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Autor Tópico: Incêndios  (Lida 58055 vezes)

Smog

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Re: Incêndios
« Responder #260 em: 2017-06-29 19:06:35 »
lol, Salazar foi um democrata: espalhou Pinus pinaster por todo o território e enriqueceu toda a gente! ;D
O problema da opinião é que:
-custa dinheiro investir em Quercus e Castanheiro;
-o retorno é demorado.

Quanto aos custos... há muita reflorestação de borla; basta estar atento às Associações Ambientais.
Mas o problema da Floresta nem é esse: são os campos abandonados. Essa é toda uma outra história que talvez queiras explorar : ver privados, idade dos privados e reais rendimentos dessa gente. Ficas logo com uma dimensão do problema.
Quando aos ignorantes citadinos emitirem opiniões não me aquecem nem arrefecem. As opiniões que contam estão ali no café da minha aldeia.
 8)

Os campos abandonados funcionaram bem durante milhões de anos. O que é que os avariou agora? :D
Só uma nota para teres noção:
uma sucessão ecológica primária ( aquela que acontece a partir do zero no planeta - pré-história geológica, após uma erupção vulcânica com destruição total, etc e tal) começa em líquens, musgos, fetos, herbáceas, arbustos, pinheiros, carvalhos ( simplificando mas dando uma perspectiva evolutiva). Compara com a secundária acima ( acontece após um incendio, num campo abandonado,...).
Teoricamente um campo abandonado deveria evoluir para floresta climax, e no tempo geológico evolui, o pior é que entretanto os incêndios chamuscam as populações que não se protegem.  8)
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Re: Incêndios
« Responder #261 em: 2017-06-29 19:10:44 »
Visitante,

viver no interior é um problema de sempre na história de Portugal, não é uma coisa com 20 ou 30 anos. Não foi por acaso que tivemos os coutos de homiziados porque era a forma de tentar povoar/fixar gente no interior, usando para isso um meio compulsivo.

Mas, já agora, porque razão é que temos de ter todo o território povoado ? Qual é a justificação ? O interior da Islândia, por exemplo, é muito pouco povoado. As pessoas concentram-se em zonas costeiras. O Alentejo sempre foi muito pouco povoado sem que daí adviesse qualquer problema. Porque é que na Beira ou em Trás os Montes tem de ser diferente ?

Eu vejo imensas vozes a implorar que não destruam a Amazónia. Que eu saiba a Amazónia que essas pessoas defendem é basicamente um território selvagem, despovoado (excepto meia dúzia de indígenas) e sem que haja exploração económica. Parece óptimo, não ? Então porque não temos nós manchas dessas em Portugal, completamente "abandonadas" como a Amazónia. Deve ser bom, não ? Ou é só na Amazónia ?

E se alguém quer viver isolado num determinado sitio, para poder ter a sua horta e as suas árvores, em vez de estar encavalitado num apartamento de cidade, porque razão é que os outros têm de suportar esse custo ? Se eu quiser ir viver para um sitio isolado entre Beja e Odemira, tem o estado (ou seja, todos os meus concidadãos) de suportarem os custos de lá me meterem água, esgotos, luz, a polícia a passar regularmente e os bombeiros em prontidão para chegarem rápido de eu tiver um AVC ?

Só um exemplo. >:(
https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Idanha-a-Velha
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Re: Incêndios
« Responder #262 em: 2017-06-29 19:12:56 »
Os presidentes de câmara chegam a ser arrogantes, porque estão protegidos por leis da assembleia da república, que lhes dão rédea solta, não os responsabilizam. São angariadores de votos para os partidos políticos, são aquilo a que vulgarmente se chama as bases. A somar a isso têm a 'legitimidade' democrática dos votos dos aldeãos, o problema é que são eleitos sem um programa eleitoral e por um punhado de clientelas facilmente manipuláveis.

Quem ousar intrometer-se nesse charco dos pequenos interesses autárquicos é trucidado, reagem violentamente por instinto primário de sobrevivência. Um orçamento de 20 milhões de euros de uma autarquia com 20 mil habitantes é muito dinheiro para distribuir pelo compadrio, que é basicamente o que a câmara faz, derreter 20 milhões de euros por ano, na sua maioria futilidades.

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Re: Incêndios
« Responder #263 em: 2017-06-29 19:31:36 »
Visitante,

viver no interior é um problema de sempre na história de Portugal, não é uma coisa com 20 ou 30 anos. Não foi por acaso que tivemos os coutos de homiziados porque era a forma de tentar povoar/fixar gente no interior, usando para isso um meio compulsivo.

Mas, já agora, porque razão é que temos de ter todo o território povoado ? Qual é a justificação ? O interior da Islândia, por exemplo, é muito pouco povoado. As pessoas concentram-se em zonas costeiras. O Alentejo sempre foi muito pouco povoado sem que daí adviesse qualquer problema. Porque é que na Beira ou em Trás os Montes tem de ser diferente ?

Eu vejo imensas vozes a implorar que não destruam a Amazónia. Que eu saiba a Amazónia que essas pessoas defendem é basicamente um território selvagem, despovoado (excepto meia dúzia de indígenas) e sem que haja exploração económica. Parece óptimo, não ? Então porque não temos nós manchas dessas em Portugal, completamente "abandonadas" como a Amazónia. Deve ser bom, não ? Ou é só na Amazónia ?

