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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3507248 vezes)

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #10660 em: 2015-10-06 17:53:10 »
A ideia de taxar bens de luxo com mais impostos nao é má, mas o beneficio trazido por isso em montante tambem nao faria grande diferenca. A melhor ideia ainda seria harmonizar e otimizar os impostos de forma a que os capitais nao fugissem dos países. Not an easy task though.

Taxar bens de luxo sem ser na Europa toda só vai levar a perdas de emprego para os vender em Portugal.

O que eu queria dizer era por exemplo, nao vale a pena taxar um yacht de 30 metros com impostos brutais, uma bez que se vende 1 ou dois por ano. Alem disso quem os compra ca nem os regista ca. Uma ideia porreira era fazer o inverso precisamente. Era dar condicoes beneficas neste sentido ate para chamar estrangeiros e uma vez que geograficamente portugal é perfeito para isso. Quem diz yachts diz avioes tambem

O pessoal de esquerda não consegue pensar dessa forma tão complexa.

Porque é que tu queres favorecer os ricos, hein? HEIN?
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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VladIII

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Re: Portugal falido
« Responder #10661 em: 2015-10-06 18:04:20 »
Ha varias formas de captar capital.
Portugal precisaria de optar por aí, por este tipo de via.
Os golden visa foram uma ideia. Mas muito ha para fazer nesse sentido.
Outra coisa que puxaria tambem era modernizar uma zona da cidade, com arranha ceus espelhados. Tem um efeito enorme isso.
Albergar avioes e barcos poderia ser significativo. Ganhar-se-ia mais albergando varios estrangeiros e uns 30 portugueses do que nao albergar nada e estar preocupado com os 30 portugueses.
Ha muita coisa que poderia ser feita.
A alemanha tambem tem de perceber que apesar das normas e nao sendo portugal um pais um grande industria, tera de aproveitar todos os nichos possiveis. Se nao aceitarem, eh fazer na mesma e pagar a multa.

Deus Menor

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Re: Portugal falido
« Responder #10662 em: 2015-10-06 20:03:12 »
Ha varias formas de captar capital.
Portugal precisaria de optar por aí, por este tipo de via.


Muitos teimam em ostracizar os ricos, eu gostava de estar rodeado de milionários , alguma coisa haveria de sobrar
para mim. :)

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #10663 em: 2015-10-06 22:15:09 »
C´órror. Gajos ricos a passearem nos seus Bentleys ao lado do pessoal com o Dacia Sendero ? Isso é anti-constitucional pelo principio da igualdade.

VladIII

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Re: Portugal falido
« Responder #10664 em: 2015-10-06 22:35:12 »
Ehehhe.
Bem os bentleys entram naqueles volumes de preco que mesmo quem os pode comprar, compra-os na mesma. Nesse caso o mercado funciona bem. A mexer nos carros dessa gama seria apenas no imposto de circulacao. Se fosse para o dobro ou triplo, quem compra bentley continuaria a compra-los

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #10665 em: 2015-10-22 09:04:07 »
Fui reportar um buraco em Lisboa no portal da câmara. Nas opções pedem para escolher se o buraco é betuminoso ou cubo. Se lá está aquela opção é porque deve ser uma coisa absolutamente óbvia para qualquer pessoa. Menos para mim. Sinto-me um completo bronco quando tenho de lidar com o estado. Escolhi ao acaso.

tommy

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Re: Portugal falido
« Responder #10666 em: 2015-10-22 09:33:52 »
Fui reportar um buraco em Lisboa no portal da câmara. Nas opções pedem para escolher se o buraco é betuminoso ou cubo. Se lá está aquela opção é porque deve ser uma coisa absolutamente óbvia para qualquer pessoa. Menos para mim. Sinto-me um completo bronco quando tenho de lidar com o estado. Escolhi ao acaso.

Será que eles se referem à possibilidade de o buraco no pavimento ser devido ao desgaste pela passagem de viaturas/movimentação de terras/chuvas; ou se o buraco é apenas uma caixa de visita de abastecimento de água/eletricidade/telecomunicações/esgotos que ficou sem a tampa?

 ???

Zakk

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Re: Portugal falido
« Responder #10667 em: 2015-10-22 09:52:03 »
querem saber se o piso é de cimento, "piche", ou paralelo

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #10668 em: 2015-10-22 10:10:15 »
querem saber se o piso é de cimento, "piche", ou paralelo
Ah, deve ser isso. É referente ao pavimento e não ao buraco.
Porra, custava muito meter aquilo em linguagem mais normal, para boncos como eu, tipo alcatrão / paralelos ? Acho que sempre se percebia melhor do que betuminoso / cubos.

