Automek, eu já disse que em caso de funcionar, não me importo nada que seja em forma de cheque saúde. Aliás, no interior (onde também nasci e cresci) há clínicas privadas em concorrência com o Estado, ninguém impede que abras um hospital privado nessas cidades do interior em competição com os hospitais do Estado. Porque não o fazem, se em Lisboa fazem?
Não o fazem porque não há mercado na província. Porque para ser saúde "gratuita" o estado obriga as pessoas a irem aos seus hospitais. O que acontece em Lisboa é que, apesar dos hospitais "gratuitos" do estado, mesmo assim há um mercado suficiente de pessoas que abdicam dessa saúde "gratuita" e vão pagar ao privado.
Não creio que haja mercado suficiente para viabilizar dois hospitais ou duas universidades numa cidade do interior, mas é apenas uma opinião, não sou nenhum especialista, nem nada que se pareça. É apenas senso-comum.
O meu senso comum aquilo que me me diz é que há um mar de gente insatisfeita com os serviços do estado e se há muitas listas e filas de espera, é óbvio que há um enorme mercado insatisfeito que não tem alternativa porque o estado apenas permite a saúde "gratuita" nos seus serviços. Ao não permitir que a pessoa se trate, via cheque saúde, em qualquer lado, claro que vai logo castrar à nascença a concorrência.
Nada disto é a invenção da roda. Basta ir a França ou à Holanda.
Eu não defendo o monopólio do Estado, mas sim que o Estado forneça um serviço público à população, principalmente onde não interessa aos privados. Isso para mim é que é importante, e da forma o mais eficiente e menos discriminatória possível.
Fornecer não implica ter de ser público.
Quanto às telecoms então estás a concordar comigo. É necessário que o Estado forneça um serviço de comunicação às pessoas a quem o mercado não consegue corresponder. Não fosse a PT estatal ter criado a infra-estrutura telefónica pelo país todo e haveria certamente aldeias sem telefone. Para não falar de internet. Mas atenção, o Estado para mim só tem que garantir a infraestrutura, e depois alugar aos privados para a explorarem em competição, se estes estiverem interessados. O mesmo para a REN. Não defendo que a EDP seja pública, mas a REN sim. Pelo menos maioritariamente, com controlo efectivo, para garantir acesso a todos.
Bom exemplo esse da REN. A REN é privada há muitos anos e ainda não me faltou a luz em casa. A regulação faz-se por via contratual e não pela propriedade.
No caso da PT o estado não tem de ter coisa alguma, tal como não tem. Apenas tem de concessionar uma rede existente (ou concessionar a construção de uma nova, se necessário) e fazer com que o contrato obrigue ao cumprimento do serviço público (que é o que acontece). O preço da concessão já vai reflectir essa obrigação.
Temos bancos, electricidade, combustíveis, telecoms, tudo serviços essenciais e tudo sem monopólio e sem propriedade do estado. Inacreditável, não é ?