E se alguém quer viver isolado num determinado sitio, para poder ter a sua horta e as suas árvores, em vez de estar encavalitado num apartamento de cidade, porque razão é que os outros têm de suportar esse custo ? Se eu quiser ir viver para um sitio isolado entre Beja e Odemira, tem o estado (ou seja, todos os meus concidadãos) de suportarem os custos de lá me meterem água, esgotos, luz, a polícia a passar regularmente e os bombeiros em prontidão para chegarem rápido de eu tiver um AVC ?

Sim, é um problema de sempre porque enquanto no palácio o rei se banqueteava todos os dias e se desperdiçava dinheiro em futilidades os pobres passavam fome nos campos. O complexo de ruralidade vem de longe.

A minha solução não é criar cidades do méxico no litoral com o resto do território abandonado. Cada caso é um caso, e na minha opinião há potencialidade para desenvolver o interior do país. Temos um interior perfeitamente habitável, há países que não o têm. Dá exemplos de países desenvolvidos que tendo um território interior habitável e potencialmente produtivo o tenham deixado ao abandono. No fim de contas trata-se de criar riqueza, e território abandonado não contribui para criação de riqueza.

Automek

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Re: Incêndios
« Responder #264 em: 2017-06-29 19:44:25 »
- Baixa densidade populacional não significa abandono. O norte da Suécia também é habitado mas muito disperso. Não confundir baixa densidade populacional com uma pessoa querer viver com mais 20 pessoas numa aldeia, algures, no meio dos pinhais. Há limite para aquilo que o estado pode suportar em termos de dispersão.

- Quando há riqueza para ser criada ela não costuma ficar à solta. Alguém aparece para levantar o dinheiro de cima da mesa.

- Meter o estado nesta equação é uma desgraça. Sempre foi, desde o tempo dos reis. O Alentejo não ia desenvolver imenso com o aeroporto em Beja ? Planeamento central (que no fundo é o que defendes, embora de forma mais soft) nunca funcionou em parte nenhuma.

- O facto do interior ser habitável é irrelevante se as pessoas não quiseram lá viver (problema desde a fundação do pais)

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Re: Incêndios
« Responder #265 em: 2017-06-29 20:01:47 »
Os mercados são ineficientes, e frequentemente deixam dinheiro em cima da mesa por muito tempo. Depois quando o descobrem é o panic buy e a especulação. Não podemos estar sujeitos a estes caprichos do mercado. Os agentes do mercado necessitam de um trigger para agir, e isso é competência da administração do território. Basta o trigger, depois a manada faz o resto.

Automek

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Re: Incêndios
« Responder #266 em: 2017-06-29 20:52:05 »
Os mercados são ineficientes, e frequentemente deixam dinheiro em cima da mesa por muito tempo. Depois quando o descobrem é o panic buy e a especulação. Não podemos estar sujeitos a estes caprichos do mercado. Os agentes do mercado necessitam de um trigger para agir, e isso é competência da administração do território. Basta o trigger, depois a manada faz o resto.
No Alentejo o trigger já lá está, ao abandono, há vários anos... Quantos mais investimentos ruinosos do estado precisamos nós para deixar de acreditar que o estado é catalisador de riqueza ?

Nuno

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Re: Incêndios
« Responder #267 em: 2017-06-29 21:13:05 »
Visitante, onde vives?
Beware a closed mind, for it shuts away new ideas

Ashanath Leader Linnaeus

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Re: Incêndios
« Responder #268 em: 2017-06-29 22:28:00 »
Visitante, onde vives?

Sou provinciano. Os eruditos moram em Lisboa. Um dia um embaixador disse que o único sítio de Portugal onde se conseguia viver era Cascais, PQP.

Smog

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Re: Incêndios
« Responder #269 em: 2017-06-29 22:34:02 »
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meopeace

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Re: Incêndios
« Responder #270 em: 2017-06-30 00:35:32 »
FOGO DE PEDRÓGÃO GRANDE
Incêndios, eucaliptos ou a ignorância e arrogância do Bloco (e do dr. Louçã)

José Manuel Fernandes
28/6/2017, 22:01

A obsessão do Bloco com o eucalipto não é uma preocupação com a floresta, é só preconceito e ignorância. Mais: sem o contributo do eucalipto dificilmente teremos recursos para recuperar o mundo rural.

Ainda antes de escrever a primeira linha deste texto já sei do que vou ser acusado – até já estou a ver as frases que encherão as caixas de comentários, onde serei de imediato condenado como um miserável avençado das empresas de celuloses. É isso que dita a habitual arrogância moral da esquerda e, sobretudo, da extrema-esquerda, aquela que dispara antes de pensar e insulta em vez de debater.

