AI
nao resolve facto
De seguida, é urgente perceber que não existe igualdade no plano individual. Apenas desigualdade. Só é possível perceber a igualdade se subirmos dois níveis: o primeiro, os países (que também são desiguais) e, segundo, a espécie. Consequentemente, só quando observamos «a humanidade» é que deixamos de distinguir os indivíduos. Neste contexto, evoco Aldous Huxley, cujas palavras aparentam readquirir pertinência no tempo presente: “que todos os homens são iguais é uma proposição à qual, em tempos normais, nenhum ser humano sensato deu, alguma vez, o seu assentimento. Um homem que tem de se submeter a uma operação perigosa não age sob a presunção de que tão bom é um médico como outro qualquer. (…) E quando são precisos funcionários públicos, até os governos mais democráticos fazem uma seleção cuidadosa entre os seus cidadãos teoricamente iguais. Em tempos normais, portanto, estamos perfeitamente certos de que os Homens não são iguais. Mas quando num país democrático, pensamos ou agimos politicamente, (…) procedemos como se estivéssemos certos da igualdade dos Homens”.
politica igualdade
vida real tudo desigual
O reparo que pode ser feito às palavras de Huxley é que António Costa convive bem com a suspeita do partido socialista (PS) agir como uma agência de emprego para os seus militantes. Nem dentro do universo dos militantes socialistas é feita uma selecção criteriosa para os lugares que vão ocupar no Estado.
Por fim, a fraternidade, que pode ser perspectivada como a tradução da harmonia que possibilita um meio para ultrapassar o estado da natureza. Kant, se nos abstrairmos duma perspectiva integralmente idealista, é uma referência.
Transpostos para uma Constituição, estes valores – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – permitem aos cidadãos perceberem os limites da sua acção, a igualdade da sua condição diante a lei e as regras da convivência social. Por outras palavras, é pela e perante a lei, no plano da cidadania, que as características individuais, embora reconhecidas, são tratadas do mesmo modo e que idênticas oportunidades de realização do desigual potencial individual são facultadas a todos os cidadãos.