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #10669 em: 2015-10-22 10:10:35 »
Outra coisa é que quando se procura por exemplo av da liberdade ou av. da liberdade a pesquisa diz que não existe. tem de se pesquisar exactamente por avenida da liberdade (ou apenas liberdade para ver o que existe). O mesmo acontece para Rua em que se abreviar com R ou com R. não dá nada. Tem mesmo que se escrever Rua.

Há strings que a pesquisa podia facilmente ter incorporada por serem de bastante utilização pelas pessoas como é o caso de Av, Av., R., R, etc.

Thunder

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Re: Portugal falido
« Responder #10670 em: 2015-10-22 10:42:44 »
Eu também interpreto que seja para distinguir entre paralelo e asfalto.
Mas concordo contigo Automek, podia estar escrito duma maneira fácil de entender e não dessa forma "macarrônica".
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Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #10671 em: 2015-10-22 14:07:39 »
A propósito deste comentário do Inc que achei genial:  :D

Isto lembra-me que o outro dia num atendimento do Estado me pediram um documento. A inovação não foi de me pedirem um documento de outra parte do Estado. Naquele caso, pediram-me um documento emitido por aquele mesmo serviço, naquele mesmo local, dois anos antes.

Eu já não ia à médica de família há 3 anos e ligaram-me para marcar uma consulta para não perder o direito ou lá o que é. Enfim, fui lá mostrar que estou vivo, pesou-me, mediu-me a tensão e prescreveu-me umas análises de rotina (e para a consulta demorar mais do que cinco minutos, aproveitei e fiz umas perguntas sobre o testamento vital).

O melhor é que antes da consulta demorei 25 minutos para dar entrada no balcão administrativo. Não percebo como é que operações simples demoram tanto tempo.

E pior. Eu sabia que como dador de sangue tinha uma isenção qualquer de tx moderadoras nos centros de saúde. Mostrei o cartão e diz-me ela: ah, não, o cartão de dador não serve porque não temos leitor de cartão para saber se fez uma dádiva no últimos 12 meses (condição para isenção). O senhor tinha já de trazer uma declaração do serviço onde deu sangue. Se quiser venha cá depois que devolvemos a taxa (está-se mesmo a ver que vou fazer isso...  ;D).

Mas melhor ainda, se eu entregar esse papel eles têm de ficar com ele para auditoria (para mostrar o porquê da não cobrança). Mas como eu posso precisar da declaração para nova consulta eles, em troca do meu papel, emitem outro papel.  :D

Então se há essas isenções ou lá o que é, não podiam carregar isso no próprio número do utente, sem necessidade de mais nada ? Mas não. Um gajo tem o cartão do cidadão, tem um cartão de dador de sangue e em cima do cartão ainda têm de emitir mais a porra de uma declaração qualquer a dizer que deu sangue porque nada cruza com nada.
Depois dizem que os FPs são poucos para o trabalho. Há é muito trabalho no estado que nem devia existir.

Deus Menor

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Re: Portugal falido
« Responder #10672 em: 2015-10-22 14:34:26 »

E pior. Eu sabia que como dador de sangue tinha uma isenção qualquer de tx moderadoras nos centros de saúde. Mostrei o cartão e diz-me ela: ah, não, o cartão de dador não serve porque não temos leitor de cartão para saber se fez uma dádiva no últimos 12 meses (condição para isenção). O senhor tinha já de trazer uma declaração do serviço onde deu sangue. Se quiser venha cá depois que devolvemos a taxa (está-se mesmo a ver que vou fazer isso...  ;D).



Também sou dador e sabes que os dados não estando cruzados o cartão de dador
não serve.
Não custa muito entregar 1 vez por ano a declaração no Centro de Saúde.
Outro pormenor, convém guardar uma cópia para apresentar nos locais
que não têm sistema atualizado.

Toda esta burocracia do Estado visa a uma estratégia:

- maximizar o income ( impostos) e minimizar o outcome ( tornar difícil
o usufruto de direitos)

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #10673 em: 2015-10-22 14:38:52 »
Pois, agora já sei como funciona o "esquema" burocrático. Mas também, para dizer a verdade, nem vou perder tempo com isto a não ser que venha a ter problemas de saúde. Ter de andar com papeis, entregar papeis e o raio que os parta é coisa que me complica os nervos. Também já lá não ia há 3 anos de qualquer das formas e espero não ir lá tão depressa (knoc, knoc).