E sei muito bem porque é que isso vai acontecer: porque vou contrariar a ideia feita de que os grandes males da floresta portuguesa são todos obra da sua “eucaliptização”. Depois da tragédia de Pedrógão Grande, esclarece o sumo sacerdote e eterno ideólogo do Bloco, o prioritário não é determinar como foi possível um tal colapso do Estado na sua primeira missão de protecção dos cidadãos, nem apurar responsabilidades políticas, nem sequer tentar perceber, no terreno, como possível que o fogo se propagasse tão depressar nalguns terrenos ao mesmo tempo que deixava, aqui e além, umas manchas verdes. Para Francisco Louçã a "agenda do rescaldo" nunca passa por pedir contas a quem nos governa, antes por condenar quem está na oposição e, sobretudo, por “ter cuidado” com “as empresas do eucalipto” que estarão “a mover-se para proteger o seu baú”.

Como? Na cabeça conspirativa do nóvel conselheiro de Estado essas empresas irão aproveitar “a necessidade de posse administrativa dos terrenos abandonados para um movimento de concentração da propriedade, à espera de um novo governo que lhes favoreça a eucaliptização”. Por isso, acrescenta, é preciso pois ter cuidado com os “eucaliptocratas”, razão pela qual não há dirigente, deputado ou bota-faladura do Bloco que não fale do eucalipto mesmo sem saber daquilo que fala.

Infelizmente fazem-no em terreno fértil: primeiro, porque as empresas de celulose são ricas e dão lucro, e isso é pecado em Portugal; depois porque o eucalipto tem, sempre teve, muito má imprensa – às vezes com razão, outras sem ela. Quando a Catarina ou uma das manas Mortágua investe contra a chamada eucaliptolândia, os jornalistas que seguram os microfones quase acenam com as cabeças e depressa se esquecem de confrontar a sua doçura de hoje (quando morreram 64 pessoas num incêndio florestal) com a lendária agressividade dos tempos em que até as suas unhas encravadas eram culpa de Passos Coelho.

Infelizmente, acrescento ainda, porque o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, também cede à demagogia e ainda agora prometeu no Parlamento que “não haverá mais um único hectare de eucalipto em Portugal”.

Mas adiante, que o que conta é que o Bloco cavalga um preconceito – que é também o preconceito de muito renomado comentador, acrescente-se – e fala sem saber, o que não seria grave se a sua nova cruzada não pudesse ter como consequência uma floresta ainda mais miserável do que aquela que temos. Por isso, muito devagarinho e da forma mais didática possível, deixem-me explicar porque é que investir contra os alegados “eucaliptocratas” não é tão inocente e pueril como investir contra os moinhos de vento do Quixote. Bem pelo contrário.

Comecemos pelo princípio: se todos estamos de acordo que na origem da tragédia de Pedrógão Grande está uma floresta mal ordenada e mal tratada num território desertificado, a questão que temos de colocar é dupla: como contrariar a desertificação e como tornar a floresta uma fonte de riqueza capaz de ajudar à fixação de populações que a cuidem e tratem.

A resposta dos ignorantes é que terras como as de Pedrógão Grande estão desertificadas porque foram abandonadas ao eucalipto (alguns, menos cegos, talvez acrescentem que também foram abandonadas ao pinheiro-bravo), mas essa é uma resposta errada. Não só o abandono começou muito antes da chegada das grandes plantações de eucalipto, como para muitos do que ainda aí residem em meio rural o rendimento que tiram do eucalipto é dos poucos que lhes sobram. Tal como é o rendimento do pinheiro-bravo, de que vendem a madeira e de que ainda exploram a resina (cada vez menos).

E porque é que as pessoas plantam eucaliptos? Afinal nos três concelhos inicialmente afectados não há plantações das empresas de celulose (há uma quinta da Altri na região, mas é já no concelho de Góis). Há várias razões. Primeiro, o retorno do investimento no eucalipto é mais rápido: em oito a dez anos é possível cortar e vender as árvores. O rendimento é mais baixo do que o do pinheiro, mas quando estamos em áreas onde as florestas ardem de 12 em 12 ou de 15 em 15 anos (o tempo necessário para se acumular o material combustível que as transformam em barris de pólvora), o investimento também é mais seguro: é cada vez mais raro ver um pinhal crescer até aos 25 anos, idade boa para um corte.

Por outras palavras: não é necessário que os “abutres das celuloses” andem a rondar para as populações plantarem eucaliptos, às vezes a par com pinheiros, às vezes em todos os hectares disponíveis. Se quisermos que mudem de comportamento temos de encontrar os incentivos correctos, mas não se imagine que o Estado seria melhor proprietário e gestor, pois não é raro encontrarmos terremos públicos ao abandono (bem pelo contrário).

Mais: se conhecermos o terreno saberemos que as áreas melhor tratadas são, por regra, as que são geridas pelas empresas de celuloses. E com resultados, pois raramente ardem, quando ardem é sobretudo porque sofrem o impacto de fogos vindos de terrenos contíguos e, mesmo assim, registam uma relação área plantada/área ardida de 0,3%, cerca de dez vezes mais baixa à registada na média nacional se considerarmos apenas os povoamentos florestais.

