver as suas necessidades básicas satisfeitas. Tanto melhor se puderem ter iphones, teslas, viajar pelo mundo. O tradeoff dos chineses era o se manterem mansinhos, não criticando o dogma PCC.
China never looked back (literally as well as figuratively, because the events of June 3-4 are unmentionable). The economy soon steamed ahead. And the educated urban classes, from which most of the student protesters in 1989 sprang, benefited enormously. They were offered more or less the same deal as the better-off citizens of Singapore, or even Japan, even though neither of these countries are dictatorships: stay out of politics, don’t question the authority of the one-party state, and we’ll create the conditions for you to get rich.
A questão fundamental que se colocará num futuro distópico: para quê democracia se os cidadãos se vendem a troco de iphones, teslas e quejandos? a elite domina sem ter que se aborrecer; os cidadãos têm o que querem (os bem materiais que preenchem a sua existência); as empresas produzem o que os cidadãos querem e o que a elite permitir; e o capitalismo segue a roda do destino.
O que me preocupa é perceber que as pessoas aceitariam viver numa sociedade capitalista iliberal (onde todos podem almejar ser ricos, desde que não questionem o status quo liderante) como a que a China demonstrou ser possível existir. O problema do comunismo foi não ter lidado com a ganância do average joe, nivelando por baixo. Os chineses utilizaram o capitalismo para alcançar o mesmo propósito, o controlo absoluto. É genial mas assustador, pelo menos para mim.