“(…)Passos não é salazarista, é indiferente ao salazarismo. No fundo, Passos quer dizer a mesma coisa com a sua “união nacional”, que Cavaco com a “salvação nacional”. Ambos comparticipam de uma cultura política que menospreza o valor da diferença, das “partes” em democracia, das ideias e das políticas como interpretações distintas da mesma realidade social, ambos ocultam o papel dos interesses e das ideias em democracia, tudo aquilo que faz com que duas pessoas “igualmente informadas” não cheguem às mesmas conclusões.
O problema não é pois o uso da expressão, mas sim o pensamento que está por detrás dela: o de que o seu programa é “natural”, é a “realidade” e só gente pervertida pela “porca” da política, o pode recusar. A expressão é um apelo a que o PS se junte à “realidade”, àquilo que é a política do governo, entendida como não tendo alternativa. A pulsão pelo Único é que é preocupante, os termos e o seu uso, são apenas ignorância.”
JPP (Abrupto)