Isto acontece porque nessas florestas “das celuloses” (e apenas um quinto das plantações de eucalipto pertencem directamente a essas empresas) se trabalha no Inverno e na Primavera para prevenir os fogos de Verão, porque há zonas de descontinuidade e porque há corpos profissionais de bombeiros que conhecem o terreno e sabem exactamente onde podem parar um fogo. Ainda agora neste grande incêndio vimos os bombeiros à espera do fogo nas estradas ou na protecção das aldeias, enquanto as equipas da única empresa afectada estavam na floresta, curiosamente apoiados pelos bombeiros galegos que estavam encostados e sem fazer nada porque, como disse a ministra, não havia missão para lhes entregar. Resultado: dos 600 hectares de plantação da Altri em Góis (400 de eucalipto, 200 de pinheiro), apenas arderam 14.

E só mais uma nota: quem já esteve no terreno depois do incêndio notou (e eu já vi as fotografias) que entre as raras manchas verdes que resistiram numa paisagem totalmente negra estão algumas plantações recentes de eucaliptos. Estranho? Não se pensarmos que nesses terrenos há menos combustível acumulado e houve cuidado para que as árvores novos pudessem crescer.

Servem estes exemplos apenas para sublinhar um ponto: nunca conseguiremos reformar, reordenar e tratar a floresta portuguesa se quisermos destruir, ou mesmo apenas diabolizar, a única fileira florestal integrada e a que gera mais dinheiro e recursos. Ou seja, necessitamos do eucalipto e das suas receitas não apenas para que não desapareça totalmente a economia do interior despovoado, como necessitamos dos recursos que a exploração do eucalipto pode gerar para investir noutro tipo de floresta.

E escrevo tudo isto sem nenhuma espécie de simpatia pelo eucalipto, espécie que importámos da Austrália e me é estranha – escrevo-o antes na convicção de que sem esses recursos o que está abandonado mais abandonado ficará, e que em vez de eucaliptos e pinheiros veremos as nossas serras cobertas pela pior das espécies invasoras, as acácias, que não só alimentam o fogo como se alimentam dele.

Claro que tudo isto faz imensa confusão ao Bloco e deve fazer ainda mais confusão ao dr. Louçã, pois significa envolver empresas, e empresas grandes, e empresas que exportam, e empresas que dão lucro e criam emprego. Porém se escutarmos as poucas vozes sensatas que ainda se vão ouvindo no meio de toda esta vozearia até encontramos algumas sugestões inteligentes sobre como isso poderia ser feito.

Foi isso mesmo que encontrei num post de um especialista, Henrique Pereira dos Santos, em que este cita um responsável florestal da Altri, o holandês Henk Feith, que alvitra algo que me pareceu bastante sensato: a criação de “créditos de biodiversidade”. A sua ideia é que o plantio e exploração de espécies “comerciais” – como o eucalipto, mas também como o pinheiro-bravo, o pinheiro-manso e até o sobreiro – suportaria o plantio de espécies nativas “não comerciais”. Seria, explica ele, “um pouco como o mercado de carbono, mas para floresta nativa. Uma fábrica que emite CO2 tem de comprar créditos de carbono; uma floresta comercial pode ter de comprar créditos de floresta de conservação. Quem planta 10 hectares de floresta de produção tem de ter ou financiar um hectare de floresta de conservação. Assim, o investimento florestal impulsiona a conservação da floresta. Em vez de proibir, promove-se o equilíbrio.”

É viável? Não vejo porque não. E o que sei é que o proibicionismo cego dos “eucaliptofobos” não resolve problema nenhum, antes se arrisca a agravar ainda mais os que já temos. Escrevo sobre fogos e floresta há mais de 30 anos, cheguei a percorrer o país com a intenção de demonstrar os males do eucalipto (uma das minhas derradeiras investigações para o Expresso, no longínquo ano de 1989), nunca recebi um tostão de qualquer empresa de celuloses (esta deixo aqui só para os que estão a espumar desde o primeiro parágrafo), mas prefiro o conhecimento ao preconceito. E, até porque não ando à cata de votos fáceis, não entro em demagogias. Não posso dizer o mesmo das carinhas larocas do Bloco, e até peço desculpa a Jerónimo de Sousa por assim o citar.

http://observador.pt/opiniao/incendios-eucaliptos-ou-a-ignorancia-e-arrogancia-do-bloco-e-do-dr-louca/



Os eucaliptos vão ser os culpados dos incêndios e em conformidade vem aí legislação a "atacar" os malditos eucaliptos.
O Bloco quer, o Bloco manda.

    :D

meopeace

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Re: Incêndios
« Responder #271 em: 2017-06-30 00:55:20 »
Eucaliptocratas, diz ele

Henrique Pereira dos Santos
26 Junho 2017


É um absurdo pretender que se resolve um problema de ausência de gestão acabando com as poucas actividades suficientemente competitivas para pagar a gestão dos territórios marginais.

Escrevi um post no blog Corta-fitas com o título “Eucaliptocratas, diz ele”, e pediram-me que desenvolvesse a ideia. O título refere-se ao neologismo que Francisco Louçã criou para designar as “empresas do eucalipto”, numa crónica em que revela todo o seu desconhecimento, espero eu, sobre a gestão do fogo e a sua relação com o mundo rural.

Suponho que por “empresas do eucalipto” Louçã pretende designar as empresas de celulose, e não os 400 mil produtores de eucaliptos, empresas como a Unimadeiras ou a Abastena, que agrupam pequenos produtores, e muitos outros agentes económicos ligados à fileira do eucalipto.

