Sonetos, poemas, epopeias poderiam ser todos opcionais, tal como pintura, escultura e afins.
Eu também acho bem que o ensino promova a diversidade, mas de uma forma diferente: quem mostre uma aptidão muito elevada para algo, deveria ver essa aptidão desenvolvida (se o quisesse). Mas não se deveria enfiar pela goela, e muito menos avaliar o conhecimento sobre, coisas opcionais.
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Ninguém critica Saramago, ou o Manoel de Oliveira, pelo que se acha das obras do mesmo. Critica-se sim pela forma como foram financiadas (basicamente roubando aos restantes cidadãos. coercivamente, para algo altamente opcional e subjectivo).
Também achas que as diversas matérias da disciplina de matemática deviam ser opcionais? Ou de Ciências da Natureza? Ou de História? Mesmo educação física, lembro-me bem que por nós apenas jogávamos futebol e as miúdas ginástica. Devia ser assim? Não deve ser imposta a aprendizagem de outros desportos? Não deve ser fomentada a diversidade? É isso que é aprender, ver, ouvir e praticar algo novo, diferente.
Não. Se quiseres ver o que pode ser opcional só tens que fazer assim. Pega em 4-5 países bastante desenvolvidos. Suiça, Singapura, EUA, Finlândia, sei lá. Verifica aquilo que todos esses países ensinam (as matérias). Aquilo que todos têm em comum é potencialmente essencial. Aquilo que varia de uns para os outros (por exemplo, os autores, em literatura), é opcional.
"imposta a aprendizagem?". A actividade física não deve ser opcional, mas qualquer desporto poderia ser opcional. Ler náo deve ser opcional, mas qualquer leitura específica pode ser. História provavelmente idem. Embora dês grande valor à história, não é de forma nenhuma garantido que aproveite ao nível de vida das pessoas saber seja o que for de história, nacional ou internacional. Eu também dou valor à história, gosto bastante de conhecer pormenores por exemplo da 1GG e da 2GG, ou história económica em geral, mas isso é no fundo curiosidade.
Por fim, para as pessoas provarem coisas novas não necessitam da escola, mas a escola pode ser um bom lugar para o fazerem. Porém, em vez de a escola ditar o que há de novo para experimentar via um programa, deveria talvez ser um espaço onde as pessoas pudessem experimentar qualquer coisa. Teria que estar estruturada para tentar providenciar isso, e não para seguir um programa rígido (falo dos "opcionais"). Depois, se fossem identificados talentos em qualquer coisa, deveria ter forma de guiar essas pessoas para desenvolver os talentos.
Porque é que a actividade física não deve ser opcional, mas o contacto com diferentes desportos para além do mainstream deve?
Bom, tal como consideras subjectivo tanta coisa, porque não considerar também subjectivo o que é um país desenvolvido? Quais os critérios? Penso até que é o próprio director do escritório da ONU para o índice de desenvolvimento humano que está a desenvolver novos critérios para melhorar esse índice, pois pode não ser o mais representativo. Em muitos aspectos os EUA não seriam um país desenvolvido. Mas bom, então os autores de Filosofia, por exemplo, por serem os mesmos reconhecidos a nível internacional por especialistas já pode ser aceitável (é uma ciência humana cujos autores leccionados são globais, em todos os países se deve aprender o Aristóteles, o Platão, o Descartes e o Kant, por exemplo). Mas a literatura portuguesa, por ser portuguesa, já não pode ser submetida ao mesmo critério? Nem a História por ser História de Portugal? E Geografia, deve ser só ensinada a global, a parte específica de cada país deve ser deixada à liberdade de cada um? Pressuponho que cada país se foque, para além da geografia global, na do seu país em concreto.
Enfim, eu pessoalmente acho que não sei tudo sobre tudo, e acho que há pessoas mais habilitadas que eu para seleccionar o que tem mais qualidade, e o que é mais relevante em cada área. No entanto, eu acho que devem ser dadas opções dentro das muitíssimas obras de qualidade de existem, e possivelmente poderiam haver muitas mais. Mas até admito que isso deve ser deixado à escolha das escolas, elas próprias têm professores de português supostamente bem preparados para fazer boas escolhas nas obras a leccionar. Deixar que sejam as crianças escolher os livros é permitir a estagnação do conhecimento naquilo que já conhecem.
Por fim, deve ser garantida uma oferta cultural variada, possivelmente sustentada por impostos de todos, heterogeneidade essa garantida com o conhecimento de facto de pessoas que conhecem cada área por serem especialistas nisso, e depois ser garantida também a liberdade de cada um, tendo uma oferta variada, escolher o que quiser para si.