Depois não me surpreende que os eletricos descarrilem, as pessoas moram queimadas em Pedrogão Grande, os helicopteros batam em torres sem iluminação, as estradas caiam para dentro de pedreiras, etc...
Que tristeza de país e de governantes.
A CP decidiu que vai fazer uma parte da manutenção dos seus comboios mais tarde do que o que estava inicialmente programado. A fabricante das automotoras não se pronunciou sobre esta decisão. Já a empresa nacional defende que fez um estudo prévio que assegura a rectidão da decisão. O caso, que é relatado esta segunda-feira pelo jornal Público, já levou à demissão de um director que se opôs à medida.
Segundo o programa de manutenção, a cada 1,7 milhões de quilómetros percorridos, as unidades triplas eléctricas (UTE) deveriam recolher às oficinas para a manutenção avaliar se os rodados estão em condições de voltar aos carris ou se precisam de substituição ou tratamento. Contudo, a CP, presidida por Carlos Gomes Nogueira (na foto), decidiu que essa manutenção obrigatória só terá de ser feita a cada 2 milhões de quilómetros. Mais 300 mil quilómetros depois.
Ou seja, há um atraso do ciclo de manutenção, o que permite que as automotoras cumpram mais serviço sem interrupções – e a CP tem sido alvo de críticas por supressões de linhas. Como escreve o Público, estas automotoras asseguram o serviço Tomar – Lisboa, e várias linhas regionais (Norte, Beira Alta, Baixa, Figueira da Foz-Coimbra).
A empresa - que tem enfrentado greves dos seus trabalhadores - disse ao Público que a alteração "foi, evidentemente, alvo de estudo e avaliação prévia, tendo sido cumpridos todos os requisitos regulamentares determinados para as alterações de natureza técnica ou operacional no sistema ferroviário". "Esta alteração não coloca em causa a segurança da operação ou dos passageiros", concluiu a CP.
Segundo conta o Público, o director de material da companhia de comboios, José Pontes Correia, insurgiu-se contra esta decisão da empresa. Considera que esta gestão da manutenção poderá mesmo colocar em causa a segurança dos passageiros, até porque, diz o jornal, a decisão foi tomada com critérios pouco exigentes. A fabricante do material, a Alstom, não foi ouvida pela administração. Pontes Correia acabou demitido, tendo sido exonerado este mês. Sobre esta demissão, a CP não se pronuncia.
A CP tem sido alvo de sucessivos aumentos de capital ao longo dos últimos anos. Este ano, o accionista Estado já injectou cerca de 78 milhões de euros, depois de um período de quatro anos em que a colocação de capital superou já a fasquia de mil milhões de euros.
A administração comandada por Carlos Nogueira foi eleita como tendo como prioridades, definidas pelo Ministério das Infraestruturas, "o desenvolvimento de uma política que contribua para a coesão territorial do país, a renovação estratégica do material circulante e a reestruturação orgânica da empresa".