Aparentemente, Louçã está convencido de que “a única medida estrutural que salva Portugal” é “a reflorestação com redução forçada das manchas de eucalipto e a reorganização da economia da floresta para sustentabilidade e protecção dos pequenos proprietários”.

Saltemos por cima da curiosidade que é ver Louçã alinhar com a política florestal de Salazar (uma forte intervenção do Estado, com clara primazia do pinheiro bravo que chegou ao milhão e duzentos mil hectares de ocupação do solo) e concentremo-nos no essencial.

Com os matos a representar mais de metade da área ardida em quase todos os anos, às vezes a ser muito mais que metade, em que medida reduzir as manchas de eucalipto contribui para a resolução do problema?

Pondo de lado os matos, considerando apenas os povoamentos florestais, os pinhais ardem mais que as áreas de eucalipto (os carvalhais também, mas não podem ser considerados ao mesmo nível porque a amostra é muito pequena), portanto não se entende muito bem em que medida a redução da área de eucalipto é “a única medida estrutural para salvar Portugal”.

O problema é muito mais fundo: Louçã não deverá saber, e eu também não sabia, que “a madeira que arde num incêndio é aquela mais miúda e morta, com menos de 10 cm de diâmetro, e arde não na frente de chamas, mas após esta passar. Madeira mais grossa pode arder, especialmente se estiver apodrecida, mas arde principalmente sem chama… Por definição, a propagação de um incêndio florestal é alimentada pelo combustível fino com diâmetro inferior a 6 mm”, para citar Paulo Fernandes, que é uma das pessoas a quem recorro quando preciso de saber alguma coisa sobre este assunto.

Ou seja, e isso eu já sabia, mas Louçã aparentemente não sabe, o que conta mesmo é a folhada e os matos que estão por baixo das árvores, não são as árvores em si.

É verdade que um carvalhal maduro cria um forte ensombramento que limita o crescimento dos matos e, dessa forma, é um aliado na gestão do fogo, sobretudo os carvalhais de fundo de vale, que são os mais frequentes em Portugal mas, ainda assim, relativamente raros. Mas quer o mato, quer o eucaliptal, quer o pinhal, e mesmo os carvalhais jovens, têm essencialmente o mesmo tipo de vegetação junto ao solo, dependendo as variações mais das acções de gestão que são feitas que da espécie arbórea dominante.

O problema surge, pois, em toda a sua crueza: o que Portugal tem é um gravíssimo problema de falta de gestão que decorre do facto da maioria dos usos do território que hoje temos não serem suficientemente competitivos para pagar uma gestão de matos adequada à gestão do fogo.

Parece-me, por isso, ser completamente absurdo pretender que se resolve um problema de ausência de gestão retirando da equação as poucas actividades suficientemente competitivas para pagar a gestão dos territórios marginais.

Vale a pena voltarmos à fileira do eucalipto, não partindo do que cada um gosta – pessoalmente não gosto grande coisa de eucaliptos e muito menos de eucaliptais, que acho monótonos e, com frequência, inóspitos –, mas procurando avaliar se o seu contributo para a gestão do fogo é positivo, tendo em atenção que o problema está na gestão dos combustíveis e não nas árvores dominantes.

Nos cerca de oitocentos e cinquenta mil hectares de eucalipto (quase 10% do país, mesmo que diminuamos a área ocupado pelo eucalipto, não se entende como isso resolveria alguma coisa nos outros 90% do país), apenas cerca de 150 mil são geridos pelas celuloses, o restante é gerido pelos tais 400 mil proprietários.

Existem manchas intensamente geridas com base numa elevada capacidade técnica, os povoamentos dos eucaliptocratas, até explorações meramente extractivas em que o pequeno proprietário, racionalmente face ao elevado risco de incêndio, opta por não investir um tostão em gestão e fazendo um corte de eucaliptos entre dois fogos, já que a recorrência de fogo anda pelos 12 anos e o corte pode ser feito pelos 10 anos.

Os eucaliptocratas, porque fazem contas e não querem correr riscos, não só optam por uma intensidade de gestão que lhes permita gerir os matos, como criaram uma força específica de combate que, ao contrário da opção estatal, está permanentemente no terreno, ora combatendo no Verão, ora preparando o combate no Inverno.

É por isso possível ter testemunhos como o que transcrevo (adaptando para facilitar a compreensão por leigos), do tal post que usa o mesmo título deste artigo, vindo do director de produção florestal de uma das empresas de celulose.

“Se tirarmos os eucaliptos da paisagem portuguesa, também tiramos a única corporação profissional de bombeiros florestais do país da equação… 95% das intervenções de combate a incêndios da corporação Afocelca são fora do património das empresas de celulose. Já imaginaram as estatísticas dos incêndios em Portugal sem a Afocelca? Estive estes dias no incêndio de Góis. Os únicos bombeiros que eu vi combater os fogos na floresta foram os espanhóis, que estiveram connosco a combater. Os colegas portugueses estavam todos juntos às casas à espera do fogo lá chegar. É assim que está definida na estratégia da ANPC. Eu não discordo das prioridades estabelecidas, discordo da estratégia para as concretizar. Para defender as casas, é preciso combater o fogo na floresta, e não ficar à espera dele junto das aldeias.”