Deus Menor

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Re: Portugal falido
« Responder #10674 em: 2015-10-22 14:40:28 »
Pois, agora já sei como funciona o "esquema" burocrático. Mas também, para dizer a verdade, nem vou perder tempo com isto a não ser que venha a ter problemas de saúde. Ter de andar com papeis, entregar papeis e o raio que os parta é coisa que me complica os nervos. Também já lá não ia há 3 anos de qualquer das formas e espero não ir lá tão depressa (knoc, knoc).

Eu penso ao contrário, tenho tudo em ordem para no caso de ser preciso
estar descansado ;)

pedferre

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Re: Portugal falido
« Responder #10675 em: 2015-10-22 15:17:31 »
E eu estou a espera que o estado me devolva 12 mil euros de mais valias da casa.
Em 2010 vendi casa, em 2012 comprei casa de novo na qual apliquei as mais valias da primeira, no verão de 2014 (julho) recebi uma carta do fisco a dizer que como não tinha reinvestido as mais valias da venda tinha de pagar 12 mil euros, fui la e explicaram que como me casei no final desse ano, o sistema informatico tinha descartado na minha entrega de irs o pedido de reinvestimento, no mês seguinte (agosto) apresentei uma reclamação graciosa... que me disseram que so iam analisar lá para o final do ano, em outubro mandaram uma carta a ameaçar penhorar a casa se não paga-se os 12 mil euros, logo tive de pagar...
Em dezembro responderam a minha reclamação graciosa a dizer que apenas dava um parecer favorável parcial porque como tinha pedido um credito complementar para pagar o IMT e impostos de sisa da casa, iam abater essa verba ao valor do dinheiro que reinvesti na casa (assim perdia 3 mil euros), meti o caso em caso em tribunal que me deu razão no verão de 2015.
Já transitou em julgado e agora vou ter de ficar a espera que o estado me devolva a massa, mas já liguei para lá e o departamento juridico diz que o estado paga só quando quiser, não existem datas obrigatórias para devolver o dinheiro as empresas e contribuintes... benvindos à Republica das bananas.

P.S: entretanto estou todos os meses a pagar juros ao banco por causa do emprestimo que tive de fazer para pagar as "mais valias" e estes juros o estado nunca me vai devolver :)

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Re: Portugal falido
« Responder #10676 em: 2015-10-22 15:28:06 »
Até efectuarem a transferência têm que pagar juros de mora, à taxa actual de 5,476%.
http://ind.millenniumbcp.pt/pt/geral/fiscalidade/Pages/atualidades_legais/2015/jan_2015/Juros-de-mora-nas-dividas.aspx
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

pedferre

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Re: Portugal falido
« Responder #10677 em: 2015-10-22 15:36:24 »
Nos é que pagamos 5,5% por dividas ao estado em demora, o estado para nos pagar de volta paga quanto muito a euribor, pelo menos é o que acho.

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Re: Portugal falido
« Responder #10678 em: 2015-10-22 15:39:14 »
Foi publicada a taxa dos juros de mora aplicáveis às dívidas do Estado e outras entidades públicas, a qual para 2015, foi fixada em 5,476% (a taxa anterior era de 5,535%).
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

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Re: Portugal falido
« Responder #10679 em: 2015-10-22 15:42:05 »
Eu interponho com este artigo. :)

Fisco tem atrasado o pagamento a muitos contribuintes que ganham processos em tribunal. Contribuintes que ganham processos fiscais podem ficar anos à espera dos pagamentos do Estado, dizem os fiscalistas. A alternativa é recorrer novamente aos tribunais.

A 15 de Junho de 2014, um tribunal anulou uma liquidação de cerca de 600 mil euros que o Fisco tinha feito a uma empresa. Como a empresa tinha pago o valor em questão, o Estado tem de devolver o montante e com juros. Mas o dinheiro ainda não foi entregue, apesar de o prazo para o Estado o fazer ter terminado em Setembro de 2014. Só em juros indemnizatórios a contabilização já ultrapassou os 25 mil euros.

Este é um exemplo dos atrasos nos pagamentos que o Estado tem de fazer aos contribuintes quando estes ganham processos em tribunal, segundo os fiscalistas ouvidos pelo Diário Económico. "O Estado, que é tão célere a penhorar, tem de cumprir também as suas sentenças", afirma o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Vasco Valdez. "O contribuinte é esmagado e o Estado não paga", acusa. "Está atingir sinais de total desrespeito pelos contribuintes", alerta. A alternativa é colocar nova acção nos tribunais, sobrecarregando-os novamente, explicam os fiscalistas.