“O que travou o incêndio foram as plantações de eucalipto, porque quando o incêndio lá bateu em força vindo do Sul, rapidamente abrandou e foi controlado por nós. … Quando chegou à área devidamente gerida (por nós), o assunto ficou resolvido em poucas horas… Os meus colaboradores estiveram lá 36 horas seguidas a combater, a defender a sua casa, sem olhar para cansaço nem família.”

“Para nós, uma taxa de incêndio de 0,5% (isto é, arder meio hectare de eucalipto por cada 100 hectares existentes) é aceitável em termos de gestão empresarial. Acima disto, o dano por incêndio começa a constituir-se uma ameaça à sustentabilidade da nossa actividade empresarial…. Estou convencido de que se a floresta nossa vizinha fosse gerida como a nossa, ficávamos facilmente abaixo dos 0,1%.”

Este valor de 0,5% (este é o valor limite, o valor real anda pelos 0,3%) de taxa de incêndio pode ser comparado com taxas médias nacionais seguramente acima de 1%, demonstrando que os eucaliptocratas (mas não toda a fileira do eucalipto, porque nos restantes 700 mil hectares de eucalipto a taxa de incêndio é maior que nas propriedades geridas pelos eucaliptocratas) contribuem para diminuir a média nacional, aplicando um conjunto de boas práticas que há anos estão identificadas, que constavam da proposta técnica de defesa da floresta contra incêndios, mas que o Estado se recusa a adoptar, com os resultados conhecidos.

“Uma floresta comercial pode ter de comprar créditos de floresta de conservação. Quem planta 10 hectares de floresta de produção tem de ter ou financiar 1 hectare de floresta de conservação. Assim, o investimento florestal comercial impulsiona a conservação da floresta. Em vez de proibir, promove-se o equilíbrio.”

Só um grande desconhecimento do problema justifica a defesa de soluções que restringem a capacidade de gestão dos territórios marginais (é isso que está na raiz do problema que temos com o fogo) em vez de soluções que aproveitam a capacidade de gestão instalada para optimizar socialmente as soluções possíveis.

É que a alternativa ao desconhecimento seria admitir que Francisco Louçã está mais preocupado em evitar os lucros futuros das celuloses (“a Esquerda deve rejeitar qualquer caminho que conduza ao benefício dos eucaliptocratas”) do que em evitar vítimas futuras dos incêndios, uma hipótese moralmente aberrante que me recuso a acreditar que seja adoptada com plena consciência do que se está a dizer.

PS: Nada do que escrevi neste artigo corresponde à defesa, ou não, da fileira do eucalipto, da sua expansão ou restrição e etc., é apenas uma discussão que se pretende racional das implicações de diferentes opções de política. Pessoalmente, empenho os meus esforços em ter mais carvalhais e matas autóctones no meu país, mas eu não dependo economicamente da floresta.

*Henrique Pereira dos Santos é arquiteto paisagista. O ECO também o entrevistou a propósito do incêndio em Pedrógão Grande.


https://eco.pt/opiniao/eucaliptocratas-diz-ele/

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Re: Incêndios
« Responder #272 em: 2017-06-30 01:05:08 »
Indústria papeleira dona de uma “pequena percentagem” da área ardida nos últimos dias

Margarida Peixoto
22 Junho 2017


Nenhum dos terrenos atravessados pela chamada "estrada da morte" pertencia às empresas associadas da CELPA, garante fonte oficial ao ECO.

As maiores empresas da indústria papeleira — Altri, Celbi, Celtejo, Caima, Altriflorestal, Europac, The Navigator e Renova — são donas de “uma pequena percentagem” da área ardida nos últimos dias nos distritos de Coimbra, Leiria e Castelo Branco. Contudo, nenhum dos terrenos atravessados pela chamada “estrada da morte” pertencia a estas empresas, revelou fonte oficial da associação do setor, ao ECO.

“As associadas da CELPA [Associação da Indústria Papeleira] têm propriedades nos distritos referidos [de Coimbra, Leiria e Castelo Branco]. Podemos confirmar que algumas dessas áreas também foram atingidas pelos fogos. Todavia, apesar de ainda não podermos apresentar números exatos, estamos em condições de confirmar que é uma pequena percentagem da área total ardida”, explicou fonte oficial.

Sobre os terrenos atravessados pela chamada “estrada da morte”, a Nacional 236, que liga Figueiró dos Vinhos a Castanheira de Pera, a associação garante que não pertenciam a nenhuma das suas associadas.

Das associadas da CELPA, a Renova não tem floresta. Já o Grupo Altri e a The Navigator Company têm floresta de várias espécies, mas na maior parte é eucalipto. A Europac tem uma área muito reduzida de pinho, mas não tem nada naquela zona.

Confrontada pelo ECO, a CELPA garante que as regras do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra incêndios são “seguidas rigorosamente pela indústria” e que a distância de segurança entre a floresta e a estrada “é sempre cumprida”.

No âmbito da AFOCELCA — um corpo de sapadores florestais privado, criado pela Altri e a The Navigator, para proteger as florestas das empresas, mas que desde 2005 integra o dispositivo nacional de defesa da Proteção Civil — a indústria está a colaborar no combate aos fogos que ainda lavram no Centro do país. Aliás, “cerca de 85% do combate feito pela AFOCELCA é fora das propriedades sob sua gestão”, adianta a mesma fonte.

Geralmente, os meios disponibilizados pela AFOCELCA consistem em três helicópteros ligeiros, cada um com uma equipa de combate de cinco sapadores florestais; 38 unidades de prevenção e vigilância, compostas por três sapadores com equipamento de primeira intervenção, e 18 equipas de combate terrestre com seis elementos operacionais num veículo semi-pesado.

Nos fogos de 2015, o último ano para o qual há dados disponíveis, arderam 700 hectares das empresas associadas da CELPA (Grupo Altri e The Navigator Company), o que corresponde a 0,4% das áreas que tinham sob gestão, explica a associação. Nesse ano, a AFOCELCA investiu 3,3 milhões de euros em ações de prevenção dos incêndios — controlo de vegetação, limpeza de caminhos e aceiros e manutenção e construção de rede viária e divisional. As ações incidiram sobre uma área de 29,3 mil hectares, o equivalente a 18% do território gerido pelas empresas associadas.


https://eco.pt/2017/06/22/industria-papeleira-dona-de-uma-pequena-percentagem-da-area-ardida-nos-ultimos-dias/

meopeace

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Re: Incêndios
« Responder #273 em: 2017-06-30 01:17:23 »
Parlamento pede ao Governo pareceres que recebeu sobre a reforma da floresta

O grupo de trabalho reuniu esta segunda-feira pela primeira vez e solicitou com urgência ao Ministério da Agricultura os pareceres recebidos durante a consulta pública. Até 5 de Julho vão ser ouvidas 46 entidades, algumas delas por escrito.

Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt
27 de junho de 2017 às 10:31


O Parlamento pediu ao Governo que enviasse, com urgência, todos os pareceres e contributos que recebeu durante a fase de consulta pública dos projectos de diploma que constituem o pacote para as florestas. O objectivo é começar logo por "verificar até que ponto as propostas têm em conta os vários pareceres", explicou ao Negócios  Maurício Marques, deputado do PSD e coordenador do grupo de trabalho constituído para agilizar a reforma da floresta.
 
O grupo de trabalho reuniu esta segunda-feira, 26 de Junho, pela primeira vez, e determinou já a lista de entidades que vão ser ouvidas e o primeiro calendário. Serão quase cinco dezenas e algumas poderão prestar o seu depoimento por escrito, se assim o preferirem e dado o curto espaço de tempo que têm, explica Maurício Marques. Noutros casos, e porque o tempo é curto, haverá audições em grupo.
 
As primeiras audições arrancam já esta quinta-feira, com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a AFOCELCA. Esta última é uma estrutura criada pelos grupos 'The Navigator Company', e Altri, que combate incêndios florestais nas propriedades das empresas, mas também faz parte da estrutura de combate aos fogos, daí a importância em ser ouvida, refere o coordenador do grupo de trabalho.
 
Na sexta-feira haverá novamente audições, com associações e confederações ligadas à agricultura e às florestas, e os trabalhos prosseguem na próxima semana, com os deputados a ouvir a academia – irão ao Parlamento especialista da Universidade da Beira Interior, das escolas superiores agrárias de Castelo Branco e de Coimbra, e do Instituto Superior de Agronomia, entre outros.
 
Serão também ouvidos os bombeiros, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e os ministros da Agricultura e da Administração Interna.
 
"O calendário é muito apertado", e última audição terá de decorrer no dia 5 de Julho. Depois disso, os vários partidos terão até dia 11 para apresentarem propostas de alteração aos projectos que estão em cima da mesa, explicou ainda Maurício Marques.
 
O processo legislativo deverá ficar concluído até 19 de Julho, com a votação final global.


http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/agricultura-e-pescas/detalhe/parlamento-pede-ao-governo-pareceres-que-recebeu-sobre-a-reforma-da-floresta

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Re: Incêndios
« Responder #274 em: 2017-06-30 01:21:48 »
Agora todos percebem de eucaliptos, uns a defender outros contra. Ao fim e ao cabo ninguém sabe do que fala, é um mero exercício debalde de ginástica mental, para não dizer outra coisa. Há testes a decorrer para introdução em Portugal de uma espécie originária da Ásia, chamada paulónia, que tem crescimento mais rápido que o eucalipto, com a vantagem da temperatura de auto-ignição ser de 420ºC, comparável ao carvalho e sobreiro. O eucalipto e pinheiro-bravo entram em auto-ignição aos 200ºC. Também dá para a pasta de papel.

O JMF não se lembrou desta, ou se calhar lembrou, mas não servia para destilar azedume sobre o sr. L. e as moças do Bloco.

Uma dissertação da UA sobre o assunto: https://ria.ua.pt/bitstream/10773/3117/1/2010000172.pdf

Reg

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Re: Incêndios
« Responder #275 em: 2017-06-30 01:51:19 »
Agora todos percebem de eucaliptos, uns a defender outros contra. Ao fim e ao cabo ninguém sabe do que fala, é um mero exercício debalde de ginástica mental, para não dizer outra coisa. Há testes a decorrer para introdução em Portugal de uma espécie originária da Ásia, chamada paulónia, que tem crescimento mais rápido que o eucalipto, com a vantagem da temperatura de auto-ignição ser de 420ºC, comparável ao carvalho e sobreiro. O eucalipto e pinheiro-bravo entram em auto-ignição aos 200ºC. Também dá para a pasta de papel.