O Ministério das Finanças não forneceu dados sobre o tempo médio de pagamento aos contribuintes, nem actualizou o número de processos que ganha em tribunal. Contudo, dados do Governo de anos anteriores revelam que, em primeira instância, já ganha mais processos em tribunal do que perde.

Os prazos que têm de ser cumpridos

A lei dá 30 dias, depois de a sentença ter transitado em julgado, para que o Estado cumpra de forma voluntária as decisões que impliquem o pagamento de quantia certa, como o reembolso do imposto indevidamente pago num processo que o contribuinte acabou por vencer, por exemplo.

Por outro lado, o fiscalista Samuel Fernandes de Almeida explica que a lei estabelece um outro prazo de três meses para o cumprimento de decisões que determinem a reposição da legalidade em função da anulação de um acto administrativo - é o caso da anulação de uma liquidação que obrigue à reposição e alteração do reporte de prejuízos. Repor a legalidade tributária implica repor a situação tributária como se não tivesse ocorrido o acto que foi anulado pelo tribunal. Assim, e além do reembolso do imposto pago indevidamente, o tribunal pode obrigar o Estado a pagar juros moratórios ou indemnizatórios.

Os fiscalistas ouvidos, no entanto, são unânimes e asseguram que estes prazos não são cumpridos pelo Estado e a situação ocorre também com as decisões dos processos de arbitragem tributária - instrumento criado para tentar aliviar os tribunais e cujo prazo de decisão é mais rápido do que o que se verifica nos tribunais. O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rogério Fernandes Ferreira, também identifica o problema: a demora no cumprimento das decisões judiciais "tende a ser significativa, em especial, nos processos cujo montante é mais elevado".

Fonte que não quis ser identificada aponta que "o Estado não paga e, quando o faz, muitas vezes não paga os juros devidos", obrigando os contribuintes a interpor novo processo para o pagamento dos juros.

A mesma fonte explica que há três problemas que podem agravar os atrasos: o tempo que os funcionários, que representam o Estado, demoram a comunicar a sentença, os atrasos no serviço que emite o documento para pagamento e os atrasos dos serviços que fazem de facto os pagamentos aos contribuintes.

Para o fiscalista Samuel Fernandes de Almeida, o cenário piorou desde o terceiro trimestre do ano passado. O especialista defende que "apesar do incumprimento de decisões judiciais poder determinar a responsabilidade civil, disciplinar e mesmo criminal dos funcionários que ilegitimamente não executem decisões judiciais condenatórias, trata-se de uma prática corrente da nossa Administração" que "acaba por efectuar uma gestão de tesouraria à custa dos contribuintes".

Mais processos em tribunal

Perante o incumprimento do Estado, os contribuintes podem colocar novas acções em tribunal: as chamadas acções judiciais de execução de julgado, que devem ser interpostas no prazo máximo de seis meses a contar do fim do prazo legal de execução voluntária. "Isto aumenta, naturalmente, a litigância obrigando o contribuinte a um novo processo judicial para garantir os efeitos da primeira decisão", critica Rogério Fernandes Ferreira.

O fiscalista Silvério Mateus assinala que nos últimos anos o Estado tem visto o seu poder de intervenção na cobrança de impostos reforçado e esperava-se que os direitos dos contribuintes também fossem reforçados. "Mas não é isso o que tem acontecido", adverte. E há vários exemplos que o confirmam como o que acontece, "com frequência", em que "as sentenças dos tribunais que dão razão aos contribuintes não são cumpridas dentro dos prazos legais para esse efeito".

O fiscalista aponta ainda que há situações em que os serviços fiscais avançam com liquidações e penhoras "que, no mínimo, pisam o risco da legalidade ou são mesmo manifestamente ilegais e quando confrontados com a inconsistência das suas decisões pura e simplesmente dizem para os interessados reclamarem ou irem para os tribunais". "E os tribunais são obviamente sobrecarregados com processos relativos a situações que podiam e deviam ser decididas em sede administrativa", acrescenta.

Questionado o Ministério das Finanças não respondeu às questões colocadas.

Passos elogia funcionários da AT
O primeiro-ministro elogiou ontem os funcionários da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) pelo "prestígio" dado à instituição e salientou a "eficácia" na máquina fiscal portuguesa. Passos Coelho realçou a importância de uma máquina fiscal desenvolvida para que o Estado tenha "condições e recursos" para responder aos problemas do país.