O JMF não se lembrou desta, ou se calhar lembrou, mas não servia para destilar azedume sobre o sr. L. e as moças do Bloco.

Uma dissertação da UA sobre o assunto: https://ria.ua.pt/bitstream/10773/3117/1/2010000172.pdf
isto tudo se resume a isto;

comunistas gostam mais pinheiro bravo  plantado pelo  Salazar e pouco zero  eucalipto representa minifundio burgues capitalista
« Última modificação: 2017-06-30 01:52:07 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

Automek

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Re: Incêndios
« Responder #276 em: 2017-06-30 07:41:02 »
Visitante, onde vives?

Sou provinciano. Os eruditos moram em Lisboa. Um dia um embaixador disse que o único sítio de Portugal onde se conseguia viver era Cascais, PQP.
O que não falta em Lisboa é gente da província que perante duas opções, completamente livres, entre viver na província ou viver em Lisboa, escolheram a última.
Deveríamos obrigar essas pessoas a voltar para de onde vieram ? Mais ou menos como se faz na escola e no centro de saúde em que lhe dizemos "você pertence a X". É só mesmo isso que nos falta para acabar com o resto da pouca liberdade que ainda temos do estado.

Automek

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Re: Incêndios
« Responder #277 em: 2017-06-30 07:43:15 »
Agora todos percebem de eucaliptos, uns a defender outros contra. Ao fim e ao cabo ninguém sabe do que fala, é um mero exercício debalde de ginástica mental, para não dizer outra coisa. Há testes a decorrer para introdução em Portugal de uma espécie originária da Ásia, chamada paulónia, que tem crescimento mais rápido que o eucalipto, com a vantagem da temperatura de auto-ignição ser de 420ºC, comparável ao carvalho e sobreiro. O eucalipto e pinheiro-bravo entram em auto-ignição aos 200ºC. Também dá para a pasta de papel.

O JMF não se lembrou desta, ou se calhar lembrou, mas não servia para destilar azedume sobre o sr. L. e as moças do Bloco.

Uma dissertação da UA sobre o assunto: https://ria.ua.pt/bitstream/10773/3117/1/2010000172.pdf

O artigo que o meopace deixou do é bastante bom porque tem a visão de quem tem de tomar conta do que é seu (leia-se dos malditos eucaliptos). E que tem a área ardida como um dos KPIs do seu negócio que podem mudar, por completo, a rentabilidade de um investimento.

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Re: Incêndios
« Responder #278 em: 2017-06-30 10:30:25 »
Visitante, onde vives?

Sou provinciano. Os eruditos moram em Lisboa. Um dia um embaixador disse que o único sítio de Portugal onde se conseguia viver era Cascais, PQP.
O que não falta em Lisboa é gente da província que perante duas opções, completamente livres, entre viver na província ou viver em Lisboa, escolheram a última.
Deveríamos obrigar essas pessoas a voltar para de onde vieram ? Mais ou menos como se faz na escola e no centro de saúde em que lhe dizemos "você pertence a X". É só mesmo isso que nos falta para acabar com o resto da pouca liberdade que ainda temos do estado.

Os que vieram estão mais ou menos instalados nas cidades. A ir para lá terá de ser gente jovem, já da terceira geração, netos dos que iniciaram o êxodo, gente formada e sem complexos de ruralidade. Esta terceira geração está ofegante por arranjar emprego nas cidades. Com incentivos eles vão, há uma imensidão de território a uma hora dos grandes centros que será o primeiro a ser ocupado. Terão uma qualidade de vida muito superior à que têm na grande cidade, e os seus filhos também. Porque não ter escolas de qualidade no interior? O MIT é no interior.



Automek

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Re: Incêndios
« Responder #279 em: 2017-06-30 13:06:57 »
As escolas de qualidade não sei a que te referes. Se é a instalações, há coisas boas no interior. Se é a classificações, isso vem da matéria prima (alunos + professores). Não se criam por decreto. Idem para cuidados de saúde (instalações razoáveis mas cheios de médicos espanhóis que não conseguiram emprego em Espanha ou de colombianos e cubanos importados).

Eu, se bem percebi a tua tese, o estado deve ser a locomotiva. Ou seja, criar condições para as pessoas se fixarem, nomeadamente criar estruturas de escolas, de saúde, ligações viárias (que já são razoáveis), ordenamento do território, assumindo que depois o resto vai atrás. É isto ?

Eu compreendo o teu ponto de vista mas, caramba, esta discussão começou com aldeias de 30 pessoas isoladas no pinhal (agora eucaliptal). Há limites para tudo. O estado não pode ter uma escola para 3 alunos. Um centro de saúde para 10 consultas diárias. Um hospital para exames em todas as vilas. Ou uma estrada para chegar a todos os pontos (isso até temos com os resultados que sabemos).

Há limites à dispersão que podemos suportar.